DEZENOVE

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#mentaEcanela

         Segurando a mãozinha da menina Jung, a babá esperou os carros pararem para atravessar a rua com ela. Juntando-se à mais de uma dezena de pais e filhos, todos caminhando em direção aos portões da escola.

– Seus amigos já chegaram, Hae – ela avisou assim que viu os gêmeos no pátio, sentados na fonte enquanto desenhavam com giz em sua estrutura.

– É meu pai quem vem me buscar hoje? – ela perguntou, erguendo a cabeça para encarar a babá.

– Hoje não, hoje sou eu quem vem.

– Tá bom – murmurou meio cabisbaixa, soltando a mão da babá e acenando antes de correr para dentro da escola.

Ela continuou ali por um tempo, a assistindo chamar a atenção dos gêmeos. O garoto entregou à ela um pedaço de giz, mostrando os desenhos que já tinham feito.

Naquele segundo, ela pôde ver mesmo de longe, cada um deles usando as pulseiras que a garota havia dado de presente no sábado. Era adorável.

E tornava-se algo ainda mais precioso por saber que, ela só fazia uma daquelas para quem gostava de verdade. Ela mesma já tinha ganhado três em todos aqueles anos cuidando da garota. Já Hoseok tinha várias, e ganha uma todos os anos no dia dos pais e no seu aniversário.

Ela também já havia feito algumas para suas professoras, mas só para suas professoras favoritas.

Questionava-se, quando chegaria o momento em que ela estaria fazendo uma para Taehyung.

– Ei, Jiwoo – chamou uma voz familiar.

Ela se virou no mesmo instante, abrindo um sorriso fraco ao reconhece-la. Uma ex-professora de Haewon, uma das que foram dignas de ganhar uma pulseira.

– Como você está? Como Haewon está?

– Estou bem, e a Hae você sabe como ela é... – soou breve.

Ela comparecia mais na escola do que Hoseok, não seria surpresa para ela se ele também não souber o nome de alguma professora. Mas ela entendia, de qualquer forma, Hoseok estava sempre tentando ser o mais presente possível.

Entretanto, no fim, era ela quem sempre aparecia para buscar a menina, quem comparecia nas reuniões e ela quem costumava busca-la quando se machucava ou ficava doente.

Era normal conhecer algumas mães ou pais, professores e até outras babás.

– Eu vi que ela fez amizade com os gêmeos Kim – a mulher riu fraquinho, encolhendo os ombros – Esses dois são... uma peça. – disse, para não dizer coisa pior.

E Jiwoo riu, concordando com a cabeça.

– E o pai deles? – arqueou as sobrancelhas – Você chega a ter medo quando diz que precisam conversar sobre o comportamento dos gêmeos, quando dei aula para eles era um inferno.

E a babá riu ainda mais, imaginando como seria ter que enfrentar Taehyung e todo aquele instinto protetor.

– Mas ele era até simpático, no fim das contas – suspira – Dava medo, mas quando não estávamos falando sobre alguma coisa que as crianças aprontaram, ele soava até que divertido.

Ela fez que sim com a cabeça, imaginando Hoseok nessa situação e pensando em que momento ele começou a se apaixonar. Pela versão briguenta de Taehyung ou pela versão descontraída. Supôs que foi entre essas duas versões, exatamente na linha em que as dividiam.

O sinal tocou, e as crianças começaram a andar para dentro do prédio.

– Preciso ir agora, foi bom ver você – sorriu para a babá.

Quando Os Anjos DormemOnde histórias criam vida. Descubra agora