37. O Laboratório

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O complexo de laboratório com vários andares ainda está de pé, como uma lembrança sombria dos perturbadores eventos que ali aconteceram, muitos dos quais são desconhecidos, exceto para aqueles que os testemunharam em primeira mão. Hawkins costumava ser referência de boa cidade para se morar, devido a sua famosa calmaria e segurança, o que hoje seria cômico se não fosse trágico.

- É... – Dustin pigarreia – Estou começando a repensar se isso é uma boa ideia... 

Apesar do momento, é inevitável não sorrir. Noto Steve olhá-lo pelo retrovisor do carro e sei que está prestes a dizer algo provocativo ao pobre garoto. 

- Agora não há como voltar atrás, gatinho... – Ele o responde, dando ênfase na palavra "gatinho". Steve havia usado exatamente as mesmas palavras que Dustin disse à mim algumas horas atrás.

- Isso é ciúmes, Harrington? – Dustin o provoca enquanto reviro os meus olhos.

- Cale a boca, Henderson.

- Cale a boca os dois! – Eu os retruco e no momento em que estacionamos o carro, sinto um arrepio percorrer cada centímetro de meu corpo. Antes de qualquer movimento observo atentamente o local à nossa frente, procurando por qualquer sinal de possíveis movimentos – Está calmo demais... 

- É porque o prédio está abandonado

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- É porque o prédio está abandonado... – Steve responde-me como se fosse óbvio – Quem gostaria de ficar em um lugar deste?

- Em outros lugares a frase correta seria "depois da tempestade sempre vem a calmaria", mas aqui? – Faço uma breve pausa  – A tempestade sempre aparece depois da calmaria. 

- Ela está certa... – Dustin apoia-me – Às coisas sempre acontecem quando achamos que já estava tudo resolvido. 

Sabendo que se trata da verdade, Steve permanece calado. Sem delongas, respiro fundo, retirando as chaves da ignição para abrir o pequeno porta-luvas de meu carro, onde há uma arma guardada. 

- Onde você conseguiu isso? – Ele questiona-me, demonstrando certa surpresa.

- Steve... Meu pai era o delegado da cidade, lembra-se? – Lhe respondo, como se fosse óbvio. 

- Mas é um tapado! – Dustin zomba de sua cara e o vejo olhá-lo de maneira reprovadora. Saímos do carro e ao fechar a porta, destravo a arma, colocando-a no cós de minha calça. As portas e janelas estavam quebradas e o lugar estava completamente vandalizado. 

- Você tem certeza disso? – Steve aproxima-se, se mantendo ao meu lado, assim como Dustin.

- Não... – Eu o respondo francamente – Mas é a única pista que temos. 

- De um sonho que pode não significar nada, Helena... 

- Ou talvez signifique... De qualquer forma, não posso arriscar. Eu não posso perder mais ninguém, Steve.

𝙷𝙰𝚆𝙺𝙸𝙽𝚂Onde histórias criam vida. Descubra agora