55 - SFUMATURE DI ROSSO (Tons de vermelho)

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Pág. 72 do diário de Lucca Martinelli

"E aí, cara? (É, não vou te chamar de meu querido diário nunca).

Hoje foi terrível, não que todos os dias não sejam terríveis, mas hoje, em especial, foi pior. Andreia tentou se matar de novo e dessa vez foi na frente de Piero, por isso foi tão ruim. Ele é só uma criança, sabe...

A alegria nos olhos azuis da minha mãe se tornou escassa depois do nascimento de Piero. Ainda assim, não o culpo, nunca culpei, pois sempre soube que meu irmãozinho não tinha culpa dela ter sido arrancada de nós, foi a depressão quem fez minha mãe deixar de ser uma mãe. Seus gostos pessoais de repente não a agradavam mais, o cansaço passou a ser recorrente nos seus dias e eu deixei de ser uma prioridade.

Passei de filho a cuidador em tempo integral e jamais acreditei que ela pudesse fazer mal ao bebê, como realmente nunca fez, só a si mesma, das mais variadas formas já que continuar viva para Andreia Fontanna era um estorvo, mas não podíamos deixá- la partir sem tentar lutar.

No fim das contas, nada adiantou. Ela tentaria novamente até conseguir. Hoje quase conseguiu, a tirei da banheira com os lábios roxos e o pulso quase inexistente, Piero estava pálido ao extremo, as pequenas mãos geladas — seja por conta do contato com a água fria ou o medo de perder a mãe, não sabia ao certo e nem achava que ele soubesse me responder — , o coração disparado e os gritos presos na garganta enquanto corria pelo corredor da casa em busca de ajuda. Piero a encontrou quase morta, ele repetia sem parar que era culpa dele, que a mamãe estava doente por causa dele, que tinha medo de ela nos deixar e prometeu dezenas de vezes que iria arrumar os brinquedos, guardar a toalha molhada no cabideiro e aprender todos os acordes que Andreia o ensinassem sem reclamar. Meu coração se despedaçou em dezenas de pedaços depois de me deparar com sua inocência."

Pág. 119 do diário de Lucca Martinelli

"Andreia está no hospital, ela perdeu a apresentação da escola de Piero. Ele chorou no banheiro para que eu não visse e eu chorei nos braços de Giovanni pelo resto da noite em que passamos encarando o monitor de função cardíaca da minha mãe."

Pág. 301 do diário de Lucca Martinelli

"Não me orgulho de sentir alívio pela morte da minha mãe, mas a verdade é que um peso deixou meus ombros desde a notícia do seu falecimento, respirar se tornou mil vezes mais leve pois ela foi embora, de alguma forma, como uma heroína. Piero talvez não entenda isso, acho mesmo que ele nunca irá entender. Andreia já não vivia há tempos.

E que essa seja a última menção ao seu nome nestes escritos. Ela se foi para sempre, papá vai começar a retaliação em breve contra o Conselho, ele está certo de que foi obra de um deles e Piero um dia terá que esquecer nossa mãe. Eu consegui a esquecer, ele também vai."

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora