50. Legado

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O peito de Maxwell brilhou intensamente e de dentro dele saiu o Diamante da Justiça. Era a certeza de que ele havia partido. Íntegra a encarou por um tempo até que a tomou em mãos. As manoplas de sua armadura a impediram de entrar em contato direto.

- Por que ele? - perguntou-se ela. - É culpa minha. Se eu tivesse...

- Pare, Íntegra - disse Theomar pondo a mão em seu ombro. - Só existe uma culpada e vamos garantir que ela pague por isso.

Tatiana se aproximou do grupo e olhou para o corpo de Maxwell.

- Lamento por sua perda - disse ela.

- Isso não vai ficar assim. Vou encontrar Merilla onde quer que ela esteja.

- Não vamos precisar procurar - disse Eliza se levantando. - Ela disse que nos veríamos em breve e voou para oeste.

- Foi para Arietis - concluiu Theomar.

- A ameaça que Max mencionou - disse Nicolas. - Poderia ser ela?

- Não - disse Íntegra tentando enxugar as lágrimas. - O prisioneiro fugitivo de Bharani não pode ser ela.

- Pensaremos nisso depois - disse Nicolas tomando Maxwell em seus braços. - Vamos levá-lo daqui. Ele merece um funeral digno.

Eliza olhou ao redor, reparando na destruição da cidade. Ao sair das imediações do Palácio das Memórias ela reparou no estábulo na lateral da propriedade e ouviu sons vindos de lá. A construção estava parcialmente destruída e parecia que iria desabar a qualquer momento. Ao entrar a ruiva avistou uma égua castanha que relinchava assustada. O animal possuía alguns ferimentos, inclusive um pedaço de madeira cravado na lateral da para esquerda traseira que dificultava sua locomoção. Ainda estava amarrada a uma coluna e tremia de frio.

- Ceres, você está bem - disse Eliza. - Pensei que também havia dado você de comida ao glutão. Venha aqui, garota - disse desamarrando a égua.

- O que está fazendo, Liz? - perguntou Nicolas.

- É a minha égua - respondeu trazendo o animal para fora. - Não vou deixar ela aqui. Este edifício pode desabar a qualquer...

Antes que ela terminasse de falar, o estabulo sucumbiu. Só restaram escombros.

- Vamos prosseguir - disse Nicolas.

O grupo atravessou a cidade em ruínas até a entrada. Um pouco à frente puderam ver um grande leão branco que ao vê-los abriu e fechou suas asas para sinalizar sua localização. Ao lado dele havia um grande carvalho que fornecia sombra. Eliza notou que Arda estava ali também, sentada próxima a um Dalv debilitado e a Bocão, que estava servindo como apoio para as costas da elfa. Angus parecia utilizar alguma magia nos ferimentos do vampiro. Não muito longe estavam Arad e Tim que olhavam preocupados para o estado do vampiro. Gregory, por sua vez, dormia encostado ao tronco da árvore.

- É bom ver que estão bem - disse Markus.

Íntegra se aproximou dele e o abraçou fortemente, afundando o rosto na juba branca e voltando a chorar.

- Me desculpe Markus - disse ela. - A culpa foi minha. Se eu tivesse sido mais prudente, ele não teria...

- Está tudo bem, senhorita - disse ele tranquilamente. - Meu mestre não apresentou arrependimento em seus momentos finais.

- Como você...

- Eu e ele somos um, assim como você e Imbre também são. Eu sentia o que ele sentia, por isso sinto que morrer protegendo alguém que se ama foi algo que ele aceitou de bom grado.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora