65- PRIMA VOLTA (Primeira vez)

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Passamos a noite agarrados, nus e suados na cama, exceto pelos minutos em que Piero correu para o banheiro se aliviar e eu fingi que não o vi

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Passamos a noite agarrados, nus e suados na cama, exceto pelos minutos em que Piero correu para o banheiro se aliviar e eu fingi que não o vi. Meu rosto deveria estar lutando contra o rubor, porém, quando amanheceu e me vi enrolada nos braços de Piero, não senti um pingo de vergonha. Acariciei os seus cabelos lisos e negros que vinham crescendo nos ultimos meses ja que meu marido andava feito um maltrapilho ou, na melhor das hipoteses, mais parecido com Guero, pois não queria lembrar do que havia feito Piero perder a estabilidade.

Eu. Eu havia acontecido na sua vida e tirado do eixo um homem ferido, enlutado e cheio de cicatrizes, além de ter brincado com os sentimentos dele porque queria o machucar tanto quanto suas palavras me machucaram outrora.

Era egoísta e mesquinho da minha parte. Podia reconhecer isso e somente isso, já se era errado, jamais iria admitir.

Não queria saber de nada fora o jantar que teríamos esta noite e do que ocorreria no pós jantar, por isso foi difícil aproveitar a visita aos lugares mais movimentados de Amsterdã, como a casa de Anne Frank, já que estava mais interessada em vivenciar minha ansiedade do que com as raízes profundas e a energia dolorida da antigo sobrado que resguardava as memorias da perseguição nazista ao judeus nos paises baixos. A história que me perdoasse mas estava mais interessada em descobrir o que iria vestir e onde iríamos jantar do que explorar o museu.

O resto do dia passou tão lentamente que pude sentir agulhas sendo cravadas sobre minha pele, ao mimetizar a angústia galopante de não saber se hoje, sóbria, teria coragem de seguir adiante. Eu queria. Porém também passei tempo demais sem ter total domínio do meu corpo.

E se fosse um erro?

E se quisesse voltar atrás?

E se...

"Se" representava a particula mais perigosa da história e embora tenha passado o dia sob a tortura das suas ramificações, exatamente as 19 horas estava pronta para ir ao restaurante.

No começo, achei bobo da parte de Piero irmos em carros separados mas quando me deparei com o restaurante fechado só para nós dois, enquanto o curso do rio passava bem ao lado, as centenas de lâmpadas amarelas competiam com as estrelas e os olhos do meu marido se iluminaram ao me ver, dei razão a ele.

— Não precisava fechar o restaurante. — Balbuciei ao sentir minhas bochechas queimarem, sob o olhar fixo dele.

— Reparei que nunca tivemos um jantar só nosso. — Os orbes azuis não desgrudaram do meu rosto, alternavam entre minha boca e meu olhos ao ponto de me deixar desconcertada como se fosse uma adolescente.

— Não somos bem um casal normal.

— Hoje poderemos ser. — Seus dedos encontraram os meus em cima da mesa e um sorriso brotou. — Podemos ser quem quisermos.

Por um momento, fiquei sem reação pois não sabia quem eu queria ser com ele. A única pessoa que planejei ser para Piero era sua algoz, nada mais, nada menos e mesmo assim aqui estava eu com o frio na barriga e o coração travando uma guerra dentro do peito.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora