capítulo X - No Quarto

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- caralho meu rosto - gemeu o homem com dor e se levantou aos poucos - precisava me bater com uma barra de ferro? - me encarou no fundo dos meus olhos.
O homem era alto, Moreno escuro, olhos castanhos, corpo normal
- eu pensei que fosse atacar a gente - olhei para trás onde Luca e Lincoln estavam
- eu não ia, por sorte vocês não encontraram os apócrifos - passou por mim é se abaixou ao lado do Luca para medir a sua pulsação
- o que são os apócrifos? - perguntei franzino o cenho
- são vampiros viciados em matar, o sangue não mais sustenta eles mas sim os gritos de suas vítimas. Os apócrifos foram amaldiçoados pelas bruxas para serem isso mas fiquem tranquilos por que faz quase um mês que nenhum deles aparecem. - deu um suspiro aliviado
- isso não é suspeito? - Lincoln cruzou os braços
- não, eles não tem intelecto pra formar planos são apenas guiados pelo instinto de matar - pegou Luca pelo ombro - vamos, o mestre vai querer saber o por que vocês estão no território dele sem autorização - começou a andar e nos seguimos ele em silêncio
Andamos um pouco pela floresta e era possível ver ao fundo um parque, mas um parque de onde? Não me lembro de São Paulo ter um desses...
- onde nós estamos? - perguntei em frente à gigantescos portões que davam acesso a um imenso castelo
- no Reino dos vampiros - falou o desconhecido batendo no portão que logo se abriu
- como? - passei a mão pelo rosto e segui o homem
Assim que passamos pelos portões, os mesmos se fecharam e haviam vários homem treinando entre si, não havia nenhuma mulher ali o que eu achei bem misógino
- por que não tem nenhuma mulher aqui? - caminhei ao lado dele, com medo daqueles homens que ficaram estáticos olhando na nossa direção, com cara de quem não comeu nada hoje.
- por que elas são o cérebro desse local. As mulheres não precisam de tanto treinamento assim elas aprendem mais rápido que os homens, hoje é dia de treinamento de estratégias - passou pelo hall de entrada ficando em frente à um corredor enorme que tinha duas escadas de cada lado que levavam aos andares superiores
- todo esse dinheiro e não colocam uma escada rolante aqui - praguejei baixo pra que eles não ouvissem
- escuta, se você falar coisas desse género depreciando o local a sua visão, vai acabar morto, por que pra eles isso aqui é um santuário e também o seu lar - andou em direção às escadas
- desculpa - falei baixo com vergonha
Subimos as escadas e chegamos a uma fileira de quartos, as escadas ainda subiam mais e mais, acho que os vampiros não se cansam de andar, vou conseguir emagrecer mais rápido que o esperado
- esse vai ser o quarto de vocês - abriu uma porta que dava em um quarto minúsculo que havia três camas lado a lado - cuidem dele, vou conversar com o meu mestre - colocou Luca gentilmente na cama e se virou saindo do local
- obrigado - já era tarde demais pra agradecer, por que o homem havia acabado de sair
- será que os outros estão bem? - Lincoln se sentou na cama olhando para a janela que dava visão para a lua
- eu acho que sim - sorri pra ele e me sentei ao seu lado
- é...
- Seu nome é Lincoln certo? - só perguntei pra ter certeza
- sim, como você sabe? - me encarou curioso
- eu ouvi o tal do Caliu falar o seu nome - me levantei e fui até um dos guardas roupas que havia lá - coincidência - peguei uma muda de roupas que haviam lá e joguei para o Lincoln que pegou as roupas no ar
- obrigado - sorriu
Eu entreguei aquela roupa pra ele por que o mesmo estava totalmente sujo, sua calça havia um buraco subindo o joelho, essa proeza é impossível saber como ele fez, já a sua blusa estava com alguns poucos buracos
- acho que aquilo é um banheiro - apontei para uma porta que ficava a alguns centímetros da sua cama
- acho que sim - se levantou e abriu a porta mostrando um banheiro um tanto quanto sujo
- que nojo - senti asco com aquela sujeira
- eu sei mas é o que a gente tem - fechou a porta do banheiro e se sentou na cama novamente
- eu sei - vasculhei o guarda roupa novamente e não havia nada do meu tamanho, era tudo maior do que cabia, a que chegava perto estava nas mãos do Lincoln - vai ter que ser essa mesmo - peguei uma blusa de manga e um short, aquilo seria o suficiente.
- então de onde você é? - perguntei me virando pra ele
- eu sou daqui mesmo de São Paulo, fui criado dentro de casa, e foi nesse meio tempo que o meu genoma híbrido veio se aflorando, e agora ele está finalmente se mostrando
- aquele cara... você conhecia ele de onde? - me encostei no guarda roupas
- bom... depois que meus poderes apareceram todos tiveram integrasse em mim, e quem mais teve foi Caliu, que me sequestrou por vários meses pra estudar a extensão dos meus poderes - suspirou olhando pro lado
- mas e os seus pais?
- mortos, Caliu matou eles e depois inventou que eles haviam me matado também. Quando me encontraram eu estava completamente debilitado, Caliu foi pego de surpresa pela sua faxineira e no final das contas ela chamou todo o antigo conselho sobrenatural... - sorriu por alguns segundos antes dele sumir - depois disso me consideraram uma arma... uma arma contra as bruxas. Eles expulsaram Caliu dos clãs das fadas ou de qualquer outro clã, a partir daquele momento ele se tornou um renegado sádico - suspirou juntando as mãos
- mas pelo menos agora você está bem...
- eu estou bem por que eles não querem perder a arma deles - cruzou as pernas em cima da cama
- eu não sei o que dizer... - bufei passando a mão no cabelo - o ar você acha? Perguntei tirando uma roupa no armário que parecia ser do século vinte...
- não é grande demais? - apontou sorrindo enquanto eu tirava a poeira daquela roupa que mais estava parecendo uma cortina
- não tenho pra onde correr - sentei na minha cama e tirei os meus sapatos observando melhor a roupa, ela é grande mas talvez seja confortável... Eu acho.
De alguma maneira Luca havia perdido um pé de seu sapato quando ele nos trouxe pra cá e o outro provavelmente deve ter caído enquanto estava sendo trago pra cá. Ele vai ficar uma fera quando não ver os seus sapatos armanis no pé.
- vai lá tomar banho, depois vou eu - coloquei a minha roupa de lado e olhei ao redor
O quarto é pequeno e também muito sujo, com esse castelo enorme não entendo como pode ter um quarto tão pequeno e sujo desse jeito.
- tudo bem - se levantou e entrou no banheiro mas não havia levado toalha, não sei como iria se secar - tem alguma toalha? - apareceu na porta do banheiro
- não - me levantei e vasculhei o guarda roupa
- eu me viro - entrou no banheiro novamente
Eu bufei sem ânimo e me sentei na cama, encarava o corpo imóvel de Luca repousando, seus olhos verdes me encaravam com as pupilas dilatadas e...
- por que você está me encarando? - me encarou por alguns segundos e depois olhou ao redor da sala
- você é muito estranho - me levantei e abri a janela que havia lá
A luz do local ainda estava acesa, aquilo estava incomodando os meus olhos de uma maneira terrível.
Aquelas janelas pareciam que nunca haviam sido abertas por que assim que as escancarei subiu uma nuvem de poeira no meu rosto. Tossi com a mesma
- eu sou estranho? - se levantou e abriu a janela que ficava acima da cama dele - você estava me encarando enquanto eu dormia - falou ironicamente
- só estava vendo como você estava - fui até o guarda roupa novamente e o abri
- era só ter perguntado - se sentou na cama virado na minha direção
- claro, me desculpe... da próxima que você estiver dormindo eu vou te sacudir pra perguntar se você está dormindo bem e se ainda está vivo - peguei uma muda de roupas que parecia ser do século passado e joguei na cara dele, lá no fundo haviam duas toalhas
- pra que isso? - segurou a roupas encarando ela
- pra jogar fora - peguei uma das toalhas e passei por ele
- vai pra onde? - ele me acompanhava com os olhos
- te interessa? - bati na porta
- o que? - perguntou Lincoln dentro do banheiro com o chuveiro ligado
- achei uma toalha - esperei ele abrir uma fresta da porta para entregar a toalha pra ele
- sério? - perguntou abrindo a porta pela metade
Seus cabelos cacheados estavam molhados e caindo sobre a testa, sua boca estava mais Rosa por causa da hidratação que a água fazia em sua pele, seu cheiro era de rosas vermelhas e canela, a água escorria pelo seu corpo e... estou babando aqui, não imaginei que ele era assim sem óculos e com o cabelo ao natural
- sim - ergui a toalha pra ele e a entreguei
- fiz um feitiço de transporte a alguns segundos por que aqui dentro não tinha nada então precisava de alguma coisa de higiene básica - deu uma risada e me encarou
- ótimo então vai lá que eu preciso tomar um banho também - ri e me virei assim que ele fechou a porta
- eu vou falar com o Nicolas, ele vai ter que arrumar um lugar melhor pra mim ficar - se levantou e largou a roupa na cama
- acho melhor não - aquele mesmo homem que havia nós trago pra cá apareceu na porta me dando um leve susto
- por que não? - Luca parecia com raiva por ser deixado esperando
- o mestre Nicolas não está por aqui no momento....
- então quem está no comando? - Luca cruzou os braços encarando o homem
- Frey - falou passando a mão pelos cabelos
- Frey? Ele não tinha morrido? - Luca parecia surpreso com aquela notícia
- também achamos, no final das contas ele só havia se distancia de tudo e todos após a morte dela - deu um sorriso e olhou pro nada
- ótimo - sorriu - posso ir falar com ele? - andou até o homem
- claro, vamos até lá - o homem abriu a porta
- vai mesmo até lá todo sujo - parei ele apontando de cima a baixo
- eu não ligo - foi impedido de passar pelo homem que fez um chiado com a boca
- vocês está horrivelmente apresentável... se ele te ver assim é capaz de te mandar embora... - comentei encarando os dois
- o que? - franziu o cenho sem entender
- resumindo, vai se limpar imundícia e joga essa sujeira naquele lixo...- apontei para o banheiro na mesma hora que o Lincoln saiu
- oi? - parou na porta me vendo apontando pra ele
- ele te chamou de lixo - Luca foi até a cama pegou as roupas e entrou no banheiro logo fechando a porta
- o que? - veio na minha direção jogando a roupa suja na cama
- eu disse que toda a sujeira deve ir pro lixo, foi quando você abriu a porta - fui até o guarda roupa por que o idiota havia esquecido a toalha
- TRAGAM A TOALHA - gritou de dentro do banheiro
- como se pede? - cheguei perto da porta
- AGORA - apenas a sua voz fez o ambiente mudar e ficar mais pesado
- ok - bati na porta e ele abriu uma fresta para pegar a toalha
- de onde vocês são? - perguntou o homem ainda parado na porta
- Minas Gerais
- São Paulo
- e isso fica onde? - cruzou os braços encarando nós dois
- nossa! Você não estudou geografia? É quase que aqui do lado - Lincoln ria do homem que estava sem entender
- vou fazer uma pergunta melhor, vocês sabem em que lugar estão? - pigarreou
- em um castelo? - Lincoln secava os seus cabelos
- No estado de São Paulo? - dei de ombros
- Brooklin...
- é ok, eu não posso duvidar disso mas como? - tudo ao nosso redor era sobrenatural, eu não poderia duvidar de nada mas não sabia como eu... nós havíamos chegado lá
- eu acho que ele no ato de desespero fez vocês virem pra cá de modo aleatório não programado.. ao que parece vocês estavam brigando, já que chegaram totalmente amassados - aprontou pra mim de cima a baixo
- o que? - não entendi o que ele quis dizer
- são portas... portais que nos levam aos reinos sobrenaturais quando você tem alguém que está se concentrando por perto ele consegue acertar o local com precisão mas se ele estiver com pressa vai se desconcentrar e acabar oscilando os seus pensamentos, o nos fez cair longe do local previsto pelo teleportador... mas eu jurava que o reino dos vampiros ficava em São Paulo... - comentou Lincoln enquanto secava o seu cabelo
- errado, os vampiros ficam nessa parte dos Estados Unidos - girou o dedo no ar
- é os outros? - queria saber onde os meus amigos estavam agora
- eu não sei, não somos autorizados a saber, apenas os mestres e os anciões sabem as localizações - cruzou os braços me encarando
- por que?
- segurança - sorriu e olhou a porta do banheiro ser aberta
- então quer dizer que as mesmas coisas que a gente vê na TV é o mesmo que acontece aqui? - estava estarrecido
- sim
- então também tem caçadores de sobrenaturais - olhei para ele e depois para Luca que já estava trocado
- ...
- Então a sua resposta é sim - falei olhando para o Lincoln
- vamos? - Luca passou por mim
- vamos... leve o híbrido também - apontou para o Lincoln
- e eu? - levantei as mãos para o alto
- você fica, digamos que ele não gosta de...
- humanos, Na verdade quase ninguém gosta - o homem me encarava de cima a baixo
- mais um motivo para não me deixar sozinho aqui - sorri tentando passar por eles mas o homem me segurou
- vem cá, quem é você? - encarei o homem de cima a baixo
- Augustus - me empurrou para trás
- eu vou poder ir? - não queria ter meu sangue sugado, não estava afim de virar um vampiro e também não estava na minha lista de maneiras de ser morto
- Você preza pela sua segurança? - Augustus perguntou para mim
-Que pergunta, é lógico que eu prezo - bufei com a pergunta
- E você? - olhou para Luca
- digamos que ele é humano mas ainda é útil
- pressentimento?
- Pressentimento - passou pela porta e Lincoln o acompanhou
- eu vou ficar aqui com você - passou do meu lado e se sentou na minha cama
- Sério? - eu queria ver como eram todos os vampiros por que acho que Augustus não é o espécime modelo
- É pra sua segurança - me olhou por alguns segundos
- Por que não gostam de humanos? - me sentei ao lado dele
- Por nada - virou o rosto
< por que eles são o nosso alimento, ou eram até os caçadores chegarem agora temos que roubar hospitais de diversas áreas do país>
- Nós somos alimento pra vocês e é provável que os caçadores não deixem mais que isso aconteça - aquilo saiu no automático, ao mesmo tempo que eu ouvi, acabei falando
- O que? - perguntou vidrando os olhos em mim
- Nada - me levantei
- Não, não, não... - ele me segurou pelo braço e me jogou na cama
- Eu só vou tomar banho - tentei me soltar, mas por ele ser um vampiro sua força era maior do que a minha
- Você ouviu os meus pensamentos... - Aquilo não foi uma pergunta
- Eu sou um humano, a gente não tem essa capacidade - ri com a pergunta dele mesmo achando que tinha ouvido
- Não, eu sei que você ouviu... - ele se levantou e foi ate a porta trancando ela
- O q-que você esta fazendo? - subi mais na cama para tentar me afastar ao máximo
- Você ouviu a minha mente... o que você é de verdade? - cruzou os braços me encarando
- Eu não sei - estava com muito medo daquilo ou melhor dele
- O que a sua avaliação mostrou? - a cada segundo ele se aproximava mais e mais - Você não esta entendendo a gravidade da situação Marcos... tem alguma possibilidade de você ser um bruxo? - respirou fundo e suspirou

Celeste - Romance/fantasia GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora