Capítulo 16 - Ano 2010

96 22 40
                                    


Não há amor real em você
Não há amor real em você
Não há amor real em você
Por que eu continuo te amando?
Automatic
Tokio Hotel

Fui até a parte de trás da casa e decidi que estava na hora de tirar a bicicleta da garagem.
O lago era meio longe e nem a pau que eu iria andando.
Já nem estava querendo ir para falar a verdade, mas não correria o risco de Murilo ir até a minha casa. Minha mãe iria fazer um interrogatório e com tia Millie infurnada lá também era questão de tempo até que toda a cidade soubesse e tirasse conclusões precipitadas.

Montei na bicicleta e pedalei o mais rápido que consegui. A minha sorte era que havia gravado o caminho quando fui de carro com Murilo, senão eu teria um bom motivo para dar um bolo naquele abusado.
Como ele ousava envolver minha irmã naquele jogo?

Eu ainda não tinha ideia do que ele pretendia, mas sabia que não era algo bom.
Mas então por que ele terminou com Belle?
Aquele jogo mental confuso estava conseguindo sua finalidade. Me confundir.

Meu coração batia em um verdadeiro descompasso, me dizendo para que eu acreditasse em Murilo, mas minha cabeça estava presa ao passado e em tudo que ele me acarretou.
Por confiar demais tudo deu tão errado e acarretou em consequências terríveis, que me marcaram até os dias atuais.

Quando cheguei no local já avistei o carro de Murilo estacionado em um canto perto de uma árvore e o mesmo se encontrava de costas, olhando para o sol que se punha no horizonte.
O cenário estava belo demais com os tons de azul, rosa e laranja se misturando. Criando algo novo para dar lugar a noite que se aproximava cada vez mais.
O sol se despedia e a lua dava boas vindas com estrelas que deixavam o cenário ainda mais belo.

Desmontei da minha bicicleta que caiu com um baque na grama, aquele som foi capaz de atrair a atenção de Murilo.
O olhar que ele me deu foi capaz de arrepiar até o último fio de cabelo que meu corpo possuía. Minhas mãos suavam e tremiam e eu não conseguia me mover. Parecia que eu estava hipnotizada por ele, era como uma marionete somente esperando a ordem de meu mestre para entender o que fazer.

Os cabelos de Murilo pareciam brilhar sobre o sol do fim de tarde. Suas poucas tatuagens em seus braços pareciam pinturas abstratas que se fundiram ao seu corpo e seus olhos emitiam um brilho que, mesmo de longe, poderiam serem vistos.

— Pensei que não vinha mais. — Disse e se encaminhou até onde eu estava quando percebeu que eu não conseguia me mover.

— Pensei nessa possibilidade. — Murmurei e coloquei uma mecha de meu cabelo para trás da orelha.

Quando ele ficou a menos de dez centímetros de onde eu estava, meus olhos baixaram e fiquei fitando o chão. Incapaz de manter o contato visual por mais do que cinco segundos.

— Aí eu seria obrigado a ir até a sua casa.

— Pensei nessa possibilidade também. Por isso vim. — Olhava para todos os lados menos para o rosto dele querendo evitar que Murilo visse minhas bochechas ficarem em um tom carmesim.

— Olha para mim. — Murilo levantou meu rosto com o indicador, assim meus olhos se perderam nos dele. Presa em uma corrente de emoções sem fim e que não sabia como me soltar.

— O que quer de mim Murilo? Que espécie de jogo é esse que você está jogando? — Falei de forma direta.

Não aguentava mais que as pessoas brincassem comigo e me fizessem de boba.
Quanto um coração era capaz de aguentar, de sofrer, de viver sempre imerso em dor e nunca com um mínimo de alegria?
Era assim que eu vivia. Presa em mim mesma, sempre querendo algo para me libertar. Para me ajudar a sair daquela areia movediça que só fazia com que eu fosse tragada a cada dia passado.
Meu corpo já sem poder ver a luz do sol.

— Tudo Isadora. Será que ainda não entendeu que gosto de você? — Dei um passo para trás com suas palavras.

Eu não acreditava em nenhuma delas. Aquilo não era possível, ele mal me conhecia. Nada era tão simples assim e eu me recusava a crer que o universo estivesse conspirando a meu favor.

— É para isso que me chamou? Para falar um monte de besteiras? — Ele tentou falar, mas levantei a mão o interrompendo. — Quer brincar com alguém? Que faça com suas amigas ou com sua namorada porque eu não sou idiota e não vou cair nesse papo furado.

— Você está levando para o lado errado Isadora. Como sempre. — Me virei e saí andando ignorando seus chamado.

Como ele ousava fazer aquilo comigo? Brincar comigo, dizer que gostava de mim?
Ele era um idiota e eu mais ainda por permitir aquilo.
Escutei seus passos pesados me seguindo e tentei correr para longe dele, em vão.
Senti um puxão em meu braço e, logo em seguida, Murilo me virou. Me prendendo em seus braços.

Olhos nos olhos, respiração ofegante e coração descompassado. Será que o dele batia em sincronia com o meu ou era apenas fruto de minha imaginação?
Que só queria que tudo o que ele dissesse fosse verdade.

— Não estou mentindo para você. Será que não entende que não consigo ficar longe de você, se tornou meu maldito vício Isadora. — Ele colocou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha e se aproximava cada vez mais.
Tentei impedir o seu avanço, mas palavras me faltavam e só me dei conta de que o estava beijando quando senti sua língua encontrando com a minha em um beijo quente e avassalador.
Ele levou um mão a minha cintura e a outra para a minha nuca, me segurando no lugar.
Eu queria parar, mas não conseguia.
Queria respirar, mas o ar me faltava.
Queria que tudo durasse pela vida toda.
Por fim nos afastamos para tomar ar que tanto nossos pulmões clamavam e o olhar que ele me deu era capaz de incendiar Prazeres inteira.

— Eu terminei com a Belle por sua causa, para ficar com você. — Ele falou tudo de uma vez.

Por mais que meu coração naquele momento estivesse em êxtase e minha vontade era de saltar no colo dele, eu obedeci a minha mente naquele momento e, por mais que doesse, eu não poderia deixar que tudo acontecesse tão rápido. Aquilo para mim não era suficiente. Eu não confiava nele e não sabia se era capaz de fazê-lo.

— Fica longe de mim. — Falei e corri para onde minha bicicleta estava, montei nela e saí daquele lugar.

— Não pense que desisti Isadora. — O escutei gritar, mas eu já estava longe.

Lágrimas escorriam de meus olhos ao constatar que eu queria de verdade que ele não desistisse.
Então me dei conta de que gostava de Murilo.
Aquilo poderia ser minha salvação ou minha perdição.
Só o tempo iria confirmar.


Capítulo curtinho. Espero que tenham gostado e deixe uma estrelinha.
Bjs até a próxima!!!

Meu erro ( Em Revisão  ) Onde histórias criam vida. Descubra agora