31. Fogo e Relâmpagos

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Idris mostrou-se um tutor bastante paciente, visto que sua aprendiz se distraia facilmente. No primeiro dia ele a ensinara como controlar a intensidade das chamas que produzia para não causar estragos. Sua aluna só aprendeu a fazê-lo com maestria no quarto dia. Após isso ele tentou entender as habilidades espirituais da garota e descobriu a existência de Duo e de seu fogo fátuo. Embora não pudesse enxergar a fênix, ele propôs alguns exercícios de conversação entre a garota e a criatura mística para que ambos se ajudassem. Dan, por outro lado, não demonstrou empolgação diante da ideia de treinar sob orientação de um estranho, precisando ser convencido por Íntegra. Ela explicou os eventos da avaliação e sobre a declaração do diretor Sebastian a respeito do garoto ser um necromante. Idris ficou alguns segundos em silêncio, pensando sobre os possíveis métodos de ensino que usaria até algo lhe vir a mente.

— Dan, você consegue ver o Duo?

— Consigo sim, por quê?

— Tenho uma ideia, mas preciso levar ele a um cemitério — declarou ele

— É mesmo necessário? — Perguntou ela.

— Necromantes estão intimamente relacionados com a morte e o mundo espiritual. Ele é um garoto especial, então precisa de um treinamento especial.

— Está bem, irei ver o que posso fazer.

Quando o garoto foi levado o cemitério da família Blodbrand, ele sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Apenas estar em meio as lápides já o fazia ouvir vozes. Os sons tornaram-se tão desagradáveis que ele pediu para ir embora. Do lado de fora ele ainda tentava tampar os ouvidos para não escutar os gritos que ecoavam em sua mente enquanto Charlotte lhe fazia um carinho na cabeça.

— O que foi aquilo? perguntou Íntegra.

— A resposta ao que eu esta a me indagando. A verdadeira habilidade de um necromante se manifesta em meio a morte. Não sei se você reparou, mas algumas lápides tremeram. Provavelmente os corpos nos túmulos foram reanimados enquanto Dan estava lá, além disso ele ouviu vozes.

— Quer dizer que ele estava escutando fantasmas?

— Não, estava ouvindo as memórias dos mortos. É como se ele ouvisse o passado de um cadáver próximo. Necromancia associada ao tempo. Creio que precisaremos explorar isso de forma menos agressiva para a mente dele. Vamos voltar para sua mansão. Vou testar os poderes dele usando corpos de pequenos animais.

— Você vai matar animais só para treinar o Dan?

— Claro que não, mas é fácil encontrar pássaros, ratos e outros bichos mortos pela cidade. Porém a experiência lá dentro foi demais para ele. Por hoje é melhor deixar as crianças descansarem.

Só depois disso que Dan passou a treinar junto a Charlotte. Levou um dia inteiro para ele conseguir reanimar um passarinho por mais de um minuto. Três dias depois ele conseguia comandar uma pequena tropa de ratinhos e por acidente achou um gato morto no quarto dia, o qual se ergueu sob seu comando.

O golem de gelo constantemente servia como um boneco de treino interativo, visto que só atacava quando ordenado e podia receber danos moderados já que seu corpo ser recuperava de feridas com a água do ambiente que era assimilada ao mesmo. Charlotte adorava lançar bolas de fogo contra ele para se divertir e quase todas as vezes que o golem atacava era partido ao meio pelo espírito invisível.

Durante uma das manhãs de treino, assim que os pequenos magos fizeram uma pausa para um pequeno lanche, Tadeus adentrou a sala apressado, caminhou até Íntegra e lhe sussurrou algo no ouvido. Os olhos da loira se arregalaram e ela mordeu os lábios, contendo a raiva. Voltou-se para Idris e as crianças.

A Saga de Arietis. Livro 2 - Heresia (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora