21. Jóias do Mar

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Não muito tempo depois da partida de Edward e companhia para o mar o rei Charles chegava a Bharani. Sua viagem repentina para aquele lugar fora a razão de sua ausência durante os eventos que resultaram no banimento do visconde Flamar. O monarca desceu da carruagem para então vislumbrar o portão de entrada completamente destruído e dezenas de guardas mortos pelo chão. O grupo de soldados que o acompanhava sacou as espadas esperando por um ataque, mas nada ocorreu. Todos adentraram a prisão e, conforme avançavam pelos corredores, reparavam que alguns presos haviam sido libertados, outros haviam sido mortos e uns poucos permaneciam em suas celas.

— Majestade, tenha cuidado — alertou um dos soldados que o acompanhava. — Não sabemos se algum deles ainda está por aqui.

— Estou ciente — rebateu ele. — Agora avancem.

Ele finalmente chegou ao andar mais baixo e viu a porta cujo selo havia sido quebrado. Levou a mão à testa em sinal de desespero.

— Então é verdade. Que merda! Ainda tínhamos três anos. Quem foi o desgraçado que quebrou o selo?

— Ele disse que o nome dele era Cornélios — disse uma voz atrás dele.

Um soldado trazia consigo um prisioneiro dos anadares superiores.

— Este aqui disse que viu tudo, majestade — afirmou o soldado.

— O que você disse?! — Charles se voltou na direção do prisioneiro. — Fale tudo o que sabe agora mesmo!

— E o que eu ganho com isso?

— Não mando cortarem sua cabeça neste exato momento.

— Que tal liberdade?

— De qual andar você é?

— Dezessete.

— Feito.

— Mas majestade, ele é um criminoso — protestou o soldado.

— Os patifes realmente perigosos estão abaixo do vigésimo andar. Este aqui não passa de um bandido qualquer e o perigo que ele representa não é nada conparado ao que saiu daquela porta. Agora deixe ela falar.

— O homem que invadiu se chamava Cornélios e, pelo que vi, era um mago bem habilidaso. Depois que ele desceu para os andares inferiores eu ouvi sons de explosão. Em seguida vários guardas começaram a correr para lá e depois o tal Cornélios passou em frente a minha cela acompanhado por um grupo de prisioneiros que ele havia libertado.

— Quantos?

— Algo entre vinte e trinta. Um deles era bem estranho, parecia um morto-vivo de tão magro e pálido.

— Como eu temia — disse indo em direção a saída. — Atenção a todos — declarou a todos os soldados que o acompanhavam. — Estamos em alerta máximo. O prisioneiro que escapou é a maior ameaça existente ao reino. Eu quero buscas nas cidades mais próximas e a lista de fugitivos. Pessoas normais não devemos enfrentá-lo. Apenas o encontrem e me informem. Irei retornar à capital e tomar as medidas devidas.

— Majestade, quem foi que escapou?

— Um fantasma de um passado que já deveria ter sido apagado.

Em paralelo a esses eventos Edward acabaram de descobrir que não nascera para ser um homem do mar. O príncipe se debruçava na popa do navio dando adeus ao almoço que acabara de comer. Voltou a erguer a cabeça e olhou novamente para a movimentação no convés. Homens andavam de um lado para o outro limpando o chão, amarrando cordas ou participando de jogos para passar o tempo. Mal notou a figura feminina que estava de pé ao seu lado e o encarava com um sorriso zombeteiro.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora