Capítulo XVII - Quem esta perto

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O que ele estava... o que tá acontecendo e por que o rosto dele está tão próximo do meu?
- ia rolar alguma coisa? Por que eu tô boiando, quando você chegou? – ele tinha um sorriso no rosto
- não era nada – sorriu e se levantou
- pra onde você vai? Eu ia contar alguma coisa... que estranho estava na ponta da língua mas eu acabei esquecendo – sorri e me levantei
- eu tenho que ir, mas eu volto – me deu um abraço e saiu de lá
- tudo bem – meu sorriso desmanchou e eu fui até o livro novamente
  Abri na parte da mente
- um efeito colateral desse selo também é a imunidade psíquica do atingido, fazendo com que nenhum feitiço, poder, ou persuasão afete a sua mente – suspirei fundo – por que você queria que eu esquecesse isso? – não havia entendido o por que daquilo mas vou descobrir
   Voltando ao que eu queria fazer... onde eu esconderia se fosse um mestre incumbido de guardar um anel da alma
- os objetos da alma podem ser qualquer coisa – tinha folheado tanto só pra achar isso... que porra
  Tô nem aí, vou vasculhar tudo
Me levantei da cadeira e fui até o guarda roupas dele, abri e comecei a revirar tudo o que tinha lá dentro e... wow, é grande, parece um cavalo.
 Abaixei mais e procurei por algo dentro das caixas que haviam na parte debaixo do armário, na maioria delas não tinha nada de interessante até que achei uma caixa com o nome Sam.
- de quem é isso? – puxei a caixa pra mim
- Marcos, eu vol... o que você está fazendo? – ele veio em alta velocidade na minha direção e pegou a caixa da minha mão com muita brutalidade – por que você está mexendo nisso? – ele estava vermelho de raiva mas parecia se conter
- me desculpa, eu... estava procurando o anel – passei uma mexa do meu cabelo pra trás
- você não entende? Aquilo em hipótese alguma poderia ir pra sua mão, se você tivesse prestado atenção no que falei saberia o porquê – ele estava visivelmente mal
- desculpa, eu não fiz por mal – me levantei do chão de cabeça baixa
- tudo bem – respirou fundo e me encarou – é que...  – ele se sentou no chão - ... era da minha falecida esposa – sorriu triste encarando a caixa  
- o que aconteceu? – me sentei de frente à ele – se não quiser falar sobre isso tá tudo bem – toquei na mão dele
- tudo bem – sorriu abrindo a caixa que era mais funda do que aparentava – Samantha Novak, ela era uma fada, ela se infiltrou aqui pra matar todos nós, foi treinada pra isso, recebeu os instrumentos certos pra isso, Mas... o destino teve outra escolha. Ela se apaixonou por mim, e eu por ela, só que depois de alguns meses uma guerra começou... – ele tocou a minha mão de volta fazendo o ambiente mudar a nossa volta
  Ela havia chegado lá em busca de abrigo, eles abriram as portas de bom grado pra ela, em uma noite ela sacou uma espada das fadas e um escudo do mesmo jeito, ela tentou matar todos mas lembrou de Frey, tudo o que ela sentia se dissipou. a imagem cortou e fomos transportado pra uma guerra, Samantha estava ajudando a atirar, eles estavam atirando contra ela e os outros que estavam no alto de algo parecido com... uma torre. Uma bola de fogo foi lançada na direção da torre, ela estendeu as mãos na direção daquela esfera e absorveu o fogo, em um breve momento ela olhou para o Frey e uma lágrima que fez uma trilha pequena de lava desceu pelo seu rosto, ela parecia ter sussurrado um “eu te amo".  Quando terminou de absorver aquela esfera de fogo tudo na percepção do Frey pareceu ficar mais lento, ele correu até ela só que foi tarde demais, as células de Samantha não aguentaram tanto fogo percorrendo pelo seu corpo e o resultado final foi a sua morte, ela foi reduzida a cinzas pelo fogo. À imagem ficou instável novamente, fui trago de volta.
   Assim que minha visão ficou estável, vi que Frey estava ofegando muito, muito mesmo. Estava visivelmente fraco e vulnerável
- tá tudo bem? – perguntei tocando nele
- não – ele estava com dificuldade pra respirar – eu gastei quase toda a minha energia vital  pra fazer essa projeção no espaço e te mostrar isso... – ele estava ficando muito mau
- você precisa se alimentar, não é? – ele acenou em confirmação, mesmo que eu corresse até a cozinha não daria tempo de pegar uma bolsa de sangue e que trouxesse de volta – se eu for fazer isso, quero que seja do jeito clichê – sorri vendo ele sorrir também com aquela frase
- como os vampiros da TV? – gargalhou fraco
- sim – passei os meus cabelos pro lado direito do meu pescoço e aproximei mais da boca dele.
- me desculpa – ele cheirou o meu pescoço e logo em seguida cravou os dentes nele.
  Por que eu fui escolher o pescoço? Eu poderia ter dado o braço que acho que teria doido bem menos do que isso.
  Me sentia mais fraco que o normal com aquilo, isso já era de se esperar... mas foi só depois de um minuto ele tirou a boca do meu pescoço limpando os cantos da sua boca com um olhar de preocupação.
