43. Opressão

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A elfa e a freira se encaravam com total desprezo. Ikibaco se pôs ao lado de Arda, indicando que também participaria do combate, mas ela protestou, afirmando que alguém especialista em ataques físicos como ele não conseguira enfrentar alguém intangível.

— Mas e quanto a você? — questionou ele. — Essas espadinhas vão servir de alguma coisa?

— Espere e verá. Ei, cadê aquela vadia de véu? — perguntou reparando no sumiço de Catarina.

A freira saltou para fora do chão no exato espaço entre a elfa e o monge. Esticou cada braço em direção a um deles e ambos foram lançados para longe por uma força de repulsão avassaladora. Ikibaco atravessou um vitral e caiu do lado de fora do prédio. Arda foi aparada por quatro mãos negras que emergiram do chão, impedindo que ela sofresse o mesmo destino. Assim que retornou ao chão ela correu em direção a Catarina que já avançava contra Tatiana, esticando a mão para repelir a bruxa, mas a mesma cruzou os braços em forma de "X" imediatamente. Ao ser lançada contra a parede, criou uma bolha transparente ao redor de si que absorveu o impacto.

— Vai ficar se escondendo atrás dessa barreira? — provocou Catarina.

— Não vou ouvir isso vindo de você — rebateu.

A elfa sacou suas espadas e tentou cortar a cabeça de Catarina, mas as lâminas a atravessaram sem causar nenhum dano. Em seguida, outra corrente saiu da manga de sua oponente, também possuindo uma lâmina em sua extremidade. O pescoço de Arda quase foi perfurado, mas uma das mãos negras se colocou na frente, recebendo o golpe. Naquele momento ela notou que Solomon se retirava do local, aproveitando-se da distração provocada pela luta.

— Bruxa, siga o Solomon — declarou ela. — Ele deve estar indo até a ruivinha.

— Mas eu...

— Eu cuido das coisas aqui. — Vinte mãos negras saíram do chão ao redor de Catarina e a envolveram como um domo. — Vai! — exigiu.

— Está bem. Sabe o que fazer, não é?

— Sim, mas não prometo nada. Agora vai.

Tatiana correu até a porta pela qual Solomon havia saído e seguiu seu rastro por um corredor até que o seu alvo chegou a um beco sem saída.

— Chega de fugir, Belfegor — disse Tatiana. — Sua ilusões não vão funcionar comigo.

— Tem toda razão — disse o demônio. — A magia de um mero humano fraco comigo Solomon é inútil. Mas estou no controle deste corpo há muito tempo, o bastante para usar um pouquinho dos meus truques antigos.

De repente as paredes começaram a tremer e desabaram sobre Tatiana, cobrindo-a. Satisfeito, Belfegor sorriu e ao olhar para uma janela, ela se abriu. Ele flutuou para fora em direção a Torre de Prata.

Enquanto isso as mãos negras de Arda foram repelidas por Catarina e ela sorriu de forma debochada.

— É só isso? — disse a freira.

— Vadia persistente — comentou a elfa. — Teria sido melhor se você só deixasse o Briareu te comer.

— Briareu é um pobre coitado se comparado a mim, elfa — disse a freira. — Mas confesso que seus talentos são deveras valorosos. Por que não deixa esses humanos de lado e se junta a nós?

— É alguma piada, demônio?

— Não sou um demônio qualquer — assegurou. — Eu sou Superbus, Senhor dos Campos Inférteis.

— E isso deveria me impressionar?

— Em meu mundo de origem, meu nome é temido e respeitado. Com minha ajuda, você também o seria. O poder e influência que você poderia exercer seriam enormes. Imagine poder andar pelas ruas desta cidade sem ser julgada ou perseguida só por ser uma elfa da sombra. Aposto que é o que você gostaria. Nós podemos tornar isso realidade.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora