Capítulo 46 - Ano 2020

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Diga a eles tudo o que sei agora grite isso de cima dos telhados escreva isso nos horizontes tudo o que nós tínhamos se foi agora diga a eles que eu fui feliz e meu coração está partido todas as minhas cicatrizes estão abertas, diga a eles que o que eu esperava seria impossível.
Impossible
James Arthur

Estar com Matteo não era complicado, muito pelo contrário era tudo muito fácil.
Conversar com ele era um alívio pois fazia com que eu me sentisse mais leve do peso que comprimia meu peito me sufocando aos poucos.
Contei tudo pra ele sobre minha gravidez, o lance que estava tendo com Murilo há quase dois meses.
Matteo escutou tudo com muita atenção e eu sabia que todo aquele silêncio era para me dar espaço, logo ele daria sua opinião ao qual seria muito bem vinda pois eu não sabia mais o que fazer da minha vida dali por diante.
Matteo era muito amigo meu além da cama e era óbvio que em uma noite de bebedeira quando eu já não aguentava mais lembrar de Murilo e guardar pra mim eu contei tudo pra ele.

Estar em um país estranho com pessoas desconhecidas foi muito difícil pra mim, a adaptação foi o que mais pegou pra mim e conheci Matteo quando tinha dezenove anos. Estava em uma festa da minha tia, uma das muitas torturantes que tive que enfrentar porque segundo ela aquilo seria um aprendizado para mim e conhecer pessoas influentes fazia parte do aprendizado.
Foi em uma delas que o conheci. Seu porte físico e inteligência me chamaram atenção e sua sagacidade também. Matteo foi o único que conseguiu me tirar da bolha de tristeza que eu me encontrava por causa de Murilo e foi naquela noite de bebedeira que contei sobre meu relacionamento.
Por ele ser mais velho, sua cabeça funcionava de maneira diferente da minha. Ele sempre tinha bons conselhos, sabia o que dizer em momentos que eu mais precisava.

— Acho que você ainda o ama muito cara mía.

— Não...

— Sabe que tentar negar não adianta não é?! Você tentou por dez anos e não conseguiu, devia saber melhor do que ninguém de que esconder sentimentos não faz com que eles sumam.

— Não sei se assumir que gosto de Murilo vai me trazer benefícios. Eu ainda não confio nele. — Suspirei resignada e tomei um gole de refrigerante.

— Já está na hora de perdoar principessa.

— Não sabemos e devia temer, se eu resolver ficar com Murilo acabou o nosso lance. — Disse dramática pois eu sabia que ele não ligava. Por mais que ele gostasse de mim, Matteo gostava de ser livre.

— Vou superar meu bem, só me convida para padrinho.

— Palhaço. — Dei um soco em seu ombro e ele fez uma careta exagerada.

Eu não sabia mais o que fazer eu tinha que admitir que por vezes eu fingia que não sentia nada por Murilo, mas eu não era hipócrita de continuar mentindo para mim mesma. Eu ainda amava aquele desgraçado e cada momento com ele, cada toque,  beijo, abraço e tentativa de se aproximar de mim me fez amolecer.
Eu fui burra demais em achar que cedendo aquele desejo enorme tudo iria acabar.
Ledo engano.
Escutei a campainha e só registrei que tocava quando Matteo atendeu e pegou um enorme ramo de flores cor de rosa, minhas preferidas. Não somente as flores, ali também havia um caixa de bombons.

— Aqui no cartão tem o nome dele. O cara sabe pegar no ponto fraco hein. Chocolates e flores, não tenho competir com isso cara mía. — Peguei o que ele me enviou com vontade de chorar, mas me segurei. Meninas crescidas não choram.

Eu tinha certeza de uma coisa que eu não sabia mais como proceder dali por diante.
Parece que aquela gravidez acendeu algo em mim, me fez acordar da nuvem de ódio que eu sentia e ali vi que toda a minha vida poderia mudar muito rápido.

Meu erro ( Em Revisão  ) Onde histórias criam vida. Descubra agora