2. Pescaria no Lago Avalon

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Eliza aguardava ao lado do pequeno barco a remo às margens do Lago Avalon, localizado uma pequena zona verde no Distrito Nobre. Contemplava o reflexo do sol nas águas enquanto brincava com uma mecha do próprio cabelo. Poucos minutos após sua chegada ela sentiu a sensação de empolgação emanando de alguém atrás dela. Olhou para trás para ver um Theomar correndo em sua direção a toda velocidade.

— Por que toda essa pressa? — Ela o questionou.

A resposta foi uma investida rápida na qual o rapaz a agarrou pela cintura com uma mão e direcionou a outra ao lago. As águas se agitaram, sendo trazidas para perto do barco e arrastando o veículo para o centro do lago. Ao mesmo tempo Theomar saltou, agora segurando Eliza com ambas as mãos, e aterrissou sobre o barco. Ele quase perdeu, mas se sentou para evitar cair.

— Exibido — falou a ruiva rindo. — Isso foi só para mostrar o quão habilidoso está lidando com a água em estado líquido?

— E para fazer uma entrada estilosa — Admitiu pondo ela sentada ao seu lado. — As aulas estão se mostrando cada vez mais úteis para ajudar no meu controle.

— E pensar que meses atrás você mal conseguia manipular a água de um copo sem passar vergonha. — Parece que meu cavaleiro bola de neve anda se tornando mais flexível como professor.

— Eu tento, mas os mais jovens são complicados de lidar. Se eu não se adaptar bem acabarei sendo completamente derrotado.

— Você pareceu um ancião rabugento falando — disse ela gargalhando.

— Eu sou cinco anos mais velho que o meu aluno mais velho. É estranho dar aula para pessoas de idade tão próxima da minha.

— Não vejo problema. Você já me deu aulas.

— Eu só queria impedir você de morrer. Eu nunca ensinaria alguém do mesmo modo novamente.

— Então que bom que eu fui a sua cobaia — disse dando uma piscadinha. — E então, vamos pescar um dos grandes hoje? — Ela retirou uma vara de pescar que estava sob alguns panos no canto do barco. — Vou te mostrar que melhorei bastante.

— Então vamos lá — disse em tom de desafio.

Alguns minutos depois Eliza se via concentrada, observando a água atenta ao mínimo movimento dos peixes. Theomar, percebendo o momento de distração, a cutucou no ombro.

— Já falei que você fica linda quando está focada em alguma coisa.

— Você não vai me desconcentrar com elogios.

— Então está aprendendo — disse se afastando e deitando na extremidade oposta do barco. — Como andam as colheitas? Você nunca mais falou a respeito.

— Enviamos uma remessa de laranjas para Geminor semana passada em troca de morango azuis.

— Espera um pouco, os elfos cultivam morangos azuis?!

— Eu também fiquei surpresa. Parece que só é possível que eles produzam essa coloração em solo élfico. Não sei como eles fazem isso, mas quero provar — disse lambendo os lábios. — Além disso participei de mais reuniões chatas e precisei dar uma palestra sobre cultivo de uvas para uns cinquenta trabalhadores das lavouras do conde Nortinter.

— Eu não conseguiria ser tão paciente. Aquele conde é um imbecil.

— Sim, mas um imbecil que pode ser útil — confirmou ela. — Os vinhos dele são uma grande fonte de renda para... espera, peguei um!

— Foi rápido! — Ele constatou surpreso. — Firme, isso.

Ela sentiu um forte puxão e quase caiu na água ao tentar segurar a vara de pescar. Decidiu levantar e forçar o corpo para trás.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora