Pouco tempo depois, terminei de me arrumar. Não sabia se faltava pano na confecção ou se Giovanni só fazia vestidos minúsculos. O tubinho vermelho só cobria poucos centímetros abaixo da polpa da bunda, ao menos o decote reto era discreto. Hoje não era um dia bom, não conseguia me enxergar naquela peça e olha que vermelho é minha cor favorita.
Ia descendo as escadas e já avistei uma porção de gente na sala, todos engravatados. Piero correu para me encontrar no meio da escada e estendeu a mão para mim. Em sussurros disse:
- Ainda vou matar o Giovanni.
Piero manteve a pose de Don e reprimiu o ciúmes evidente. Pousou uma das mãos sobre as minhas costas e meu guiou lá para baixo. Os homens presentes nos olharam curiosos.
- Achei que ia ser um jantar só com o Conselho.
- E é. Os representantes de cada família estão terminando de chegar, mas todos eles trazem seguranças e às vezes acompanhantes.
- Vai me exibir como um troféu pros seus convidados? - Arqueei a sobrancelha.
- Claro que não. Todos já sabem que você é minha.
- Eu não sou sua propriedade ou de ninguém. Hai capito? - Piero revirou os olhos.
- Andiamo. Quero você do meu lado. - Piero me puxou para ficar sentada no braço da poltrona, enquanto os convidados chegavam.
- Quem é quem?
- O velho ruivo é Guido Barone, ao lado do filho Leonardo ou Domênico, um dos dois.
- O avô da sua amiga íntima. - Fiz aspas com as mãos e friccionei os lábios.
- Com ciúmes, querida?
- De você? Só sob o meu cadáver. - Ri daquela piada.
- Vou fingir que acredito. - Agora fui eu quem revirou os olhos.
- Aquele ruivo barbudo no bar também é Barone?
- Isso. Jacopo Barone, primo da Giulia.
- Entrando temos...
- Paolo De Luca. - Respondi.
- O conhece de onde? - Piero indagou.
- Ele e Matteo são amigos.
- É, são. - A cara de Piero não era nada agradável ao dizer isso e eu ri. - O bigodudo atrás dele é Maurizio De Luca.
- O pai?
- Tio.
- Tenho certeza que conhece o seu tio desagradável. - Apontou com a cabeça para tio Ezzio e Alessio, que vinham entrando.
- É claro que conheço.
- Por último e não menos irritante, Césare Giordano. - Apontou para o moreno alto de olhos escuros.
- Ele não é jovem demais para ter a própria cadeira no Conselho?
- Uns dez anos mais velho que você e pelo que sei ele e Ezzio brigaram pela cadeira dos Giordano há alguns anos.
- E tio Ezzio perdeu para um pirralho. - Não segurei a risada e Piero riu junto.
- Não sei os detalhes da confusão, mas foi feia.
Enquanto observava a movimentação, Piero passava a mão nas minhas coxas e dava falsos sorrisos para os homens da máfia. Era como se eu estivesse numa gaiola, em exposição para todos que passavam. Seus gestos reafirmavam o seu controle sob as vidas naquela sala, incluindo a minha. E por mais que odiasse a sensação, gostava do toque dele.
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Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]
Romance"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem." - Nietzsche. Depois de todas as desgraças que acometeram sua vida e de ter deixado de ser menina para se tornar uma mulher amarga na machista máfia italiana, Lucrézia Caccini tinha um ú...