VINTE

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#mentaEcanela


          Como se seu mundo houvesse acabado de ser atingido por um tufão. Era assim que a morte dela estava pesando em sua vida.

Não conseguia ver sentido em absolutamente nada depois da notícia, faziam dez dias, ele achava. Na verdade, não tinha noção de quanto tempo havia se passado depois da morte dela.

O sol nascia e se punha. Ele abria os olhos e já era noite. Ele os fechava e era dia.

Então, ele ouvia as vozes das crianças o pedindo para levantar porque estava na hora de ir para a aula, ou o chamando porque estavam com fome.

Estava tentando equilibrar a dor do luto com a função de ser pai, mas sentia que qualquer esforço sugava tudo o que restava de sua energia, e então, voltava para cama outra vez.

E quando estava desperto, passava horas inteiras fumando na varanda. Sem comer, sem beber, sem fazer qualquer outra coisa além de fumar e dormir.

Não fazia ideia de que horas eram, mas chutava que eram pouco mais de dez da manhã. Já que fazia um tempo que tinha levado as crianças para a escola. Era terça ou quarta? Ele não sabia dizer.

Também não fazia ideia de onde tinha deixado o celular, ele tinha o desligado no terceiro dia depois da morte de Sana. Cansado de receber ligações de familiares e conhecidos, oferecendo seus pêsames e lamentações. Ele queria mandar todas aquelas pessoas enfiarem seus lamentos no rabo, não queria ouvi-los, ao menos não de todas aquelas pessoas que à julgaram durante toda a sua vida, nunca ofereceram ajuda.

Taehyung desligou o celular, e não o via desde então. Deve estar perdido entre as frestas do estofado do sofá, ele supunha.

Fumou o último cigarro do maço, deixando a caixa vazia e amassada na varanda, junto do cinzeiros e todas aquelas bitucas. Entrando em casa mais uma vez, tomou um remédio para dormir e capotou na cama.

Porque quando estava inconsciente, a dor desaparecia.

(...)

Era a terceira vez, em que ouvia Jihyo e Jimin receberem os parabéns por terem conseguido solucionar o maldito caso dos esquartejamentos.

Foram cerca de dois à três meses de puro terror e trabalho árduo, isso Hoseok não poderia negar. Eles eram bons detetives, bons policiais, ainda que questionasse bastante a índole dos irmãos Park. Não conseguia dizer que não eram bons no que faziam.

E aquilo com toda certeza daria à Jihyo o cargo de sargento, era questão de tempo até ela receber a proposta.

No entanto, Yoongi era o que mais dava graças aos céus por aquele pesadelo ter chegado ao fim. Ele tinha chegado à pedir uma semana de férias depois que aquilo acabou, sentia-se exausto e até meio traumatizado com tudo o que havia visto.

– Ela é muito boa – Jung ouvira Mark dizer ao seu lado, com os olhos vidrados em Jihyo.

Hoseok estava começando a achar que o novato tinha uma paixonite – nada discreta – pela detetive Park.

E à cada vez que ele recebia aquele olhar, um olhar que condena, de Hoseok. Mark concretizava um pouco mais a teoria de que Jung e Park tiveram sim um caso no passado, ou quase isso.

Havia escutado muitas histórias por entre os corredores daquela delegacia. Alguns dizem que Hoseok e a mulher estavam se divorciando quando o incêndio aconteceu.

Outros dizem que eles não chegaram à ter um caso. Algumas pessoas falam que eles já ficaram juntos em uma das salas da delegacia, coisas bem improváveis de terem acontecido.

Quando Os Anjos DormemOnde histórias criam vida. Descubra agora