Capítulo 2 Ano 2010

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Demorei um bom tempo para achar minha sala. Aquela maldita escola não era tão grande quanto a minha escola antiga, mas mesmo assim consegui demorar muito para encontrar.

A sala estava com poucos alunos dentro. Dois meninos conversavam de forma animada e apontavam para uma foto de uma moto vermelha estampada na capa de uma revista.

Uma menina ruiva, coberta de sardas e óculos fundo de garrafa — que na minha opinião ela deveria mandar ajustar, pois ficavam caindo a cada dois segundos.

E por fim, uma garota negra de cabelos cacheados mexia em seu telefone e mascava um chiclete com a boca aberta.

Francamente, os pais daquela menina não a ensinaram que aquilo deveria ser feito com a boca fechada?

Procurei um lugar vago lá no fundo, o que não era muito dificil já que não havia quase ninguém em sala.

Escolhi os lugares assim, pois na minha antiga escola aprendi da pior maneira que lugares na frente me tornavam um alvo muito fácil. Aquela experiência ruim, enfim, serviram de algo.

Me sentei e tirei meu caderno de desenhos de dentro da mochila. Olhei em volta e meus olhos encararam a menina de cabelos de fogo. Ela me olhava fixamente e um amplo sorriso se formou em seus lábios e, logo em seguida, um aceno.

Olhei para os lados, para saber se aquilo era comigo e meus olhos focaram de novo na garota. Suas orbes brilhavam de curiosidade e não via malícia alguma em sua expressão.

O que será que ela pretendia com aquilo?

Peguei a caneta preta e anotei no cantinho do caderno.

As pessoas dessa escola são esquisitas e logo eu constatei isso a rainha das esquisitices.

Uma sombra recaiu por cima de minha mesa e aquilo me fez olhar para cima e encontrar o olhar de nojo da garota de mais cedo. A de nome Belle.

— Está no meu lugar garota. Saia agora.

— Não vejo seu nome escrito aqui e, que eu saiba, as cadeiras e mesas são propriedades da escola, a menos que seus pais tenham comprado esse local eu não vou sair daqui. — Dei de ombros e a minha frase fez com que os outros alunos começassem a sussurrar uns com os outros.

O rosto de Belle ficou vermelho tamanha a sua fúria. Eu não sabia qual era o problema dela comigo, afinal era só um lugar.

— Eu sempre me sento aqui. Então sugiro que saia.

— Não vou. Há vários lugares aos quais você poderia se sentar. Daqui você não me tira. — Falei de forma calma, mas por dentro eu sabia que tinha começado uma guerra com a Barbie siliconada.

— Pois bem sua gótica esquisita. Você não sabe com quem mexeu. — Me deu um sorriso diabólico tentando me intimidar e depois saiu jogando seus cabelos brilhantes e de um loiro muito vivo.

Eu não fazia questão de um lugar, afinal eu me sentaria em qualquer canto desde que eu conseguisse assistir as malditas aulas em paz, mas naquele caso era diferente.

Garotas como a Belle eram como cachorros furiosos, se demonstrassem medo eles atacavam sem pestanejar. Não que naquele momento ela não fosse me atacar, alguma hora ela iria revidar, mas ela sabia que eu não tinha medo dela e que iria revidar.

A porta foi aberta e um professor mal vestido e calvo entrou na sala. Não sabia porque os professores insistiam em se vestir tão mal. Parecia que era uma regra para eles.

— Me chamo Edvan e sou o professor de história. A maioria já me conhece, mas vejo que temos uma aluna nova. — Ele se virou, pegou o piloto e escreveu seus dados no quadro.

Meu erro ( Em Revisão  ) Onde histórias criam vida. Descubra agora