7 - GIOCATO AI LIONS (Jogado aos leões)

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12 anos atrás, ainda no "Il dannato giorno- o maldito dia" e algum tempo depois de deixar a mansão dos Caccini.

Matteo Caccini

No momento em que via minha casa ficando para trás, pelo vidro traseiro do carro meu coração se desmontava em pedaços. Eu tentava me acalmar, mentir para mim mesmo. Repetia mentalmente sem parar:

- Vai ficar tudo bem, Matteo... Vai ficar tudo bem!

Não adiantava muito. Sabia o que aconteceria em breve. Em minutos vovô estaria morto, se é que já não estava. E Lucrézia, o que seria dela? Será que ela está segura? Será que o velho Martinelli iria cumprir sua promessa? Ou ele me mataria? Eu estava indo direto para cova dos leões.

Queria chorar, deixar tudo sair para fora. Não aguento mais! Quem mais eu perderia? Dio mio, o que fiz pra merecer ser isso? Mamma, Papá, Nonno, em menos de 5 anos perdi um por um dos membros da minha família. EU NÃO AGUENTO MAIS! Vontade de abrir a porta desse carro e sair rolando pela rua não me faltava. Coragem para fazer isso também tinha. Depois de hoje não havia muito mais o que perder. E como se não bastasse tudo, agora vou ter que viver com o figlio di puttana do Martinelli, odeio aquele homem com cada átomo que compõe meu corpo de estatura mediana.

Deixando os planos mirabolantes de lado, já que a probabilidade de levar um tiro ou uma surra era infinitamente maior do que a possibilidade de fugir. Tentei aceitar meu destino. Como seria daqui para frente? Não faço a menor ideia. A única coisa que sei é: Que nunca desistirei de honrar de novo o nome dos Caccini. Sim, eu poderia estar sobre o mesmo teto do inimigo, mas nem por um segundo permitiria que os Martinellis me mudassem.

Cheguei. Lá estava eu, na frente da casa do Martinelli. Mal sai do carro e já avistei um homem alto para caralho e loiro, junto com dois meninos se aproximando, não sabia quem eles eram nem o que queriam comigo, mas não me curvaria.

Com pouco tempo, descobrir que eram os filhos do velho Martinelli. O do meio pareceu não gostar da minha presença. E deixa eu te contar um segredo meu querido: também não queria tá nessa porcaria de casa. O mais novo era até simpático, se não fosse um Martinelli seria boa gente. Logo, subimos e tive que aturar Piero fazendo o sonso para cima de mim, até perceber que ele realmente não sabia o que o pai dele tinha feito com meu avô.

Admito o cara era ruim como o pai e acabou de perder a mãe, só faz 2 semanas. Por alguns segundos de devaneio, esqueci de quem ele era filho e senti pena dele. Entendia a dor dele. Dizem que o tempo melhora as coisas, pura mentira! Já fazem 5 anos que o câncer levou minha Mamma e todos os dias sinto igualmente a dor da sua perda. O tempo não faz você esquecer, ou sequer melhora a sua dor. O que ele faz é te acostumar a sentir a dor constate.

[...]

Semanas depois:

Já se passaram semanas desde que cheguei, especificamente 3 semanas, exatas. É, prisioneiros costumam contar os dias com exatidão. Até que os dias passavam rápido, tinha Piero que parecia um carrapato, ele não saia do meu pé. Quanto ao velho Martinelli, tive o prazer de não vê-lo ainda desde da noite que fui trazido para cá. Minhas noites tem sido longas, não consigo dormir sem ter pesadelos, não saio do meu quarto, mas vejo a inquietação ao lado. Piero não dorme antes do sol aparecer. Ele passa a noite perambulando pela casa e eu não sei onde ele vai. Meu sono é muito leve e os traumas de poucas semanas atrás insistem em me perseguir.

Achei que hoje seria um dia como outro qualquer, estava completamente enganado. A primeira bizarrice que aconteceu foi o velho Martinelli me chamar no escritório, o que aquele cornuto queria comigo? Não bastava me prender aqui não? Ele iria fazer o que? Me me torturar? Bem, vindo dele não duvido de nada. O velho Martinelli é o próprio capeta.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora