67- FIDUCIA (Confiança)

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Eu matei um homem

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Eu matei um homem.

E o pior: gostei de ter matado.

Girei o presente de Caco nas suas entranhas até sua carne se despedaçar, o sangue escorrer e formar uma poça embaixo de nós, fiquei embatumada no líquido quente e viscoso enquanto o cérebro processava as informações, soltei Piero que estava destruído, rouco e andando com dificuldade. Ele pegou a arma do falecido e nós saímos do cativeiro, não sem antes derrubar vários russos e rasgar a garganta de outros.

Quando fechava os olhos lembrava do sangue escorrendo nas minhas mãos, as luzes da joalheria ficaram opacas diante dos meus pensamentos cinzas, das lembranças da primeira vez que presenciei uma chacina que envolvia os russos e de agora, na qual fui a autora de tamanha barbárie.

Em doze longos anos, fui de vítima a opressora. Passei de todo e qualquer limite para conseguir mais poder, sentia a cada dia o veneno que era viver o comando se impregnar nas minhas veias e roubar um pedaço da minha alma.

Mas não estava arrependida nem por um segundo. Queria poder e com ele vinha decisões impossíveis de se tomar mantendo a dignidade. Que a dignidade se fodesse, eu me encontrava perto demais do topo da cadeia alimentar da máfia para me preocupar com a moralidade.

— Não quero falar sobre o que fiz nem sobre como me sinto. — Esbravejei contra a expressão terna de Matteo.

— Lucrézia...— Crispou os lábios. — Matar muda as pessoas. — Alertou, preocupado.

Ele queria que eu me sentisse mal por ter matado alguém que merecia morrer, porém não sentia absolutamente nada. Nenhuma mísera pontada de culpa. E talvez fosse por essa razão que não queria conversar sobre isso com Matteo, já que nem mesmo o meu irmão entendia- me mais.

— Já adicionou o associado da interpol na nossa folha de pagamento? Não quero problemas com os federais agora que estamos expandindo pelo corredor europeu.

— Sim. Ele custou caro mas aceitou o suborno depois que Giuseppe quebrou alguns dedos dele.

Va bene.

— Se continuarmos nesse ritmo de exportação e venda, só as joalherias e os cassinos não vão dar conta de lavar o dinheiro. — Seus ombros tombaram para frente com um certo derrotismo.

— Vou cuidar disso. Mais tarde terei uma reunião com o gerente do banco de Malta para lavar o dinheiro que entrará de agora em diante e também vou conversar com um galerista do submundo para aplicarmos a grana em obras de arte e artefatos históricos.

— Tem tudo esquematizado, não é mesmo? — Riu fraco.

— Me preparei a vida toda para isso, Matteo. — Dei um sorriso de canto. Ele anuiu. Enfim havíamos encontrado nosso ponto de equilíbrio. Eu precisava do equilíbrio de Matteo para sustentar a minha ambição. — Como está indo com Bianca?

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora