69- OCCHIO PER OCCHIO (Olho por olho)

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A fuligem voava conforme ar quente tomava de conta dos arredores do cassino, sentia as cinzas beijarem meu rosto ao mesmo tempo que o ódio serpenteava por cada átomo do meu corpo

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A fuligem voava conforme ar quente tomava de conta dos arredores do cassino, sentia as cinzas beijarem meu rosto ao mesmo tempo que o ódio serpenteava por cada átomo do meu corpo. O cassino estava destruído, as labaredas de fogo consumiam as paredes, o telhado brilhava, incandescente em tons de vermelho e laranja devidos às chamas se alastrando.

Figlio di putanna!

Sabia que Benito uma hora iria revidar, tomei as devidas preucaçoes para proteger o que é meu e ainda sim aquele maldito conseguiu arruinar o meu principal cassino.

— Como essa merda aconteceu?

— Ele matou e incendiou nossos homens. — Giuseppe tentou me acalmar.

— Porra! — Esbravejei, prestes a esganar alguém. — Quanto perdemos?

— Não conseguimos entrar, Lucrézia. Não sabemos o real estrago até o fogo abaixar.

— Ligue pros bombeiros, subornem quem for necessário. Quero isso resolvido de manhã.

Ele assentiu, minha cabeça latejava enquanto várias formas de tortura passavam por ela, imaginando usá-las em Benito. Aquele desgraçado me fez perder milhões de euros em armas e drogas, fora os maquinários do cassino. Porco maledetto!

Olhei para névoa densa formada pela fumaça escura, as chamas brandiam alto no céu, as cores da fachada se tornaram um breu cinza e preto. Apodrecidos. Como parte do meu coração envenenado com raiva e rancor, o sangue corria aquecido pelo meu corpo e minhas unhas cravaram nas palmas até arrancar a carne.

Benito pagaria caro.

Deixei a bolsa em cima da mesinha de centro, derrotada. Piero estava tocando piano. Depois de rasgar a garganta de alguns russos, ele confiava em mim a ponto de me deixar resolver os meus problemas sozinha e agradeci mentalmente por não ter que explicar quando cheguei em casa coberta de fuligem.

As notas melodiosas enchiam a sala, meus ombros pesavam e meus braços logo sentiram a necessidade de envolver o pescoço de Piero, fechar os olhos e ouvi-lo tocar: a cada tecla pronunciada do teclado meu vulcão interior adormecia um pedacinho.

— Está tudo bem? — Seus lábios encostaram nos meus antebraços, os beijando.

— Vai ficar. Eu. Espero.

Batidas na porta irromperam a música clássica que emergia dos dedos de Piero, tiraram meu foco dele. No instante que abri, quase caí para trás, meus olhos duvidaram do que viam e meu peito ficou angustiado.

Lucera estava com as escleras vermelhas, olhos inchados como se tivesse arrancado um pedaço da sua alma e a mão direita banhada no líquido carmesim. Ela mal se moveu para dentro, os lábios tremeram sem coragem de pronunciar seja lá o que quisesse dizer.

— Lucera, o que aconteceu? — Tentei tocar seu ombro e ela se retraiu depressa.

Piero se posicionou ao meu lado, igualmente confuso.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora