Capítulo 12

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Não pode ser.

Eu estava de cabeça para baixo não poderia ter reconhecido ele assim, mas eu o vi.
Eu reconheço aqueles olhos verdes. Jamais pude esquecê-los.

Ryan se levantou se segurando nas muletas, eu tive que ajudar à apoiá-lo em meus braços para ele não cair.

- Eu irei conferir - disse ele.

- Não, por favor, não vá - suplico.

- Você tem certeza que viu alguém no meio das árvores?

Eu comecei a entrar em pânico, poderia ser uma alucinação, mas eu sei que não.

- Poderia ser um dos seguranças rondando o local. - ele me sondou franzino as sombramcelhas.

Meu coração estava a ponto de sair do peito.

- Eu vou chamar um deles.

Eu não escutei Ryan se afastando de mim, ou ate mesmo conversando com um dos seguranças, eu só voltei a me sentar no banco e apoiei minha cabeça nos meus joelhos. Em uma posição fetal.

Eu o conheci à exatamente dois anos atrás quando eu ainda vivia no orfanato. 

Lembro que estava sentada no pátio sozinha, esquentando o sol da manhã, era um dos meus lugares favoritos, o jardim, o canto dos pássaros, era perfeito. Até que uma sombra ofuscou a luz do sol que caia sobre mim. Eu olhei para cima e a única coisa que reparei foi os olhos cor da  natureza,  um verde intenso me analisando, me admirando como se eu fosse uma obra prima.

Eu nunca tinha o visto.

- Você é a Jill? - sua voz era encantadora, grossa.

- Quem deseja saber?

- Prazer, senhorita, sou William Jamisson. - ele estendeu a mão para mim. 

Por alguns segundos eu fiquei receosa e me perguntando o que ele queria comigo, se era alguém enviado pela minha família. Pensei por tantos segundos que notei que ele ainda estava com a mão estendida.

Eu retribuí o seu gesto. Percebi quando peguei em sua mão que sua pele clara feito neve era macia, sedosa, sem nenhum calo como as minhas. Seus cabelos castanhos claros quase loiros, mas não eram, cheio de cachos que com certeza era muito prazeroso ficar enrolando entre os dedos.

- É muito bom conhecê-lá, Jill - disse ainda balançando nossas mãos juntas.

Eu não sei como, podem até me chamar de louca, mas eu tinha gostado dele, era como se uma ligação nos unisse. 

- O prazer é meu, William, mas sem querer ser rude, muito menos mal educada, gostaria de saber como possa ajudar você?

- Eu ouvir falar muito bem de você, tenho que confessar que estava ansioso para lhe conhecer. - ele abriu um sorriso e vi suas covinhas aparecendo em seu rosto, era uma graça.

- Eu sou seu novo conselheiro, espero que você  não se chateie com isso. Soube que sua antiga conselheira caiu da escada e quebrou uma perna e o fêmur, bem provável que ela não virá trabalhar por um bom tempo, eu sinto muito por ela, no entanto, eu estou contente de ser seu novo conselheiro por uns tempos, enquanto sua antiga não se recupere. Quando estava preenchendo meu currículo peguei posteriormente sua ficha e fiquei um tanto quanto admirado e curioso para descobrir a garota que lê livros do Ken Follett, meu autor favorito, e a julgar  pelo que li, confirmo agora que o meu fascínio é totalmente palpável, você esta lendo um nesse exato momento!

Eu abri um sorriso, e fechei o livro marcando a página que parei com o dedo, levantei o livro um pouco.

- Um lugar chamado liberdade, esse é o meu livro favorito dele. - disse ele.

- O meu também, essa é a vigésima vez em que leio e, a cada vez que leio descubro algo novo. - felei admirada, e fascinada em encontrar um conselheiro e alguém que gostasse de leituras e provavelmente os mesmos gostos que os meus.

- Posso me sentar com você?

- É claro, William! - cedi lugar no banco para ele se sentar, ele era alto, mas magro e franzino.

- Por favor me chame de Will. 

Will foi bem mais que meu conselheiro, ele foi meu melhor amigo, meu confidente, eu confessei para ele que não tinha facilidade em fazer amizade, muitas das meninas do orfanato não gostavam de mim e principalmente das escolas nas quais eu frequentei. Contei que sentia falta de ter pais e na maioria dos meus dias eu me sentia solitária. Acho que todos do orfanato se sentiam assim.

Ele esteve comigo por 2 meses, a cada quarta feira da semana líamos um livro juntos ou comentávamos sobre um livro preferido. Tinha dias que eu não o via, ele desaparecia do nada e chegava do nada, eu só queria que ele não fosse embora e, de repente quando eu sentia sua falta ele aparecia com um livro novo para me presentear. 

Então ele desapareceu, ele não voltou no dia seguinte como disse e, se passaram três dias, três semanas, três meses e agora 2 anos em que eu nunca soube dele. Eu senti tanto a falta dele, da sua amizade. Guardei os livros que ele me deu para poder provar para mim mesma que ele foi real, foi um alguém especial que passou pela minha vida.

Agora ele estava de volta. Eu sei que eu o vi, era ele, William Jamisson.

O que ele veio fazer aqui?

Será que ele veio atrás de mim?



Hey guys, tem mais hein...

posto novo capítulo até quarta, mas provavelmente amanhã. Postei essa parte para deixar vcs mais curiosas ainda. Beijos!




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