#mentaEcanela
Eles tocam a campainha diversas vezes, as pessoas lá dentro sabem que não irão desistir tão cedo e que se preciso, entrarão à força.
Park Jihyo fazia seu trabalho, batendo de porta em porta, vizinho por vizinho, fazendo sempre as mesmas perguntas.
"Você conhecia a família da vítima?"
"Pelo seu ponto de vista, como era o ambiente familiar dos Jeong?"
"Sabe dizer se a relação dela com os pais era estranha ou fora do comum?"
Era cansativo, era estressante, na maioria das vezes só ouvia besteiras e fatos irrelevantes, mas haviam também as raras respostas que eram cruciais para o destino do caso. E estas ela ouvia com total atenção.
Ele toca a campainha uma última vez, antes de bufar em irritação.
– Abram essa porra – apontou para a maçaneta – Agora!
Apoiou as mãos na cintura de maneira impaciente. Assistiu os oficiais tomarem a frente e não demora muito para abrirem a porta, arrebentando o trinco e deixando uma rachadura na madeira escura de tinta branca e descascada.
A porta se abre com um rangido, a maçaneta interna toca a parede, e o silêncio os deixa paralisados.
De início não enxergam ninguém, nada além de uma bola de futebol perto do sofá e brinquedos de lego espalhados pelo chão. A TV estava desligada e um cheiro bom vinha da cozinha, do forno.
O que bastou para ter a certeza de que ainda estavam na casa. Ninguém em sã consciência, sairia e deixaria algo no forno.
Hoseok leva a mão até a coronha da arma e finalmente entra, acompanhado por outros dois policias que repetem o mesmo ato. Ele passa pela sala, desviando dos brinquedos, repara nas fotos das crianças penduradas nas paredes. Eram três, dois meninos altos, de dentes tortos e cabelo curto arrepiado, no centro uma menina, sorrindo largo, a franja cobria metade da sua testa e o cabelo comprido escorregava pelos ombros.
A imagem de seu corpo sem vida clareou a mente do detetive, e se viu forçado a desviar o olhar da foto. Parecia mais fácil pensar nela como uma casca sem vida, do que imagina-la rindo ou brincando, indo a escola e fazendo perguntas incansáveis.
Apontou para a cozinha, e um dos oficiais seguiram para lá. Enquanto ele se estreitou pelos corredores, abriu a primeira porta que dava para um banheiro simples.
Continuou, e abriu a segunda porta, era o quarto dos meninos. Paredes azuis, uma beliche de madeira escura e cobertores azul marinho, ambos com desenhos de bola de futebol e basquete. Um computador ainda ligado, aberto em uma aba do YouTube. Brinquedos no chão e a janela escancarada.
Seguiu em frente, na terceira porta, essa que guardava o quarto da menina. Hoseok fechou os olhos por alguns segundos, se recusando a prestar atenção nos detalhes. E marchou para a última porta.
A abriu e pode ver três deles encolhidos na cama de casal. A mulher segurava os dois meninos perto de seu corpo, e tampava suas bocas para que fizessem silêncio.
Jung franziu o cenho, buscou pelo pai e este surgiu de trás da porta, erguendo uma barra de ferro o pegando de surpresa. Sacou a arma quase que no mesmo instante, a mulher gritou, os meninos fecharam os olhos.
– Parou! Parou! – gritou, com o coração acelerado. O homem recuou, sua respiração estava descompassada – Larga isso – apontou com o queixo para o chão – Larga!
E continuou empunhando a arma até que a barra de ferro estivesse no chão. Hoseok respirou fundo, mirando seus olhos furiosos no homem, para logo depois o puxar pelo colarinho, o arrastando para fora do quarto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando Os Anjos Dormem
Fanfic[CONCLUÍDA] Após o corpo sem vida de uma menina ser encontrado à beira de uma estrada, o detetive de homicídios Jung Hoseok, sequer imaginava que aquele era apenas o primeiro dos muitos que ainda viriam. Crianças começam a serem encontradas mo...