Capítulo 32 - Ano 2020

81 16 36
                                    

Bem, eu tenho uma pele grossa
E um coração de elástico,
Mas a sua lâmina pode ser muito afiada
Eu sou como uma liga
Até que você me puxe com força
Pois eu posso quebrar e ser bem rápida
Mas você não vai me ver acabada
Pois eu tenho um coração de elástico.
Elastic Heart
Sia

Cheguei em casa e larguei minha bolsa ao chão sem nem me dar o trabalho de ver se era o ideal ou não.
A semana havia sido exaustiva e na noite passada não dormi muito bem por estar com Matteo.
Aquele homem era capaz de me deixar noites em claro com seu apetite sexual. Não reclamava pois eu adorava aquilo.

Tirei meus saltos vermelhos e os larguei pelo meio do caminho juntamente com cada peça de roupa que eu trajava.
O bom de se morar sozinha era que eu poderia ficar nua sem ter alguém enchendo meu saco para colocar alguma roupa.
Me joguei no sofá e escutei o sininho da coleira do meu gato vindo na direção da sala.
Um enorme sorriso enfeitou minha boca ao ver o pequeno gato vira lata preto vindo na minha direção.

Caco era meu único companheiro pela casa há uns bons dois meses quando o encontrei na lixeira de casa com dias de nascimento. O coitado mal abria os olhos e a pena me corroeu quando vi que o pobre bichinho miava com fome.
Foi amor à primeira vista. Eu o salvei de morrer na rua, mas Caco me salvou de viver dias solitários.

— Olha só quem está bem esperto. Quem é o amorzinho da mamãe? É você sim. — Falei com aquela voz melosa como quando falamos com um neném e meu amigo felino ronronava para mim, se esfregando em meu corpo sem parar. — Sabia que vamos nos mudar para o Brasil essa semana? Não tive tempo para lhe contar.

Ele se sentou nas patas traserias e me deu um olhar carinhoso. Bom não era bem aquilo, mas eu gostava de interpretar daquela forma.
Passei a mão por seu pelo preto macio e ele fechou os lindos olhinhos verdes que fizeram eu me apaixonar por ele.

Pensei muito a respeito da viagem e não conseguia ver contras.
Por mais que o Brasil tivesse recheado de lembranças ruins eu não podia me apegar somente àquilo. Tinha que seguir em frente. Eu era uma adulta caramba, não tinha mais quinze ou dezessete anos e não poderia deixar acontecimentos passados ditarem ainda mais o rumo da minha vida.
Bernardo, Murilo e todos que me fizeram mal ficaram no passado e eu estava muito bem agora.

Me levantei e fui para o banheiro, liguei a torneira para encher a banheira da cor preta de forma oval e coloquei um óleo de odor almiscarado que preencheu o banheiro com um cheiro maravilhoso.
Logo o vapor da água quente subiu por todo o cômodo e embaçou o espelho, era assim que eu gostava e também era o essencial para amenizar o frio que Nova York fazia.
Entrei na banheira e afundei meu corpo inteiro com a água chegando até o queixo e uma leve camada de espuma cobrindo meu corpo.
Aquilo ali era a definição de estar bem. Só faltou uma garrafa de vinho para completar, mas como amanhã eu teria coisas demais para resolver e passei o fim de semana bebendo com Matteo, resolvi deixar a bebedeira para quando encontrasse minhas amigas.

No caminho para casa eu havia pensado bastante. Não fazia sentido fazer surpresa e nem era meu estilo, minha ansiedade não me permiria guardar segredos e se eu tentasse até quinta eu teria contado tudo para elas.
Por aquele motivo resolvi fazer uma chamada de vídeo com as duas e lhes contar a novidade. Quem sabe não combinariamos uma boa balada regado a doses de tequila.

Fiquei meditando por alguns pares de minutos, peguei uma toalha pousada estrategicamente ao lado da banheira e me enrolei nela.
Não me importei das pegadas molhadas que deixaria no piso e saí do banheiro rumo ao quarto.

Escolhi algo bem leve para vestir para dormir e peguei o notebook me preparando para falar com minhas amigas.
Ajeitei meus cabelos os deixando solto enquanto esperava o pequeno aparelho ligar.
Quando ocorreu liguei pelo Skype e não demorou muito para que Nicole atendesse.

Meu erro ( Em Revisão  ) Onde histórias criam vida. Descubra agora