53. Proteção Divina

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O Distrito Nobre de Hamal ardia em chamas. Eliza e Íntegra haviam saltado das costas de Toris em direção à mansão da loira. A Bela Sábia segurou a amiga pela cintura enquanto pousava suavemente com sua propulsão ígnea na propriedade da família Vant.

- Pensei que eles estivessem na mansão Bloodbrand - comentou Eliza.

- Pouco antes de viajar para Vir eu voltei para casa e alertei a todos que saíssem da propriedade Bloodbrand e viessem para cá. Há mais corredores e passagens secretas para se esconder. Além disso, abandonei o nome Bloodbrand - disse Íntegra. - Sou uma Vant agora, ou melhor, já sou desde o meu casamento, mas só pude tornar público recentemente.

As duas repararam que o portão principal havia sido derrubado. Havia uma trilha de corpos que ia até a entrada da mansão.

- Espero que eles estejam bem - disse Eliza.

Elas entraram no prédio e se depararam com uma visão singular. Tadeus e Matias se encontravam de pé na escadaria principal que levava aos dormitórios. O primeiro portava um machado de dois gumes, o segundo estava em posse de uma espada reta bastante longa. Ambos lutavam contra um grupo de pessoas que tentava a tudo custo passar por eles sem sucesso. Os mordomos eram implacáveis e não demonstravam piedade. Íntegra estava confusa, pois os invasores não eram soldados, mas sim pessoas comuns. Ela ergueu a mão para o alto e disparou uma rajada de fogo que se pôs entre os dois guardiões do lugar e as pessoas que tentavam passar por eles.

- Parem imediatamente - disse ela! - Todos se voltaram em sua direção. - Saiam da minha casa antes que eu incinere vocês.

- Viram? - disse um dos homens do grupo. - A nobreza veio contra-atacar. Os covardes mandaram as cadelas do rei para nos parar.

- Não vamos mais abaixar a cabeça para vocês da nobreza - disse uma mulher. - Passamos tempo demais sem comida, roupas ou um teto. Vocês tem tudo do bom e do melhor e só pensam em vocês mesmos.

- Eu sei que a vida de vocês não deve ter sido fácil - disse Eliza -, mas esse tipo de violência não é a solução. Vejam a trilha de morte que vocês estão deixando.

- Isso é porque esses dois idiotas não nos deixam matar logo os nobres desta casa. Só queremos eles.

- Os nobres desta casa são uma mulher de saúde frágil e duas crianças - disse Íntegra. - Não há razão para vocês os matarem. Agora é meu último aviso. Saiam. Não me obriguem a fazer algo que eu não gostaria.

- Se é nobre, merece morrer - disse outro homem.

- Isso mesmo, vamos acabar com todos! - declarou outro.

A multidão voltou a avançar contra os mordomos e uma parte veio em direção a Íntegra e Eliza.

- Vocês não vão encostar um dedo na minha Charlotte - disse Íntegra avançando contra eles em fúria.

- Lamento que as coisas tenham que acabar assim - disse Eliza. - Mas é o meu irmãozinho quem está lá encima.

Estava claro que o diálogo não resolveria a situação. Ela conjurou sua foice, tomou fôlego e brandiu a arma. Ossos foram partidos, braços e perdas foram desmembrados e o banho de sangue tomou conta do saguão principal. Mais de cinquenta pessoas foram mortas ali pelo quarteto. Quando acabou, Íntegra notou que havia uma trilha de sangue que passava pelos mordomos e seguia por um dos corredores.

- Deixamos um passar - disse ela preocupada.

Eles seguiram a trilha e ouviram um grito ao longe. Assim que viraram no corredor seguinte, avistaram um homem com o corpo em chamas se debatendo no chão por alguns segundos até finalmente sua vida se extinguir. Em frente a ele estava Idris de braços cruzados e um sorriso cínico.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora