28. Liderança

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O grupo festejou durante horas. Tim contou diversas histórias sobre as aventuras que viveu desde a fundação de Australis. Ocorreu um pequeno campeonato de arremesso de facas no qual Cael saiu vitorioso. Para animar ainda mais os presentes uma disputa de queda de braço entre Nicolas e Heruk deixou todos empolgados. Apostas foram feitas e aquele que se favoreceu foi Theomar que encheu os bolsos depois de afirmar a todos, e comprovar posteriormente, que o Cavaleiro do Poder venceria em menos de dois minutos. Pouco antes da meia-noite Arad, entorpecido pelo álcool, levantou-se portanto sua lança.

— Peter, seu bastardo, eu o desafio para um duelo! — bradou o elfo.

— De novo?! — disse Peter com um semblante de tédio. — Nós já duelamos uma centena de vezes e você perdeu todas.

— Cento e vinte e nove — corrigiu.

— Você estava contando?

— Eu aposto que consigo te vencer hoje.

Peter suspirou e se ergueu da cadeira. Era possível perceber o quão cansado estava depois do longo dia de trabalho. Ele caminhou até um canto do salão e pegou sua espada e escudo, caminhando até o centro do cômodo em seguida.

— O que vai querer apostar desta vez? — perguntou ele.

— Se vencer pode ficar com a minha lança.

— Mas é a sua favorita.

— E daí? Eu vou vencer mesmo.

— Você nunca consegue lutar com força total sem sua lança favorita, então não vou tomá-la de você. Além disso, eu não uso lanças. Que tal apostar uma das suas espadas? Você tem uma coleção e tanto.

— Minha coleção de espadas não! — protestou.

— Ah, então você está incerto da vitória, não é? — provocou.

— Está me chamando de covarde? Pois muito bem, aposta aceita, mas caso eu vença...

— Você vira o novo líder da ordem, já sei.

Os dois não aguardaram por cordialidaes ou cerimônias. Partiram ao ataque rapidamente e logo se ouviu o som da lança se chocar contra o escudo. Ainda sentado à mesa Theomar observava os rápidos movimentos dos duelistas. A agilidade de ambos era assustadora, embora estivessem embriagados. Entretanto ele notou que nenhum dos dois estava usando magia durante a luta, então chamou a atenção de Tim na esperança de obter uma explicação.

— Por que eles não lutam com força total? — perguntou.

— Porque esse é o acordo entre eles — respondeu o anão. — Peter e Arad são dois guerreiros muito habilidosos, mas um elfo é um elfo. Ele é orgulhoso demais para reconhecer que não foi escolhido como o líder do nosso grupo. Desde então desafia o Peter para duelos de tempos em tempos, mas nunca venceu.

— O Peter deve ser imbatível em combate.

— Não exatamente — corrigiu Tim. — O Arad é, sem sombra de dúvidas, o melhor guerreiro de todo o reino. Peter, no entanto, é muito mais inteligente e centrado. Ele é o único que poderia ser o líder dos Kriuren.

— Kriuren?

— É como nos chamamos, os cinco melhores guerreiros do reino. Quando Cael declarou que fundaria um reino para todas as raças, muitos riram dele. Disseram que meros escravos como nós jamais poderiam tomar o poder, que eramos impuros. Por conta disso, decidimos nos chamar de Kriuren, o termo utilizado para se referir a um guerreiro impuro ou indigno. O senso de humor do nosso grupo é um tanto peculiar.

— Você e os outros nunca pensaram em  se candidatarem a novo líder?

— Está brincando? O Jask é um maníaco viciado em se expor ao perigo desnecessariamente, o Heruk é um desmiolado esquentadinho e o Arad é um imbecil que se acha o maioral.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora