8- IL FRIGO (A geladeira)

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Não tive nem tempo para correr. Quando vi os homens do Martinelli me agarraram pelo pescoço e me arrastaram para fora da casa. É, acho que vou levar uma surra. Com toda certeza o velho Martinelli iria descontar toda sua ira sobre mim, já que ele não pode se impor sobre meus tios. Além de tudo o velho era recalcado. Sinceramente, era só o que me faltava!

Voltando a realidade, os seguranças levaram-me para uma sala fria e escura, ficava dentro de um dos galpões enormes, esses que se localizavam no fundo da propriedade dos Martinellis.

Os capangas agora me amarraram numa cadeira de metal. Estava tão fria que fiquei todo arrepiado. Logo o Martinelli entrou no recinto. Com aquele olhar prepotente de merda, um dia, não faço a menor ideia de como, mas iria fazer esse velho maledetto engolir aquele sorriso.

- Deveria castigar você, para te por no seu lugar. Chiocchio(Palerma!)

- Não vai fazer por que? Não tem coragem Martinelli?

- Insolente! Você vai ficar aí até que decida que é hora de te soltar.

- Que seja. Eu não me importo! Nem tenho medo de você. E muito menos implorarei por sua piedade. Vaffanculo, maledetto!(vá tomar no cu, maledetta!) - disse com raiva, praticamente cuspindo as palavras.

Martinelli irritado me deu um murro na cara, iria ficar roxo e provavelmente estava sangrando, já que ele repetiu o movimento agora acertando minha boca. Pelo tanto que doeu não tive a menor dúvida do hematoma que ia se formar. Depois de me bater, Martinelli saiu imponente e se sentindo vitorioso.

Encarava o único e singelo feixe de luz que passava pela fresta da porta e refletia: O dia demorou mais do que o normal para passar. O que já tinha virado minha rotina nas últimas semanas era bem melhor do que aquilo.

Os próximos dias não seriam melhores. Devo ter ficado uns 3 dias ali, amarrado com os braços por trás da cadeira. Meus braços já estavam dormentes de ficar na mesma posição. A sensação de formigamento incomodava tanto quanto a fome que começava a apertar. Não estava sendo fácil, permanecer acordado. Acabava que cochilava ou melhor desmaiava alguns vezes. Os seguranças nem água me ofereciam, aqueles mal educados.

Vi um raio de sol mais forte iluminar a sala fria e escura que estava. Será que era minha hora de seguir a luz? Pisquei os olhos com forças e percebi que era só a porta mesmo. A claridade que vinha dela me impedia de ver quem era. Só o identifiquei a pessoa quando ele chegou mais perto com um prato de comida, algumas frutas e uma garrafa de água. Era Piero. O que ele fazia ali? Não fazia ideia. Ele apoiou as coisas que trouxe no chão e veio em direção a mim, me desamarrando. O encarei sem entender o que estava acontecendo.

- Me desculpe por não notar seu sumiço mais cedo. Achei que só tivesse trancado no quarto me evitando. Não sabia o que meu pai fizera até agora pouco.

- Você não deveria estar aqui! Seu pai não vai gostar, Piero.

- Que se dane o meu pai! Ele não pode simplesmente te deixar preso aqui pelo resto da vida.

- E você vai fazer o que a respeito? Hum? Seu pai no máximo te castigaria também.

- Eu vou dar um jeito, cara! Relaxa aí e come logo antes que os guardas voltem.

Assenti e logo devorei tudo que ele tinha trazido. Piero não disse mais nada só recolheu as coisas me amarrou de forma que eu pudesse me soltar e voltar a posição de amarrado sem muita dificuldade. Não deveria acreditar nas promessas sem fundamento de Piero, sabia disso. Já era tarde, estava todo iludido achando que poderia sair dali. Depois de mais 2 dias naquele buraco, minhas certezas de Piero não voltaria ficavam cada vez mais notórias. Fui totalmente pego de surpresa quando Lucca abriu bruscamente a porta e fez um sinal para levantar- me. Ao levantar senti as pernas estremecerem e o corpo cambalear. Lucca me olhou de cima a baixo mas não ajudou. Ele deu de ombros e saiu e só voltou a olhar para mim quando se deu conta que tinha parado na porta do meu cativeiro.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora