49. O Jardim de Diamantes

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Spica havia caído. O Palácio das Memórias estava em ruínas, os prédios ao redor do mesmo haviam desabado e algumas poucas construções ainda rangiam prestes a tombar. Belfegor estava deitado sobre o que um dia fora a sala dos sete tronos dos Virtuosos, dos quais só três ainda estavam inteiros. Os primeiros raios de sol surgiam no horizonte quando ele se levantou. Seu corpo estava extremamente debilitado e ele mancava o caminhar. Olhou ao redor e sorriu certo de que alcançara a vitória. Ergueu as mãos aos céus e riu.

- Está vendo? - disse ele. - Esforços inúteis. Pode até providenciar adversários para mim, mas Você não irá me impedir de ter o que é meu por direito. - Ele cuspiu um pouco de sangue devido o ferimento no estômago. - Isso é só um empecilho temporário. Você falhou em protegê-los, "Predecessor".

- Está falando sozinho? - disse uma voz feminina atrás dele. - E eu aqui pensando que Gregory tinha problemas.

O demônio se virou na direção da voz e avistou Eliza. A pele de diamante estava se desfazendo e seus cabelos estavam com as pontas queimadas e irregulares. Estavam um pouco mais curtos, na altura dos ombros, como se houvessem sido cortados por facas.

- Você?! - disse ele surpreso. - É resistente como uma barata - disse ofegante.

- Acho que nenhum de nós vai aguentar muito mais aqui - disse ela. - Que tal acabarmos com isso de uma vez no mano a mano? - disse pondo as mãos em posição de combate.

- Acho melhor não - respondeu.

Ele moveu um pedaço de parede ao seu lado e lançou contra ela. Antes que fosse atingida, Eliza transformou o projétil de pedra em areia, dissipando-o e depois reunindo os fragmentos de modo a criar uma estaca de pedra. Arremessou a arma improvisada contra Belfegor, mas o mesmo desviou dando passou para o lado e a estaca se quebrou ao se chocar contra um pilar.

- Sem barreira? Está fraquinho? - provocou ela.

- Você não vale o esforço. - Ele sentiu seu corpo fraquejar e caiu de joelhos. Cuspiu um pouco mais de sangue. - Meu corpo. Vocês, vermes, ousaram ferir meu belo corpo.

- Belo? Pensei que você fosse o Demônio da Preguiça e não o do Orgulho - zombou Eliza.

Ela se aproveitou da fragilidade do oponente e avançou contra ele. Seus punhos se revestiram de diamante e ela acertou um soco no meio do rosto dele. A força do golpe impulsionou Belfegor contra um dos tronos, destruindo o assento no processo. Irado, ele se levantou e voou até Eliza, agarrando seu rosto com a mão direita e o forçando contra o chão.

- Você é uma pedra no meu sapato e nada mais. Você deve sua existência a mim. Eu criei você e da mesma forma posso acabar com sua descartável vida. Acho que você não precisa mais do seu núcleo. Vamos dar um jeito nisso.

Ele transformou sua mão esquerda em uma garra negra e preparou-se para perfurar o peito de Eliza. No mesmo momento quatro pilares nas cores azul, vermelho, branco e dourado emergiram dos escombros do Palácio das Memórias. O mais próximo era o azul, do qual um feixe de luz da mesma cor foi de encontro a Belfegor, obrigando-o a usar a garra para se defender da espada que o atingiu em grande velocidade. Empunhando-a estava Theomar, cuja aura congelante gelou a espinha do demônio por um momento.

- Tire essas mãos nojentas da minha noiva agora mesmo - intimou.

- E se eu não quiser?

- A gente te força - respondeu.

De repente Íntegra chegou voando e desceu sobre o inimigo com um corte vertical da Coração Ardente, decepando o antebraço direito de Belfegor. Em resposta, o mesmo a empurrou para longe com seus poderes e ela se chocou contra outro trono, derrubando-o. Depois Maxwell saiu de trás de mais um pilar quebrado e, mesmo exausto, preparou uma estocada. Temendo ser perfurado novamente pela lança branca, o Rei Vadio jogou o corpo do Cavaleiro da Justiça para longe, mas recebeu um soco do lado direito do rosto. Era Nicolas, usando todas as forças que lhe restavam naquele ataque antes de ser jogado contra uma parede.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora