51 - LA DISCOTECA DEL GIORDANO'S (A boate dos Giordano's)

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A magnitude realmente combinava com os Caccinis. Do alto do mezanino, podia ver a casa cheia, os holofotes na joias e as pessoas bailando sobre o piso de porcelanato claro. O momento de reabertura oficial das Joalherias Caccinis enfim chegou e nem mesmo o vendaval que estava por vir me desencantou do brilho dourado das minhas ambições. De fato, trancar a faculdade não era bem o que queria, mas ao pôr na balança ela e o trabalho que precisava ser feito com o triplo da atenção, o trabalho ganhou.

A máfia mais uma vez se sobressaiu em detrimento da minha própria vida.

Não era de se estranhar, já que sou muito boa em conquistar espaço e reconhecimento para além de mim e péssima em manter o autocuidado. Permitir que Saveiro fosse solto depois de tudo provava isso; quanto a imagem zelosa de hoje, uma mera consequência da implacável sede de status que as famílias do Conselho possuem.

— Por que ainda está aqui em cima? Seus convidados estão lhe esperando. — O cheiro másculo de Piero o anunciou antes de começar a falar.

— Só preciso de mais um minuto, querido.

Necessitava de no mínimo 10 e talvez uma dose de whisky do escritório de Piero.

— Eles querem te ver. — Agarrou minha cintura por trás e forçou o pescoço contra o meu, para que eu olhasse os emaranhados de gente no piso de baixo, entre o ouro e as pedras preciosas. — Aceite as láureas de ter transformado ruínas em castelo. — O hálito cálido anunciava os drinks que já havia tomado e ainda assim, desejei que meu marido não se afastasse.

Essa era la hora de Piero resolver ser um bom marido e confiar no meu potencial? Quando todos os representantes das grandes famílias da máfia estavam à espera de um único deslize meu.

Absorta na angústia de chegar tão perto, atada pela ansiedade desencadeada, soquei bem no fundo do meu cerne e desci as escadas em direção ao covil de lobos.

As horas se arrastaram entre conversas fúteis, ofertas de patrocínio e vários dribles, pois enquanto negociava um carregamento de arma sigiloso com um dos fornecedores, dançava uma música com Piero, sorria para os Giordanos e Barones — por essa razão acabei descobrindo do casamento sigiloso entre Donatella Farnesi, a ex-amante do velho Martinelli e mãe e Luigi, e Domenico Barone, o filho de Guido — , ao passo que apertava a mãos dos seus credores pelas costas e me esgueira sobre a luz da lua e o tintilar de taças de cristal. O jogo que estava habituada a jogar, só mais intenso e eletrizante pois agora havia algo além do meu nome em xeque, o tabuleiro encontrava-se repleto de negócios pendentes e apostas.

No entanto, topar com Matteo e Bianca de mãos dadas foi um sopro de alegria na noite infestada de mentiras. Eles podiam ter começado por meio de um acordo, mas tinha sentimento de verdade nos olhos um do outro, enlaçados pela caminhada vagarosa de mãos dadas para todos verem. No fim das contas, eu estava certa. De novo.

— Era assim nos tempos do seu avô? — Bianca interrogava Matteo que bebericava o champanhe e esquadrinhava as novidades do local.

— Não, era bem menos chamativo. Lucrézia se superou.

— Claro! Não sou mulher de migalhas. — Lhe roubei a taça de espumante, em um supetão.

— Vai pro aniversário da Lucera depois daqui? — Perguntou quando eu já estava a uns 10 passos de distância.

— Não perderia por nada. — Ergui a taça no ar. — Aproveitem a receção, pombinhos. — Pisquei e dei de ombros definitivamente.

Meus pés doíam de tanto rodopiar entre as vitrines suspensas, só não o quanto minhas bochechas travadas e ombros pesados ao dar de cara com Giovanni e seu elegantíssimo terno modelo Martinelli.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora