Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]

63- VECCCI AMICOS (Velhos amigos)

Desde que Matteo se casou e Guero e Lucera resolveram morar juntos a casa estava mais silenciosa do que o costume, grande e vazia demais para só duas pessoas. Piero e eu vivíamos uma paz armada, principalmente depois da minha participação ativa nas deliberações do Conselho. Ele odiava me ver lá mas também não podia tirar a única pessoa que fazia os negócios andarem, esse poderia ser um dos motivos de ter voltado a beber, a frustração. Todo dia, Piero bebia, tocava músicas tristes no piano madrugada adentro e caia bêbado até o próximo dia.

A droga do Cartel Florez voou como plumas pelo corredor europeu, passamos a conquistar mais de uma cidade por dia, fazíamos uma tonelada por semana fácil, na Itália, França, Alemanha, Suíça, Croácia e estavamos quase passando a fronteira com a Espanha para conquistar a península ibérica enquanto do outro lado do mapa, no leste euroupeu, tivemos dificuldades pelo caminho impostas pelos Romenos que ainda eram muito forte, mesmos cerceados por nós de um lado e pelos Russos do outro.

Em Milão, já não existia nenhuma base de comando dos Romenos porque fiz questão de queimar uma por uma, além de saquear as cargas deles e sequestrar o seu chefe de operações. Era olho por olho, dente por dente agora. Eles tentaram me matar, mataram Donatella para enviar um recado e eu não sossegaria até provar que não pode mexer com um Caccini e sair ileso.

O dinheiro da herança dos D' Angelos, mais do que nunca, mostrava-se ser de ótima serventia para contratar pessoal e armamento de alta qualidade. Foi essencial nas primeiras jogadas quando o retorno da comercialização de cocaína e opioides ainda não dava os frutos.

Giusto! Usar dinheiro sujo para negócios sujos.

Sujos ao ponto de que se tivesse alguma moralidade, jamais aceitaria coordenar. Porém, conforme entrava na rotina do tráfico internacional de drogas e consequentemente da máfia, mais me afundava em toda essa sujeirada, tornava-me tão desprezível quanto o Conselho, os Romenos, os Russos e toda corja da sociedade. O maior problema nisso era que não fiquei arrependida, aliás, estava orgulhosa do quão longe havia chegado. Dia após dia permitia perder uma parte da minha humanidade pois tinha escolhido arcar com as consequências dos meus atos, independente da sua gravidade.

Até voltei na psicóloga para saber se não tenho alguma tendência à psicopatia, mas Fiorella disse que eu só era uma filha da puta mesmo, não com essas palavras.

Enquanto divagava sobre as recentes conquistas devido ao cortante silêncio desta casa, Piero se aproximou.

— Andiamo! Vamos viajar.