CINCO

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#mentaEcanela

            Eles tocam a campainha diversas vezes, as pessoas lá dentro sabem que não irão desistir tão cedo e que se preciso, entrarão à força.

Park Jihyo fazia seu trabalho, batendo de porta em porta, vizinho por vizinho, fazendo sempre as mesmas perguntas.

"Você conhecia a família da vítima?"

"Pelo seu ponto de vista, como era o ambiente familiar dos Jeong?"

"Sabe dizer se a relação dela com os pais era estranha ou fora do comum?"

Era cansativo, era estressante, na maioria das vezes só ouvia besteiras e fatos irrelevantes, mas haviam também as raras respostas que eram cruciais para o destino do caso. E estas ela ouvia com total atenção.

Ele toca a campainha uma última vez, antes de bufar em irritação.

– Abram essa porra – apontou para a maçaneta – Agora!

Apoiou as mãos na cintura de maneira impaciente. Assistiu os oficiais tomarem a frente e não demora muito para abrirem a porta, arrebentando o trinco e deixando uma rachadura na madeira escura de tinta branca e descascada.

A porta se abre com um rangido, a maçaneta interna toca a parede, e o silêncio os deixa paralisados.

De início não enxergam ninguém, nada além de uma bola de futebol perto do sofá e brinquedos de lego espalhados pelo chão. A TV estava desligada e um cheiro bom vinha da cozinha, do forno.

O que bastou para ter a certeza de que ainda estavam na casa. Ninguém em sã consciência, sairia e deixaria algo no forno.

Hoseok leva a mão até a coronha da arma e finalmente entra, acompanhado por outros dois policias que repetem o mesmo ato. Ele passa pela sala, desviando dos brinquedos, repara nas fotos das crianças penduradas nas paredes. Eram três, dois meninos altos, de dentes tortos e cabelo curto arrepiado, no centro uma menina, sorrindo largo, a franja cobria metade da sua testa e o cabelo comprido escorregava pelos ombros.

A imagem de seu corpo sem vida clareou a mente do detetive, e se viu forçado a desviar o olhar da foto. Parecia mais fácil pensar nela como uma casca sem vida, do que imagina-la rindo ou brincando, indo a escola e fazendo perguntas incansáveis.

Apontou para a cozinha, e um dos oficiais seguiram para lá. Enquanto ele se estreitou pelos corredores, abriu a primeira porta que dava para um banheiro simples.

Continuou, e abriu a segunda porta, era o quarto dos meninos. Paredes azuis, uma beliche de madeira escura e cobertores azul marinho, ambos com desenhos de bola de futebol e basquete. Um computador ainda ligado, aberto em uma aba do YouTube. Brinquedos no chão e a janela escancarada.

Seguiu em frente, na terceira porta, essa que guardava o quarto da menina. Hoseok fechou os olhos por alguns segundos, se recusando a prestar atenção nos detalhes. E marchou para a última porta.

A abriu e pode ver três deles encolhidos na cama de casal. A mulher segurava os dois meninos perto de seu corpo, e tampava suas bocas para que fizessem silêncio.

Jung franziu o cenho, buscou pelo pai e este surgiu de trás da porta, erguendo uma barra de ferro o pegando de surpresa. Sacou a arma quase que no mesmo instante, a mulher gritou, os meninos fecharam os olhos.

– Parou! Parou! – gritou, com o coração acelerado. O homem recuou, sua respiração estava descompassada – Larga isso – apontou com o queixo para o chão – Larga!

E continuou empunhando a arma até que a barra de ferro estivesse no chão. Hoseok respirou fundo, mirando seus olhos furiosos no homem, para logo depois o puxar pelo colarinho, o arrastando para fora do quarto.

Quando Os Anjos DormemOnde histórias criam vida. Descubra agora