22. A Bênção de Depius

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Já havia se passado um dia desde a partida do grupo de Edward para Australis. Um homem acabaram de se posicionar na proa, agarrado a uma das cordas do navio com uma mão e mantendo uma garrafa de rum na outra. Para todos os tripulantes isso só significavá uma coisa...

— Oh, bela sereia do mar, pode vir e me levar. Sou seu e somente seu e por você vale apena até me afogar!

— Então aquele é o Jofrey? — perguntou Theomar ao capitão. — Que animado ele é.

— Você ainda não viu nada — comentou Jask. — Ele ainda está falando em rimas. O divertido é quando ele começa a falar coisas sem sentido.

— Não me deixe no altar, pois não sei se um dia vou voltar a me apaixonar! Meu coração pertence a ti, bela dama do mar!

— Eu acho que nunca enjoaria de viajar com esse cara — declarou ele o arietiano gargalhando.

— Malditos esquilos anterianos! Eles não percebem que fadas não gostam de abacate! Me dê aqueles morangos azuis e eu te mostro como fazer uma torta de sapatos.

— Acho que ele começou — disse Jask. — Agora é que fica divertido.

Naquele momento uma luz brilhou no peito de Theomar e Toris saiu, voando por cima do navio e depois pousando sobre a cabeça de seu mestre.

— A brisa do mar, que revigorante — comentou o familiar. — Já não viajavamos assim há muito tempo, não é?

— Você dormiu bem?

— Sim, uma soneca maravilhosa depois de voar por um dia inteiro.

— Liberdade para as borboletas! — continuou Jofrey. — Chega da tirania das mariposas!

— Não sei o que está havendo, mas gostei daquele cara — comentou Toris. — Eu vou até lá. — Ele voou até a proa e pousou o lado do bêbado. — Qual é o problema das borboletas?

Jofrey se virou na direção do pequeno dragão e arregalou os olhos.

— Olha o tamanho dessa gaivota, cara!

— Gaivota? Você comeu côco ou só é doido mesmo?

— A gaivota fala!

— Não sou gaivota, sua mula. Sou um dragão.

— Um dragão viaja pelo céu em plena tempestade enquanto plana! Sua fúria inconfundível declara morte a toda a raça... raça... o que era mesmo?

— Das iguanas — completou Toris.

Jofrey o encarou chocado e após um breve momento de silêncio continuou.

— Das iguanas!

— Morte às iguanas! — declarou o dragão.

— Morte às iguanas! — concordou Jofrey.

Ambos começaram a repetir aquilo como um grito de guerra até que o som de um trovão os interrompeu.

— Parece que aí vem tempestade — disse Theomar, olhando as nuvens escuras ao longe. — Onde estamos agora?

— Passamos das Ilhas Fragmentadas pouco antes do amanhecer.

— Já avançamos isso tudo? Deveria levar uma semana até chegarmos lá.

— Sou um hidromante, garoto. O controle certo dá água faz com que eu consiga fazer este navio viajar bem mais rápido que o normal.

— Eu nunca fui muito bom com água em estado líquido.

— Posso te dar umas dicas depois se quiser, em troca que tal você me dar umas sobre criomancia?

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora