Minha vida em Vancouver

Nem sempre os planos dão certo

Era dia 21 de Janeiro, o dia em que todos nós viajaríamos. Owen e Bru para Norman e eu e Charlie para L.A., porém acordei esquisita e para ajudar, eu estava com muita cólica. Que ótimo!

Meu celular despertou novamente e eu apenas o desliguei e fiquei em posição fetal para ver se a dor melhorava. 

Eu sempre me levantava assim que o celular tocava e ia fazer minhas higienes pessoais enquanto Charlie dormia mais um pouco e então quando eu ia descer para tomar café, ele levantava e me acompanhava. 

Percebendo que eu ainda não tinha levantado, Charlie depositou um beijo em minha bochecha e acariciou meu rosto.

- Querida, está na hora de levantar. - Ele disse com sua voz rouca de sono. 

- Não vou trabalhar hoje. Estou péssima. - Resmunguei. 

- O que foi? - Ele perguntou e pelo seu tom eu sabia que ele estava preocupado.

- Acordei com cólica. - Me virei para olhar em seus olhos e dei um sorrisinho amarelo. 

- Oh meu amor... - Ele me puxou para um abraço. - Está tudo bem, vamos resolver isso junto. 

Senti minha barriga roncar e eu sabia que não era um ronco de fome e sim de outra coisa. Me afastei de Charlie e corri para o banheiro. Ótimo, como se não bastasse a cólica, agora eu também estou com diarreia, que lindo. 

Aproveitei para fazer minha higiene pessoal antes de voltar para a cama. Escovei meus dentes, lavei meu rosto e tomei banho. 

- Não é só cólica, né?! - Charlie perguntou preocupado, assim que voltei a me deitar ao lado dele. 

- Bom, eu vou ficar bem. É normal ás vezes ficarmos com o intestino solto quando estamos menstruada. Relaxa. - Respondi enquanto mandava uma mensagem para Catherine para dizer que eu não iria ao laboratório.

- Eu vou levantar para fazer o café da manhã. Fique ai quietinha que eu trago aqui para você. - No mesmo momento que ele disse, meu estômago revirou, me causando náuseas só de pensar em comer algo. Mas não disse isso a ele para não preocupá-lo mais. 

- Obrigada, amor. - Falei e ele beijou minha testa antes de sair. 

Enquanto isso, comecei a observar tudo que eu estava sentindo, me concentrei em meu corpo para ver o que ele me dizia. Fui listando mentalmente o que estava acontecendo. Dor muscular, cólica, sangramento, barriga inchada, náusea, aparentemente sem febre. Um pensamento veio em minha mente, mas logo o mandei embora antes de me apavorar. Tentei ser racional para não surtar sem necessidade antes da hora. Eu não to grávida, pois não existe essa possibilidade, por todos os métodos contraceptivos que uso. Muito menos de eu estar tendo um aborto espontâneo, eu só estou no início de uma menstruação normal como todos os meses. Respirei fundo, inspirando e expirando lentamente por alguma vezes para me acalmar. 

Minutos depois, Charlie voltou com um café da manhã que em um dia normal seria maravilhoso, mas só de sentir o cheiro do ovo frito com bacon me enjoei mais ainda e corri para o banheiro vomitar.

Terminado o episódio, escovei meus dentes novamente e retornei ao quarto. Charlie estava sentado na beirada da cama com a cabeça baixa, sendo apoiada pela suas mãos. Ao ouvir meus passos se aproximando, ele ergueu a cabeça e me encarou.

- O que está acontecendo, Gi? - Ele perguntou totalmente assustado com a situação. Eu ainda não tinha ficado doente em Vancouver, então ele nunca me vira naquele estado.

- Quero acreditar que estou apenas menstruada. - Me deitei novamente na cama e ele me seguiu com o olhar. - Me desculpa, mas você vai ter que visitar seus amigos sozinho dessa vez.