3. O Representante

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Eliza acabara de chegar ao palácio real de Hamal. Enquanto atravessava os corredores do local ela se questionava sobre qual seria a natureza do assunto a ser tratado pelo representante de Vir. Theomar e Nicolas a acompanharam até chegarem a uma sala de reuniões. Quando ela abriu a porta avistou no centro da sala uma mesa retangular. Sentado em uma elegante cadeira, estava o rei Charles, ocupando uma das extremidades do móvel. Íntegra estava sentada à sua esquerda e um homem desconhecido, que a ruiva entendeu se tratar do visitante, estava acomodado na extremidade oposta a do monarca. A jovem olhou curiosa para o homem vestido em uma túnica elegante branca e vermelha. As sutis rugas em seu rosto lhe conferiam o aspecto de alguém em torno de quarenta anos. Porém o mais marcante era o fato de ostentar uma venda nos olhos, preta como seus curtos cabelos.

— Mandou me chamar, majestade? — Perguntou ela.

— Sim, Lady Eliza — confirmou o monarca relutante. — Receio que sua presença é essencial para o que vamos debater aqui. Na verdade fico feliz que todos os membro a ordem estejam presentes. Acredito que todos precisam saber.

— O que, examente, é tão importante? — Questionou Theomar.

— É melhor todos vocês sentarem — ele recomendou. — Esta reunião pode demorar.

Relutantemente Eliza se sentou à esquerda da loira enquanto Nicolas se posicionou à direita do rei e Theomar ficou de frente para sua noiva. A ruiva notou um sentimento de preocupação e nervosismo vindo da companheira ao seu lado.

— Antes de tudo me permitam apresentar o nosso convidado — iniciou a conversa. — Este é Harry Versu, representante de Vir.

— É um prazer conhecê-los — disse o visitante.

Todos responderam ao cumprimento.

— Como devem saber eu fui enviado para discutir alguns termos sobre o auxílio financeiro a Arietis. Nosso país desfruta de paz há anos e estamos em perfeitas condições de prover alguma ajuda a uma nação vizinha, porém os interesses econômicos dependem de uma série de fatores.

— O que significa que... — disse Theomar desconfirmado.

— O que significa que precisamos estabelecer certas condições para tornar o benefício mútuo. — Ele encarou a ruiva. — E é aí que você entra, Lady Arevidere.

— E por que eu?

— É uma história e tanto, mas tentarei esclarecer tudo da melhor forma possível. — Ele tomou fôlego. — Vocês devem saber que o Vir já não funciona mais como um reino há anos. É assim desde o massacre da família real.

— Nós ouvimos a respeito da tragédia, mas boatos constatantes apontam razões diferentes — afirmou Nicolas. — Então me diga, senhor Versu, o que realmente causou aquilo?

— É certo que boatos realmente se espalharam — confirmou o Harry. — Há quem diga que foi um golpe de estado, outros que foi uma jogada política da coroa para fugir do país no meio de uma crise. Porém receio que a verdade seja bem mais sombria, pois testunhei tudo.

— Então conte-nos, por favor — disse Eliza.

— As coisas se tornaram complicadas depois que nossa rainha, Izabela engravidou. A gravidez mostrou complicações nas semanas finais. Sabendo disso o rei Gregory buscou uma forma de salvar sua esposa e o bebê. Ele recorreu a médicos, magos, alquimistas, mas nada parecia adiantar e a situação da rainha só piorava.

— Nenhum deles fazia ideia do que estava causando aquelas complicações? — Questionou Íntegra.

— Lamentavelmente não houve uma resposta certa. Doença desconhecida, maldição, punição divina, a lista de possibilidades era enorme. — Respondeu, prosseguindo com a explicação. — Desesperado nosso rei recorreu a forças proibidas e pediu a ajuda de uma bruxa. Ela prometeu obter uma maneira de salvar Izabela e a criança em troca do conhecimento que havia em alguns tomos mágicos em posse da coroa.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora