Chapter 61 - Cole

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Ao desligar a ligação havia um pico de adrenalina diferente passando pelas minhas veias. Quando eu passei a me importar tanto com todas essas pessoas ao meu redor como se eles fossem meus irmãos? E então, os momentos com Camila passam como um filme. As brigas idiotas e os xingamentos bestas. Não é como se ela tivesse morrido, mas aquela ideia de um gnomo sendo preso era ridícula demais que nem entrava na minha mente com vários efeitos de entorpecentes.

— Cole! – Lili estalou os dedos em frente ao meu rosto, ela estava com a feição escandalizada e de desespero, mas o urso gigante em seus braços escondia um pouco dela. — Precisamos ir agora, pelo amor de Deus! – Pisquei algumas vezes antes de começar a andar em disparada até o carro.

Precisávamos chegar o quanto antes na delegacia para entender tudo o que estava acontecendo. Talvez eu pudesse ajudar com alguma aula que prestei atenção do meu curso de direito...não que existam muitas.

— Como assim do nada ela está presa? Presa! – Ela praticamente gritava ao meu lado passando a mão pelo rosto. — O que mais o Kj disse? O que os policiais deram de motivos?

— A única coisa que ele disse você ouviu: "Camila vai ser presa, cara". – Repito tentando fazer a voz do Kj. Pela cara da Lili me olhando não foi um bom momento para a gracinha, fingi que estava super concentrado mexendo no aquecedor enquanto ela dirigia.

— Para de me... – Antes que minha namorada pudesse terminar a frase, a palhinha da saída do aquecedor veio na minha mão. — ...xer. – Lili não disse mais nada, apenas olhou para a frente seguindo o trânsito mais caótico do que o normal para aquele horário, dei um sorriso sem graça.

— E lá vamos nós novamente. Bonnie e Clyde em ação! – Dou um grito forte com a voz grossa forçada e ela põe a mão no peito, em seguida me olha com a sobrancelha arqueada.

— Tirando a parte que não somos nenhum casal bandido da década de 30, fugitivos e fodas demais para serem pegos pela polícia.

— Até na hora de morrer eles ainda morreram com estilo. – Bato em minhas próprias coxas. A conversa estava deixando Lili menos tensa, suas mãos já não apertavam tanto o volante a ponto dos nós nos dedos ficarem vermelhos e isso normalmente era coisa minha, mas agora é como se tivéssemos revertido os papéis. — Mas peraí...nós somos o casal dos anos 2020 fodas demais para serem pegos pela polícia. Tá a fim de saquear uns bancos comigo? – Ela arqueia a sobrancelha mais uma vez me olhando de rabo de olho, abre um sorriso de canto.

— Lógico que sim. Condenados à morte nós já estamos há muito tempo.

— É uma pena, Reinhart, mas eu morreria fácil por você, para você e com você. – Passo a mão pela sua perna que está balançando descontrolada devido a ansiedade, ela relaxa com o toque.

— Não sei se isso é romântico ou macabro, mas não ligaria em morrer nessas circunstâncias.

A conversa não continuou, porque finalmente chegamos em frente à delegacia que Kj havia nos mandado a localização por mensagem. Apontei para a Land Rover preta de vidros escuros e ambos já sabíamos quem estava lá dentro.

Certamente só de olhar para a cara de que um caminhão passou por cima do meu melhor amigo, já imaginava que tipo de caminhão era esse e ele tem um sobrenome fortíssimo, Mendes.

Observei Kj fechar os olhos ao receber o abraço apertado de Lili, ele parecia tão exausto que talvez pudesse dormir ali mesmo no ombro dela, só que ao mesmo tempo queria ficar acordado para não perder nenhum detalhe de nada.

— Eles estão lá dentro com ela. Isso nem é permitido! Não é permitido entrar duas pessoas! – Kj indagou, quase num sussurro e com a voz rouca, além de que ainda atordoado e mais pálido do que o normal.

Opposite Sides - Season 2Onde histórias criam vida. Descubra agora