VINTE E TRÊS

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#mentaEcanela

         Havia mais de uma hora que estava sentado naquela mesa, encarando o advogado de Minjeong e o assistindo falar, mas não escutando uma só palavra.

Estava de saco cheio, estava puto por ter que passar por aquilo, por ter que "brigar" pela guarda dos seus filhos. Aquelas crianças eram suas e de mais ninguém. Taehyung queria se levantar e deixar aquela sala por simplesmente, não suportar mais aquela ladainha.

E queria ver, quem tiraria aquelas crianças de si, porque morreria antes de deixar que fossem levadas embora.

Suas mãos já tremiam sobre a mesa, não sabia se era nervosismo ou a falta de um cigarro, mas a angustia estava o matando.

Tudo o que discutiram até então, fora sobre a pensão alimentícia. A mesma da qual Taehyung fazia a questão de recusar, queria que ela enfiasse no rabo o dinheiro. E a cada vez que respirava fundo para evitar que soltasse um palavrão, era como se toda aquela raiva ficasse entalada em sua garganta.

A audiência estava se arrastando, e continuou até Minjeong perguntar sobre o seu direito à visitas. Estourando a bomba de que Taehyung negava-se a deixa-la chegar perto das crianças o que desencadeou uma vasta gritaria dentro daquele cubículo.

E não parou enquanto não fossem forçados a dar uma pausa de vinte minutos na audiência. Taehyung chegou do lado de fora do prédio com o coração batendo forte dentro do peito, com as mãos trêmulas ele ascendeu um cigarro.

Fumou um atrás do outro, na escadaria do fórum. Com aquela raiva revirando-se dentro de si ao bater os olhos em Minjeong, ela de pé na outra ponta da escadaria.

Enfiada em um terno Ralph Lauren caríssimo, equilibrando-se em um salto Louboutin e exibindo joias que valiam mais do que o apartamento dele inteiro e mobilhado.

Ela queria mostrar que tinha dinheiro, que suas condições eram melhores do que as de Taehyung. E ainda sim, o que não fazia sentido em sua cabeça era o fato dela ter comprado uma casa em um condomínio, que não chegava nem perto do que o seu dinheiro poderia pagar de verdade.

Ela poderia ter uma cobertura inteira se quisesse, já que sua classe social era mais alta do que a de qualquer um naquele lugar.

A mulher o encarou, tinha um dos braços em volta da própria cintura e o usando de apoio para o cotovelo direito enquanto fumava.

Ela piscou de maneira demorada, desviando o olhar em uma clara demonstração de desprezo.

Ele respirou fundo, ascendendo talvez o seu terceiro cigarro. Ele já havia perdido as contas. Passou a mão no cabelo, prendendo os fios entre os dedo e apertando os olhos na intenção de conter a sua enorme vontade de ir até lá e gritar todo o ódio que estava sentindo.

Precisa manter a calma, no entanto, transparecer serenidade e encobrir todas aquelas emoções fortes que praticamente o corroíam.

Tragou o cigarro e colocou-se para pensar, semeando aquele ódio e deixando que os pensamentos mais sombrios lhe clareassem à mente. Todos aqueles que lhe vinham durante as madrugadas, que o faziam questionar sua própria índole.

Remetia um pouco ao seu pai, mas, no entanto, a diferença era que Taehyung sempre soube controlar os seus impulsos, poderia pensar nas piores coisas, imaginar os mais terríveis cenários e ainda sim, nada daquilo era externalizado.

Sua mente parecia nunca ter um descanso, estava sempre, sempre trabalhando. Chegava a ser exaustivo.

Tragou o cigarro novamente, somente se dando conta da proximidade de Minjeong quando ela já estava à sua frente.

Quando Os Anjos DormemOnde histórias criam vida. Descubra agora