Capítulo 34 - Ano 2020

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Mas e se eu, e seu eu tropeçar?
E se eu, e seu eu cair?
Então eu sou um monstro?
Só me deixe saber
E se eu pecar?
E se eu, e se eu quebrar?
Então seu sou um monstro?
Me deixe saber
Shaw Mendes e Justin Bieber
Monster

Minhas pernas estavam paralisadas no lugar, mas eu sentia que a qualquer momento elas poderiam ceder pois tremiam sem parar.
Minha língua se encontrava presa ao céu da boca e as palavras meio que se perdiam em meu cérebro.
Meu corpo estava pronto para ir ao chão.

Jamais iria imaginar que o sócio desconhecido por mim seria ele, logo ele.
Aquilo não iria funcionar de maneira nenhuma.
Iria dair dali, ligaria para tia Millie e dizer que tudo deu errado antes mesmo de começar e pegaria o primeiro vôo para um lugar bem distante dele de preferência a Austrália se fosse necessário.

— É você mesmo Isadora? — Ele se levantou impondo toda a sua altura que parecia preencher cada espaço daquela maldita sala. Seu cheiro chegava até os meus sentidos e faziam com que meu coração acelerasse e minhas mãos suassem em profusão.

— Sim. — Falei em um sussurro e me virei rapidamente com a intenção de fugir dali, minhas pernas finalmente obedecendo as ordens gritadas pelo meu cérebro.

Mas antes que eu pudesse rodar a maçaneta para sair daquele inferno Murilo segurou meu braço fazendo com que um choque delicioso percorresse meu corpo arrepiado até o último fio de cabelo.
Eu só queria bater nele e em mim mesma por naquele momento saber o quão afetada eu ainda ficava em sua poderosa presença.

Caramba já faziam dez anos, dez malditos anos que eu pensei em ter superado ele.
Conheci homens maravilhosos que me proporcionavam noites e horas fantásticas, mas somente um toque daquele desgraçado foi capaz de me fazer enxergar que ele ainda estava sob minha pele que ardia clamando sedenta por mais de tudo dele.

— Me solta. — Ordenei firme e me parabenizei internamente pelo tom frio que consegui transmitir.

— Sabe que não posso Isadora, por muitos motivos. Precisamos conversar. — Me desvencilhei de seu toque e endireitei a blusa que trajava na tentativa de me recompor por fora quando por dentro eu estava o próprio desastre.

— Não há nada o que falar. Tudo ficou morto e enterrado há dez anos Murilo.

— Porra precisamos sim. Você foi embora não me ouviu, não me deixou explicar tudo...

— Explicar o quê? A sua culpa? — Dei uma risada forçada e continuei o atacando. — Não preciso disso mais Murilo. Te esqueci e espero que você faça o mesmo.

— Eu não consegui te esquecer Isadora. Não tenho vergonha de admitir isso. Cada mulher com quem transei por todos esses anos, e caralho foram muitas, não passavam de meras substitutas. — As palavras que poderiam me servir de bálsamo foram como facas afiadas entrando no que restou do meu coração.

Pensar em Murilo, o amor da minha adolescência com muitas mulheres machucava muito.
Era hipocrisia e eu sabia pois aderi o mesmo comportamento promíscuo ao passar dos anos, mas pouco me importava se eu estava sendo hipócrita ou não eu só queria o machucar como eu também estava. Ferir para apaziguar a dor que sentia.

— Você nunca me amou Murilo não passei de um joguete na sua mão e nas mãos de seus amigos como aquelas criaturas exóticas no zoológico que só servem para diversão e distração. — Cuspo as palavras como se fossem balas de um revólver. — Mas quer saber eu estou muito bem sem você Murilo. Ao contrário do que pensa estou muito bem, tive muitos homens também e eles serviram para o trabalho de te esquecer. — Dei um sorriso sarcástico para encobrir a mentira que contava. Eu não havia esquecido completamente dele e o quão afetada eu ficava perante a ele era a prova viva.

Meu erro ( Em Revisão  ) Onde histórias criam vida. Descubra agora