Capítulo XXII - Marcado

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- SOCORRO – alguém gritou de trás da bancada
  O homem olhou pra pessoa e fez um movimento de mãos, quebrando o pescoço dela, o som do osso quebrando preencheu o local.
- eu volto outra hora – dei alguns passos pra trás quando senti trombar com alguém
- o que tá acontecendo aqui? – o homem atrás de mim perguntou estarrecido
- corre daqui – empurrei ele pra trás vendo o outro vir na minha direção – CORRE – gritei puxando o homem comigo
- por que? – ele mesmo sem saber totalmente o motivo estava me acompanhando
- ele ia matar a gente – ele entrou em um beco e eu fui junto...
  Espera, becos nos filmes não é um bom sinal, nunca é um bom sinal.
- corrigindo, ele vai matar você – se virou bruscamente me dando uma cotovelada no rosto, me fazendo cair de costas no chão
- por que você fez isso – pressionei o meu nariz pela dor que estava sentido
- não é por mal, é só que você estava no local errado e na hora errada – o homem da lanchonete apareceu e me pegou pelo colarinho do meu moletom
- me permite Gaspar? – aquele homem perguntou cravando o dente no meu braço enquanto Gaspar me encarava
- deixa pra mim também Nicolai – sorriu
  Chutei o peito de Gaspar  envolvendo os meus pés em escudos, aumentando a força de impacto, jogando o mesmo na parede.
- seu merdinha – Nicolai tirou a boca do meu braço e com uma força absurda me lançou em uma grade que servia como “muro"
- acho que o merda aqui é você – me levantei vendo ele pegar uma barra de ferro e correr na minha direção
  Criei uma espada luminosa e comecei a me defender assim que ele deu o seu primeiro ataque, envolvi a espada em um escudo também, só que dessa vez eu fiz os dois se fundirem, afiando mais a espada e também deixando ela muito mais resistente.
Dei um corte diagonal, cortando a barra de ferro em duas quando ele usou ela pra se defender, dei um chute alto em direção ao seu rosto, só que ele se defendeu com uma das barras, com a outra ele colocou toda a sua força e bateu na minha perna.
  Os danos não foram tão grandes por que minha velocidade de raciocínio resolveu ser mais rápida e eu criei um escudo em cima dela, só que ele não foi forte o suficiente pra conter todo o impacto.
 Cai no chão com a perna latejando, minha espada havia sumido pela minha falta de concentração. Nicolai me olhando sorriu, jogou as barras de ferro pro lado e me deu um chute na barriga com força, e isso se repetiu diversas vezes.
  Gaspar estava vindo até mim, se abaixou ao meu lado quando chegou e começou a tirar a minha roupa, estava sem força pra fazer qualquer coisa, meu corpo só conseguia doer, sem parar.
- eu vou te matar lentamente, mas antes quero provar desse seu corpo – sorriu terminando de tirar a minha roupa
- por favor não faz isso – implorei antes de Nicolai chutar o meu rosto. Seu sapato não era um normal e sim um com bico de ferro.
- shh, isso vai acabar... não vou mentir, não vai ser rápido nem prazeroso... pra você – me virou de bruços enquanto eu me debatia pra que ele parasse
- fica quieto – Nicolai chutou as minhas costas, quebrando uma ou mais das minhas costelas.
- por favor – chorei sentindo ele...
- é tão bom... – soltou um gemido parecendo um cachorro no cio
  Eu me debatia sem parar, só que isso não foi o suficiente pra me soltar, eu estava fraco e ferido, não conseguia me curar por conta própria.
- essa foi a melhor missão – comentou Gaspar passando os braços pela minha cintura
  Minha mente estava em um turbilhão, eu preferia morrer a ter que passar por isso, primeiro as runas e depois isso... meu corpo estava começando a ferver de raiva, meu cérebro estava estourando parecia que iria explodir
  Gritei com todas as minhas forças, não por ajuda e sim de raiva de mim mesmo por ser fraco demais pra conseguir me defender... o grito foi forte o suficiente pra que Gaspar fosse lançando na parede atrás de mim com força, a ponto de nocautear ele
- o que você fez? – Nicolai perguntou me dando um chute no rosto novamente tentando me nocautear.
  Eu era movido pela força do ódio e o resto das minhas energias, me levantei o mais rápido possível e criei uma adaga rosa que logo fiz questão de cravar na barriga dele. Empurrei o mesmo pro chão e cravei ela na sua perna, vendo o sangue cair dela eu só conseguia sorrir, pisei com tudo onde a adaga estava, fazendo ela furar o chão e prender a perna dele naquele lugar.
- por favor, não faz isso... não fui eu quem te estuprou, foi ele – apontou pra Gaspar caído no chão desmaiado
- você podia ter me ajudado mas preferiu ajudar ele – sorri sentindo os meus olhos arderem, é bem provável que eles estivessem mudando a sua própria coloração.
  Ele tremeu quando me olhou, tentava a todo custo sair dali só que não conseguia. Meu corpo e as minhas energia estavam se esvaindo mas eu não deixaria de fazer isso.
- espero que goste dos momentos que passaremos juntos antes de você morrer – sorri sentindo o cheiro de medo no ar, ele havia se mijado de medo – o que foi? – perguntei criando uma espada grande e afiada...
  Levantei ela no ar e enfiei bem no meio das suas pernas, cortando o seu amiguinho e atravessando a bacia dele, o mesmo só sabia gritar por sentir muita dor e por um segundo, ele implorou por clemência.
- eu vou ser Clemente com você – sorri de um modo diferente, estava ficando mais fraco, se não fizesse nada acabaria morto nesse chão
- o cadela – Gaspar se levantava fazendo asas crescerem e chifres junto com as suas mãos que ficaram em chamas
“- você não quer fazer isso Gaspar – andei lentamente na direção dele fazendo ele fixar o seu olhar em mim
- é por que eu não faria isso? – sacudiu a cabeça  
- por que você gostou de mim no momento que você me viu, você me quer, você se sente atraído por mim – me aproximei mais vendo ele apagar o fogo das suas mãos
- eu quero você comigo – passou os braços pela minha cintura
- eu também te quero – dei um selinho nele com um sorriso grande”
- o que você fez? – Nicolai estava morrendo de medo e dor
- algo bom pro... pra mim no caso – estendi a minha mão para Gaspar que estava em meio a uma ilusão da morte
- você não precisa fazer isso... – pediu apertando a minha perna
- sinto muito – uma chama rosa se formava na minha mão, seu brilho podia matar imensidões de telepatas – destruição da mente – atirei o fogo na direção da sua cabeça
- GASPAR, SAI DAI – gritava Nicolai sem parar
  Quando o fogo entrou em contato com a sua cabeça ele caiu no chão de olhos abertos, morto e em um lugar onde os seus pesadelos eram sempre relembrados o mais vividamente possível... quase um inferno mas personalizável.
  Cai de joelhos no chão... o que eu tinha feito. Olhei pras minhas mãos ensanguentadas, o que eu tinha me tornado, matei uma pessoa.
- assassino, me deixa ir – ele tentava se arrastar só que eu tinha atravessado os seus ossos com a espada e pra sair dali ele precisaria quebrar ela
- merda – bufei sentindo os meus olhos lacrimejarem sentindo a minha visão começar a ficar turva.
  Peguei o meu moletom que era a minha única peça de roupa que não estava rasgada ou suja de sangue e sai correndo de lá ainda nu, só que isso não foi muito eficaz, minhas energias tinham acabado totalmente, cada passo que eu dava estava cambaleando, até cair de joelhos no chão
  Tentei me mover mais um pouco, só que não consegui e acabei desmaiando no chão... não quero pensar na ideia de ter matado alguém e talvez matar outra pessoa também. Talvez a morte pra mim seja a minha redenção.
    8:40, 2 de abril de 2020
Acordei com o sol batendo no meu rosto, sem saber onde estava mas tendo certeza de que não estava mais na rua, sentia falta de alguém perto de mim...
- bom dia Frey – falei me virando pro lado pra chegar mais perto dele... só que eu caí no chão.
  Abri os meus olhos procurando por ele e lembrei de tudo o que havia acontecido ontem... quando estava prestes a me levantar vi que o meu moletom estava no chão debaixo da cama, então me arrastei pra pegar ele.
- senhor Marcos... onde ele está? O garoto fugiu – um homem vestido de médico entrou e saiu correndo atrás que eu me levantasse pra falar que eu estava ali
  Eu estava vestido com aquelas roupas de hospital, meu tênis também estava ali só que... sujo de sangue.... espera, como ele sabia o meu nome? Eu não estou com nada que em identifique... em que furada eu me envolvi agora?
  Tirei aquela roupa de hospital e coloquei o moletom, graças a Deus ele é mais alto que eu e isso faz com que a blusa fique um pouco acima dos meus joelhos, calcei o tênis e fui pra porta quando ouvi passos vindo até o quarto.
  Me escondi debaixo da cama novamente vendo dois pares de perna entrando no quarto
- onde ele está? – a voz dele era muito familiar
- e-e-eu não sei, ele estava aqui com um monte de sedativo – o médico gaguejava com medo
- ache ele ou você não vai sair vivo daqui – segurou o homem e empurrou ele na parede
 Mas senhor...
- sem mais... Bertold você sabe o que o anel da natureza é capaz? – eu vi o homem começar a sufocar sem mesmo ser tocado
- se-senhor
- agora você sabe o que um pequeno gesto é capaz de fazer, espero que não me faça mostrar a totalidade dele, ache o detentor da mente antes que ele acabe com todos nós – deu uma risada e saiu de lá em passos pesados
 O médico estava estático no mesmo lugar, ele saiu do quarto e eu sai de baixo da cama, fui até a porta e coloquei a cabeça de fora do corredor constatando que o mesmo estava vazio.
  Em passos lentos sai do quarto e corri até uma das portas de saída de emergência. Desci todas as escadas até chegar no térreo, onde eu tive um vislumbre do local que estava... não era um hospital, estava mais pra um prédio de segurança privada.
  Corri até a entrada onde havia alguns homens fazendo a segurança, eles pareciam estar em alerta. Furtivamente usei o local ao meu redor pra me camuflar.
- talvez eu possa refratar a luz com esse escudo... – sussurrei fazendo um escudo ao redor do meu corpo... sim ele refratava a luz mas qualquer desconcentração que eu tivesse faria com que eu acabasse sendo exposto.
  Só que esses poderes não estavam em meu controle, no momento em que estava passando no meio deles aquela invisibilidade acabou, me deixando a mostra e vulnerável.
- é ele, capturem mas não matem... – comentou um tentando me segurar, só que eu me esquivei, começando a correr.
   Chegando ao lado de fora, atravessei a rua, Um carro freou bruscamente, quase me atropelado.
- o que você tá fazendo na rua? – me encarou de cima a baixo
- me ajuda Troy – entrei no carro dele
- por que? – se virou pro banco de trás me olhando
- parados aí... – dois dos seguranças estavam a frente e chegando mais perto de nós com armas apontadas na nossa direção
- me tira daqui e eu te conto tudo – pedi me encolhendo no banco
- não... - falava o homem de fora

Celeste - Romance/fantasia GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora