A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)

55. Coroação

Kazan estava sentado na sala do trono. Tomava uma taça de vinho enquanto um grupo de nobres tomava conta do cômodo, rodeando seu governante. No meio deles caminhava Cornélios, trazendo em suas mãos uma coroa de prata ornamentada com rubis. Ele se pôs de frente ao trono. Kazan se levantou, deu dois passos adiante e se ajoelhou. O ornamento foi posto sobre sua cabeça e ele voltou a se levantar.

- Todos saúdem Karl Zachary Tellas, rei governante de Arietis - declarou Cornélios. - Que os deuses o guiem para governar esta nação com sabedoria. Que Kazan se torne um nome de inspiração para uma nova era.

Dentre eles, o duque Júpiter deu um passo à frente e se curvou dizendo:

- Longa vida a Kazan, o Restaurador, rei por direito de Arietis. Que seu reinado seja longo e próspero.

- Poupe-me de sua bajulação, Alexander - disse Kazan calmamente. - Se você deseja algo de seu rei, então fale sem rodeios.

- Queira me perdoar - disse Alexander. - Eu apenas estive pensando a respeito daquela promessa. E considerando que Nicolas Dingarel está sob sua custódia, matá-lo e ceder o Topázio do Poder a alguém que lhe seja leal, meu rei, seria a melhor escolha.

- E suponho que você considere que sua lealdade o faz digno de tal privilégio e que eu devo presenteá-lo com a pedra para que você ou algum membro de sua família se torne o próximo Cavaleiro do Poder.

- Se assim vossa majestade julgar correto - disse Alexander.

- Naturalmente isso tornaria você em um grão-duque.

- Bem, segundo a tradição sim.

- Então lhe concederei tal título, mas não lhe darei o Topázio do Poder. Tenho planos para Nicolas.

- Mas majestade, as tradições...

- Eu sou o rei e, como tal, decido qual tradição será seguida e qual não. Eu determino os títulos da nobreza como bem entender e digo que agora os membros da família Júpiter estão sendo promovidos ao título de grão-duques. Aproxime-se. - Alexander caminhou até Kazan, mantendo a cabeça baixa. - Agora ajoelhe-se. - Ele o fez. - Tragam-me uma espada.

Cornélios lhe trouxe uma espada cerimonial. Kazan a desembainhou e olhou fixamente para a lâmina. Encostou a mesma em cada ombro de Alexander e depois ordenou que o mesmo se levantasse.

- Agora eu o declaro, oficialmente, como grão-duque Alexander Júpiter, primeiro a alcançar tal título entre a nobreza do reino de Arietis.

- Eu agradeço imensamente a vossa majestade e aceito esta dádiva com alegria.

- Sente-se satisfeito, Alexander?

- Sim, meu rei.

- Ótimo, a partir daqui você entrará para os anais da história.

Repentinamente Kazan levou a ponta da espada ao pescoço de Alexander, atravessando-o até a lâmina sair pela nuca do mesmo. Em choque o grão-duque mal conseguiu entender o que acabaram de acontecer. Levou as mãos aos pulsos do novo rei como se buscasse uma explicação. Ciente disso, o monarca lhe disse:

- Sua queda veio por sua ganância, meu caro.

E ouvindo isso, Alexander agonizou lentamente enquanto engasgava com o próprio sangue. A luz deixou seus olhos e Kazan retirou a espada de sua garganta, deixando seu cadáver tombar. Todos ao redor, exceto Cornélios, estavam chocados com aquela atitude do novo rei que se explicou dizendo:

- Que fique registrado aqui que meu primeiro ato como rei foi executar um traidor maldito que planejava usar seu poder e influência para me derrubar no futuro. Um crápula que traiu seu rei anterior, não para ajudar sua nação, mas por suas próprias razões egoístas. Não pensem que assumi este trono para bajular vocês, ricos esnobes. A nobreza deste país continua tão corrupta e nojenta quanto em minha época, mas agora chega de facilitar suas vidas. Irão me servir e servir ao povo nos meus termos. Sem acordos, sem barganhas, sem privilégios. Dito isso, declaro aqui que a partir de hoje todas as trinta e três casas nobres de Aristis serão dissolvidas, seu dinheiro, propriedades e autoridade serão destituídos. Todos ainda receberão recursos o suficiente para viver tranquilamente, mas nas mesmas condições que os plebeus. Qualquer um que recusar tais condições será considerado um traidor e sofrerá o mesmo destino que Alexander por minhas próprias mãos. Aqueles que entenderam bem o que acabei de dizer devem se curvar em sinal de obediência.