39- VOGLIO POTERE (Quero poder)

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— Precisa ficar me seguindo até aqui?

— A senhora sabe das regras, não é?

— Regras idiotas, Guero. — Bufei de raiva.

— Nem vai me ver, juro.

— Como não ver um armário parado na porta da sala de aula?

— Piero só está preocupado.

— Não, ele não está. Só gosta de me controlar. — Resmunguei pela enésima vez hoje.

— Giusto! Podemos passar o dia todo discutindo no carro e você vai perder a aula. — Guero sorriu, me desafiando.

— Andiamo, stronzo! — Sai do automóvel irritada e deixei Fontana para trás, junto com os outros quatro seguranças que sempre me acompanhavam até o campus.

Fui andando na direção da sala enquanto pensava. A busca por poder era uma consequência de quem eu sou, mas, de verdade, gostava do curso, de aprender, explorar a história do mundo, estudar as civilizações antigas. Esse é um sonho que não imaginei que fosse realizar e hoje estou aqui. Além disso, as notas nunca foram um problema para mim. Então, faculdade é a parte mais simples da minha vida. Apesar das pessoas, que olham para mim com uma curiosidade acentuada. No entanto, já me acostumei com os cochichos nos corredores. Não deve haver um vivente nessa universidade que não saiba que sou Lucrézia Caccini, a neta de milionários e esposa de um dos mais promissores empresários de Milão. E isso me incomoda. Não vejo a hora de ser reconhecida pelos meus próprios feitos e não pelos de terceiros.

Eu quero poder!

Quero que tremam ao ouvirem o meu nome.

Pode parecer pura ganância, mas não é. Hoje entendo que a ambição não é algo ruim, ela é uma grande aliada. Se me perguntarem o que sou capaz de fazer, a resposta tenderia ao infinito. Afinal, estou disposta a fazer quase tudo para alcançar o doce sabor da vingança. Normas podem ser quebradas, pessoas podem ser destruídas, os princípios e a moral não valem de nada por aqui. A vida na máfia é um jogo mortal, só os mais fortes sobrevivem ao fim da partida. E eu sou uma sobrevivente.

De repente, um corpo tomba no meu e em segundos já estava encharcada. O líquido morno e escuro escorreu pela blusa de linho e deixou uma bela mancha no tecido avermelhado.

— Dio mio! Perdonami! Eu não... — A mulher mais baixa que eu e dona longos cabelos lisos se atrapalhava com as palavras.

— Não se preocupe! — Passei a mão na roupa cara e destruída, manchada de café.

— Não, não, vamos ao banheiro. Te ajudarei a se limpar.

— Realmente não é necessário.

A ragazza não me ouvia, só me guiou entre muitas lamentações até o lavabo. Os seguranças correram, mas pararam na porta. Ela foi cuidadosa ao tentar tirar a mancha, conseguiu um certo progresso, porém nem tanto.

— Me desculpa mesmo! — Rogava. — Eu não tive a intenção, me distraí com umas mensagens e acabei derrubando o café em você.

— É...

— Sou muito desastrada, um desastre ambulante. Sempre fui estabanada, me perdoe. Eu... — Ela emendava uma frase na outra e falava rápido demais.

— Foi um acidente. Não precisa de tantas lamúrias.

— Eu....

— Chega de desculpas, por dio! — Meu tom soou um pouco mais autoritário do que deveria.

— Está bem, sinto muito... — Depressa ela colocou a mão na boca para se calar e logo se corrigiu com um sorriso de orelha a orelha. — É um prazer conhecê-la senhorita...

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Onde histórias criam vida. Descubra agora