Capítulo 4

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     ||Jill||

O que uma jovem de 19 anos  faria em um sábado à noite? A maioria delas se encontram nas grandes baladas de Chicago, ou em uma festa privada, contando com dezenas de pessoas rindo, curtindo, se embebedando.

Comigo é diferente. O que eu faria em um sábado à noite? Ler, ou pelo menos, tentar ler com a barulhada da caixa de som que vem do piso superior.

- Haverá uma festa aqui amanhã á noite, Jill. Eu quero que você fique no seu quarto. Não confio nas pessoas  com você solta por aí. - foi a última coisa que Ryan me disse hoje de manhã. 

Depois ele sumiu feito pó. 

Lembro dele me dizer essas palavras e acariciar minhas bochechas delicadamente.

Raiva, decepção, asco me dominava.

Ele não se desculpou, só disse que estava com a cabeça quente e que o pai e ele não se dão bem. 

Realmente eles não se dão bem.

O senhor e a senhora Miller estão viajando, então Ryan resolveu dar uma festa hoje.

Desisto.

Fecho o livro com impaciência e me levanto da cama. O grave da música faz vibrar os pequenos objetos na penumbra do cômodo. Ando em círculos pelo quarto, ele não é pequeno e nem grande. Eu preciso sair. E, é isso que faço. 

Troco de roupa e visto mais um vestido que Verônica me deu. Com três dias que estou aqui, não fui comprar nada, ate porque não recebi meu salário. Acho que ela faz isso por pena.

Particularmente não gosto dela. O sentimento é recíproco, mas a necessidade de permanecer nesse emprego falaais alto. Então, tenho que engolir as ofensas dirigidas mim. Mas é por pouco tempo, eu acredito.

Saio do quarto e, só de andar pelos corredores o som invade meus ouvidos a ponto de quase estourar os meu tímpanos, o barulho vai se intensificando. É por isso que vou pela cozinha e dou um jeito de passar pelos fundos da casa, mas, antes de tudo isso acontecer vários homens bêbados estão caídos pelo chão. Algumas meninas bêbadas estão se esfregando umas nas outras, se beijando e se tocando. Algumas delas estão descabeladas e grogues. 

Uma verdadeira zona de guerra. Se é pra ter uma festa assim, prefiro voltar para o meu quarto e ler. Mas como?! O barulho é terrível.

Ando dois passos e paro no instante em que o vejo. 

- Olha por onde anda - uma garota rugi na hora que eu  parei fazendo toda a bebida no copo que ela estava segurando derramar em nós duas. Sinto o líquido gelado e açucarado se impregnar em minha pele. No entanto, não me importei com isso. Eu estava paralisada demais para poder me preocupar com a minha roupa ou o meu estado físico, porque eu não parava de encarar Ryan beijar copiosamente uma garota a uns 5 metros de mim. Ele a agarrava com fúria, sua mão estava em sua bunda, apertando e ele a beijando a ponto de quase a engolir. Suas mãos subiram e foram parar nos seios dela. Ele a apertava. Os dois estavam tão juntos, tão agarrados, eu não sei expressar o que senti dentro de mim, não sei reconhecer os sentimentos que me possuiu. Suas mãos seguram forte o cabelo preto e grande dela, a mulher fica na ponta dos pés ate que seu vestido curto e colado parou na polpa da bunda. Ele a engolfa e a apoia contra a parede oposta. Ate que seus olhos se abrem indo parar  em minha direção. 

Intensidade. Foi o que pude enxergar dentro dos seus olhos.

Não sei explicar a sensação que sinto quando ele parou de beijar ela e ficou me encarando. No meio de tanta gente, tantas pessoas que passavam ao meu redor, do barulho dos sons, das risadas ou ate mesmo do cheiro intenso de cigarros e a fumaça no ar, eu enxerguei ele, só ele. Seu olhar intenso e ferino me medindo, me analisando. Ele estava em fúria?

INTENSO DOMÍNIOOnde histórias criam vida. Descubra agora