Escorada no batente da porta, observei atentamente Piero trocar as calças por uma seca e me perguntei se ele sempre levava uma muda de roupa no carro para eventos assim ou só aqueles em que pretendia ultrapassar a linha da cordialidade.
— Estou vendo você aí, Lucrézia. — Riu quando se virou para mim com a braguilha ainda aberta.
— Sei que está, só estou admirando a vista. — Me pôs na sua frente. — Ou não posso?
— Pode tudo o que quiser, amore mio.
Logo seus braços cobertos por um sutil película de água rodearam minha cintura e me trouxeram para junto do seu tórax desnudo. Os olhos, famintos e desafiadores, fixos em mim, um lembrete de que só não tinha Piero no meio das minhas pernas naquele exato momento porque eu não queria.
— Por que brigaram? — Circulei os pontos em que o sangue diluído escorria pelo seu rosto com sorriso malicioso.
— Nada demais.
— Desse jeito parece que está com dor de cotovelo porque o seu irmão traçou a sua ex.
As mãos intensificaram o aperto na minha cintura, firmes a ponto de fazer o local pinicar, inebriada pelas ondas elétricas que emanaram do seu toque cada vez mais intenso.
— Está com ciúmes, principessa, hm? — Virou meu corpo, de repente, na direção do espelho. — Não tem que ter ciúmes de Giulia, Lucrézia, nem de ninguém, pois eu sou seu.
"Seu". As três letras atravessaram meu peito feito um vendaval, bagunçando tudo, o que provocou arrepios por todos os cantos, sobretudo, no meu ventre ansioso para estar encostado nos gominhos a mostra da barriga de Piero e sentir seu calor contra minha pele. Então acabei por soltar uma lufada de ar involuntária na tentativa de recobrar os comandos do meu próprio corpo.
— Ciúmes? — Arquei a sobrancelha. — De você? Só nos seus sonhos, Pierrinho, apenas fiquei curiosa.
— Pessoas ficam curiosas, você não. Tem sempre um motivo que te atrai.
Uma das mãos deixou a curva do meu quadril solitária para encaixar-se abaixo do meu pescoço e percorrer o contorno dos lábios, guiada pelo reflexo no espelho. E me vi mordiscando a ponta do dedão de Piero e não mover um centímetro, permaneceu com o quadril encaixado na minha bunda mesmo com o volume crescente que se tornava mais erguido a cada segundo.
— Lucrézia, Lucrézia, não me faça querer te foder no banheiro da casa de Guido Barone.
— Não estou fazendo nada. — Rebolei a fim de me encaixar na concha apertada que seu corpo sobre o meu formou.
Piero grunhiu algo inaudível e sorri, satisfeita.
— O quanto quer isso? — Mordi o lábio inferior e trouxe a mão que repousava na cintura para junto da fenda ao qual cortava minha coxa direita.
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Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]
Romance"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem." - Nietzsche. Lucrézia Caccini é uma jovem geniosa e cheia de opiniões, de vinte anos, que já sofreu muito na vida. Nem sempre ela foi distante e arredia, mas os assassinatos, sequestros...