SETE

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#mentaEcanela

            Sentado de pernas cruzadas sobre o tapete do quarto, entre uma pilha de papeis e pastas. Seus óculos de grau pendiam na ponta de seu nariz ao que mordia a ponta de uma caneta esferográfica azul.

O cabelo contido por um elástico preto, preso por um coque no alto da cabeça.

Encarava por longos segundos a tela de seu laptop, relendo os primeiros parágrafos de seu artigo sobre Jeong Eunchae. Precisava enviar um rascunho para Namjoon na manhã seguinte, mas não era isso o que estava embaralhando seus pensamentos.

Respirou fundo, arrancando os óculos do rosto e esfregando os olhos.

Um relâmpago iluminou o céu lá fora e no segundo seguinte um trovão estrondou, o fazendo sobressaltar onde estava. Se levantou, aproximou-se da janela e puxou as cortinas.

Para quando se virar, encontrar tanto Jungwo quanto Hyesoo na porta do quarto. Enfiados em seus pijamas e usando meias de pares diferentes, os cabelos desgrenhados e os rostinhos inchados.

– Não, não, não... – se aproximou – Voltem pra cama.

– Eu tô com medo – Jungwo foi quem respondeu baixo.

– Não precisa ter medo, meu anjo, é só a chuva – afagou seus fios compridos.

– A gente quer dormir com você – Hyesoo tomou a deixa, atravessando o quarto em direção a cama e o menino a acompanhou.

– Não... meninos... – tentou impedir, começando a recolher os papéis do chão e os empilhando na mesa – Não podem dormir comigo sempre que estiver chovendo – explicou, fechando o laptop e o deixando junto aos arquivos em sua mesa – Venham, vou por vocês na cama – estendeu a mão, largando o óculos sobre as pastas.

Eles obedeceram, ainda que a contragosto e fora quando ambas as mãozinhas alcançaram suas mãos que outro estrondo alto ecoou lá fora, as luzes se apagaram e os gêmeos rapidamente se agarram ao seu corpo.

– Pai – Jungwo choramingou.

– Tudo bem, vocês venceram – cedeu com um suspiro longo.

Os guiou até a cama com cuidado e se afastou somente para ir atrás de seu celular, tateando a mesa até que o encontrasse.

Ligou a lanterna e pode ver ambos sentados no colchão de olhos arregalados. Se aproximou, puxando os cobertores e se sentando, tateando o espaço vazio para que se aproximassem.

E não demorou para estarem se aconchegando ao lado do pai. Puxando os cobertores até a cabeça, Taehyung desligou a lanterna quando já haviam se ajeitado na cama, cada um de cada lado do seu corpo.

Passou os braços ao redor de ambos, usando as mãos para afagar seus cabelos, e deixando o silêncio pairar por um instante.

Deu início a um cantarolar baixo, enquanto corria os dedos pelos fios lisos do cabelo deles, e o timbre sereno de sua voz se misturava com as respirações ainda agitada dos gêmeos.

Pôde sentir Hyesoo subir uma de suas mãos até os seus ombros e se encolhendo ainda mais quando Taehyung a abraçou, fazendo o mesmo com Jungwo que repousou sua mão na bochecha e se aninhou junto ao pai.

E continuou a cantar até que a respiração dos gêmeos se acalmassem, quase inaudíveis. Se permitiu imergir em seus pensamentos, e pensara no artigo que ainda não havia terminado, nas tarefas que teria no dia seguinte e pensara no detetive.

Pensara na casa dele, na menina Jung e sua babá. E pensou na mãe dela, perguntou-se por onde andava, mais exatamente, perguntava-se o que havia acontecido com ela.

Quando Os Anjos DormemOnde histórias criam vida. Descubra agora