#MentaEcanela
Os Kim poderiam ser tudo, menos silenciosos. Era quase impossível que passassem despercebidos para ser exato.
E sempre fora assim.
Desde que Taehyung se entende por gente, quando seus pais e suas irmãs comunicavam-se aos berros, cada um em cada canto da casa. Porque ao que parecia, ir até o outro e falar serenamente exigia um esforço absurdo.
E ele se lembra também de quando seus pais brigavam. E suas irmãs mais novas entravam em seu quarto buscando abrigo, as mais velhas vinham logo depois, possuíam a responsabilidade de cuidar dos mais novos.
Ele era o único menino de quatro meninas. O irmão do meio.
Eles se juntavam no quarto minúsculo, mantendo o silêncio enquanto tentavam não prestar atenção em todos aqueles gritos no andar de baixo.
E em quase todas as vezes, era Taehyung quem começava a cantar baixinho, na intenção de distraí-las e quase sempre isso funcionava.
Ainda permanece viva a memória que tinha de sua irmã mais nova, encolhendo-se no seu abraço, com os olhinhos cheios de lágrimas enquanto o observava cantar.
Essa é uma lembrança que ele nunca esqueceu, porque é sempre esta que vem à sua mente quando é acordado por seus filhos no meio da noite, ambos com medo de uma tempestade lá fora. Se amontoam em sua cama e ele canta enquanto os coloca para dormir outra vez.
E talvez, seja por isso que sempre se pega cantarolando para lá e para cá. Distraído demais.
E esse é um habito que no início, as pessoas até acham charmoso, para em seguida se tornar extremamente irritante. Já havia passado por isso vezes demais com pessoas que conhecera em torno de sua vida.
Pessoa que não aguentavam mais o ouvir cantarolando sem perceber. No entanto, esse era ele e não havia muito o que mudar na verdade.
E seus vizinhos, ah, seus vizinhos, estes que não suportavam mais acordar sábado de manhã com uma cantoria incessante no apartamento 110.
Taehyung terminava de cozinhar o café da manhã dos gêmeos enquanto cantava, um tanto animado demais, a música Finesse. Seu tom de voz barítono era coberto pelas vozes agudas e infantis dos gêmeos, em uma falha tentativa de harmonia entre elas.
Os pezinhos estavam suspensos no ar, ambos sentados nas cadeiras altas da bancada que dividia a sala da cozinha. Ainda vestidos em seus pijamas, com as mãos apoiadas na superfície, cantarolando em um inglês inventado pelos próprios a mesma música que o pai.
E segundo a planilha lilás colada na lateral da geladeira, sábado é dia de ir ao parquinho.
Logo após comerem, as crianças correram de volta para o quarto e em um piscar de olhos trocaram de roupas. Hyesoo foi a primeira a aparecer com as chuteiras nos pés, pedindo para que Taehyung amarrasse os seus cadarços, logo em seguida, viera Jungwo.
A menina mantinha abraçada ao corpo a bola de futebol, enquanto esperava os dois terminarem para poderem ir.
O cabelo longo preso em um rabo de cavalo no topo da cabeça, e os olhos grandes atentos a cada ação do pai.
Enquanto Jungwo puxara cada traço da aparência física de Taehyung, Hyesoo era extremamente parecida com a mãe. Com exceção da boca e do sorriso retangular que todos os três compartilhavam.
Sem nenhuma referência da mãe, é fácil dizer que os gêmeos são a cara do pai, mas ele ainda lembra dela, e consegue diferenciar perfeitamente os seus traços dos dela naquelas crianças.
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Quando Os Anjos Dormem
Fanfiction[CONCLUÍDA] Após o corpo sem vida de uma menina ser encontrado à beira de uma estrada, o detetive de homicídios Jung Hoseok, sequer imaginava que aquele era apenas o primeiro dos muitos que ainda viriam. Crianças começam a serem encontradas mo...