37. Brinquedos

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Como o rei Gregory ainda estava vivo depois de tantos anos? Essa pergunta pairava sobre a mente de Eliza naquele momento. Mesmo que ela não tivesse tempo o suficiente para pensar a respeito era essencial escapar antes que fosse descoberta. Ikibaco carregou o enfraquecido monarca em suas costas enquanto a Cavaleira da Fé se encarregava de sentir o solo a fim de encontrar uma rota de fuga pelos escuros corredores. Dentro de poucos segundos ela conseguiu.

— A boa notícia é que eu achei nossa saída — declarou.

— E a má? — perguntou Arda.

— Aquele golem está de guarda.

— Você não poderia só cavar um túnel ou controlar o golem?

— Da forma como as colunas dr sustenta desse lugar funcionam, tenho medo de que moldar demais a estrutura arquitetônica faça esta prisão desabar sobre nós. Ah, e mesmo que sejam seres feitos de terra, os golens são cobertos por várias camadas de mana fornecida por seus criadores. É como uma proteção que impede outro usuário de magia de desfazer sua criação. É claro que isso não me impede de acabar com ele de outras formas.

— Certo, eu tenho um plano — declarou a elfa. — Eu e você vamos na frente e quando encontrarmos o golem você o afunda transformando o chão em areia movediça. Eu vou usar as mãos negras para segurar ele no lugar e, quando a coisa estiver imobilizada, o monge e o rei caveira aproveitam para sair. Nós duas sairemos logo em seguida.

— Certo, vamos fazer isso — confirmou a ruiva.

O grupo seguiu pelo corredor e começou a subir as escadas para os andares superiores. Só quando chegaram ao térreo é que Arda percebeu que antes estava trancafiada quatro andares abaixo do solo.  Era possível ver a saída ao fim do percurso e o grande golem de pedra que a guardava. O plano foi posto em ação imediatamente. Eliza avançou primeiro e fez seu inimigo afundar no chão, convertido em areia movediça, mas quando o monstro havia afundado até a cintura ele se segurou nas barras das celas que estavam ao seu lado e começou a se forçar a não afundar.

— Que cara persistente — resmungou Eliza.

Arda não perdeu tempo e correu até o golem para tentar fazê-lo largar as grades. Notanto que a elfa se aproximava a criatura tentou agarrá-la com uma das mãos. Foi um gatilho mais que necessário para que as mãos negras surgissem do chão e contivessem a ameaça, puxando aquele corpo volumoso para longe das grades até que o mesmo não conseguisse mais segurá-las. Foi então que a elfa se afastou e as mãos negras desapareceram. O peso de seu oponente o fez finalmente afundar e cair no andar abaixo. Eliza voltou a solidificar o chão para que todos pudessem passar.

— Não foi tão difícil no fim das contas — comentou Arda.

O quarteto caminhou até o lado de fora. O sol estava se pondo quando eles conseguiram vislumbrar o céu. Perceberam que estavam em algum lugar da parte de trás do Palácio das Memórias. O momento de alívio durou pouco, pois Eliza sentiu algo lhe agarrar um dos ombros e tentar erguer seu corpo no ar. Uma das mãos negras voltou a se manifestar e agarrou a criatura que tentava sequestrar a ruiva. Foi só quando a guerreira conseguiu se livrar do agarrão que ela olhou para cima e percebeu que o ser que a criatura se tratava de um gárgula que foi feito em pedaços logo em seguida por outras três mãos negras.

— Pensei que você não controla-se essas coisas — comentou Eliza.

— Elas não obedecem comandos específicos, mas atacam aquilo que eu considero uma ameaça — disse a elfa. — Agora vamos embora daqui antes que...

Vários gritos agudos ecoaram por todo o local e só então Arda notou que ali, pousados sobre os parapeitos, varantas e telhados da construção, dezenas de outros gárgulas os observavam. Os olhos vermelhos e as asas de morcego eram amedrontadores, embora as criaturas não fossem muito mais altas do que um anão.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora