29. O Retorno

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O meu quarto estava completamente escuro e eu estava deitada em minha cama vestindo os pijamas de papai. Devastada. Acredito que essa seja a melhor palavra para descrever-me. Em apenas uma noite perdi duas pessoas incrivelmente importantes e essências em minha vida, e a pior parte da perda é saber que eles não voltarão.

No fim do dia papai não entrará pela porta da sala claramente feliz e ansioso para pegar as suas cervejas baratas e sintonizar a TV em um dos seus filmes favoritos de faroeste. Não ouvirei cantá-lo mais a sua música favorita: "You Don't Mess Around With-Jim". Durante as manhãs não o ouviria sua frase diária: "manhãs são para café e contemplação", e principalmente, não poderia tocá-lo, abraçá-lo, porque ele simplesmente, não iria voltar.

Já Billy, bem, podemos começar com as suas provocações, exibições e o seu lado galanteador. Seu belíssimo Chevrolet Camaro 1979 nunca mais terá o mesmo charme e será tão bonito sem o seu fiel motorista. Uma angústia toma conta de cada célula de meu corpo e o meu coração se aperta mais a cada minuto.

Eu não sei lidar com o luto e com as perdas

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Eu não sei lidar com o luto e com as perdas. Nunca soube. Descobri isso no momento em que a morte de Sara, minha irmã mais nova, foi informada, e quando nossa mãe, Diane, simplesmente optou por nos abandonar. Estávamos perdidos, e passamos por milhares de noites sombrias, mas ao menos, tínhamos um ao outro, e agora, o meu porto-seguro se foi.

Fecho os meus olhos lembrando-me de seu sorriso, e logo em seguida, Billy aparece em meus pensamentos. Lágrimas tomam o meu rosto mais uma vez, e então, escuto alguém bater na porta de meu quarto. Eu não respondo, e então, vejo uma fresta da porta se abrir, e Steve aparecer.

- Posso entrar? – Ele pergunta e eu apenas confirmo balançando a cabeça – Eu sei que não é o melhor momento, mas nós temos que conversar.

- Desculpe-me, Steve, mas não estou no pique. – Eu lhe respondo com a voz trêmula.

Eu o noto bastante preocupado e inquieto, e então ao abaixar os meus olhos em suas mãos, vejo um envelope pardo e franzo as sobrancelhas.

- O que é isso? – Ele segue os meus olhares.

- É o assunto ao qual temos que conversar. – Decido ouvi-lo e então eu respiro fundo enquanto me sento e encosto-me na cabeceira da cama.

- Estou ouvindo. – Eu lhe respondo, mas Steve não parece saber como abordar o assunto, o que faz com que eu comece a ficar preocupada – E então, o que é?

- Bom... é que... – Ele faz uma breve pausa e então os seus olhos encontram os meus – O Dr. Owens passou aqui para conversar com você, mas lhe disse que não era o melhor momento e então ele me pediu um favor.

Eu o olho com indiferença.

- Tá, e qual o favor?

- Eu não sei como lhe falar isso Helena, mas não encontraram o corpo de seu pai. – Eu pisco várias vezes enquanto meus ouvidos tentam absorver o que acabam de ouvir – Owens precisa que você assine um termo de óbito, onde você se responsabilize pela informação.

𝙷𝙰𝚆𝙺𝙸𝙽𝚂Onde histórias criam vida. Descubra agora