  Estava com muito sono, pelo menos eu sabia que ele estava bem, e era isso que importava já que foi culpa minha ele ter ficado naquele estado.
 Apoiei a minha cabeça no ombro dele, sentindo cada vez mais vontade de fechar os olhos.
- não dorme – me deu um tapinha no rosto pra me manter acordado
- por que? Você é tão quente – falei me aconchegado mais
- droga – fechei os meus olhos por alguns segundo e senti um cheiro forte de sangue subir no ar – bebe – colocou a mão na minha boca, o líquido desceu por ela, dando de encontro com o meu organismo que logo reagiu com uma melhora significante
   Me sentia com mais energia, menos sono, mais força, velocidade, conseguia sentir mais cheiros que o normal...
- o que você me deu? – abri os olhos sorrindo e vi a mão dele cortada se curando
- o sangue de um mestre vampiro – sorriu mostrando a mão já curada
- acho que vou precisar disso sempre – sorri mesmo achando isso um pouco nojento, mas é cada um com a sua preferência
- quem sabe eu não te dou mais do meu sangue, aproveita que é o sangue de um MESTRE por que o dos outros não surgiria efeito em você – deu uma risada e remexeu na caixa
- o que é isso? – perguntei vendo ele tirar um anel roxo e um bracelete azul
- era as armas dela – encarou elas por alguns segundos
- por que você não usa? – perguntei olhando mais perto
- por que elas não se ativam comigo – colocou o anel e o bracelete em pulsos opostos e tentando ativar mas não acontecia nada – quer tentar? – perguntou tirando os acessórios
- quero
- aqui – falou me entregando os acessórios.
 Assim que eles entraram em contato direto com a minha pele, acenderam como luzes pisca pisca.
- acho que eles encontraram alguém digno – se levantou passando a me olhar de cima  
- não sei – coloquei o anel e ele brilhou em roxo partindo pra um violeta vivo, aconteceu o mesmo quanto eu coloquei o bracelete, de um azul morto e frio ele passou a um azul ciano brilhante.
- tem certeza que ainda não sabe? – bagunçou os meus cabelos
- como eu ativo? – perguntei sacudindo o meu dedo
- use a sua criatividade, pelo que ela tinha me falado quando chegou, o anel são pra qualquer tipo de arma e o bracelete é pra todo tipo de proteção, lógico que a força deles vai depender da força do seu usuário –  se sentou na cama novamente e me puxou pra cima me fazendo sentar na mesma – cria um escudo aqui – apontou pra frente dele
- tá bom – me concentrei e apontei pra frente dele
  Minha mão se encheu de uma nevoa violeta e dela saiu alguns traços de energia que criaram um escudo comum
- tá vendo esses traços?
- sim
- eles são a força que você tem, sendo postas no escudo – ele fechou o punho e socou o escudo fazendo o mesmo se despedaçar em mil pedaços como vidro e depois se desfazer – Pra usar isso você vai precisar exercitar tanto o seus músculos... quanto o seu cérebro, além do mais você vai precisar saber lutar se quiser usar isso
- você vai me ensinar? – perguntei cruzando os braços enquanto via os acessórios apagarem por eu ter cortado o fluxo de força até eles
- tudo que estiver ao meu alcance – passou a mão pelo meu ombro – rola você me dar mais do seu sangue? – seu um sorriso sarcástico
- rola você me dar mais alguns acessórios desses e também um anel da alma? – ergui uma das minhas sobrancelhas
- não
- idem
- antes que eu me esqueça... – ele se sentou novamente quando ia se levantar
- digas – falei puxando o S
- nós temos notícias terríveis e digamos que... umasegundaguerravaiserformadaporquetodososanciõesforammortoseseusanéisforamroubados – ele falou tão rápido que eu não havia entendido quase nada, só uns 90% de tudo.
- isso não é bom – falei com os olhos arregalados
- e... temos que acalmar a todos então mandei que fizessem um baile aqui, depois de amanhã eu falarei o que aconteceu pra todos...
- por que não fala isso agora?
- Marcos... – ele se virou pra mim – eles não tem muita coisa aqui, sempre seguindo ordens e tudo mais, um momento de descontração vai deixar eles bem antes desse maldita guerra – passou as mãos pelos cabelos bufando
- me conta isso direito – coloquei os pés na cama e os cruzei
- no dia em que você foi “selado" todos os nossos anciões foram atacados, todos os que possuíam os famosos objetos da alma foram mortos e os o objetos roubados, bom... quase todos já que o objeto da mente se perdeu com a sua última anciã
- por que eles roubaram os objetos da alma? – não entendia pra que roubar todos
- eu também não sei...
- e se outra pessoa foi selada? E ele matou todos pra conseguir se libertar do selo? – acho que isso não é muito provável
- não é possível, todos foram mortos ao mesmo tempo pra que não fosse possível se comunicar com mais ninguém
- tem certeza? – me levantei
- tenho, todos estão a centenas de quilômetros um dos outros.
- ok... Você tem algum quadro de investigação? -  olhei ao redor e achei um
- pra que? – se levantou também
- vou tentar descobrir o por que – peguei aquele mesmo livro.
- quer ajuda? – andou até a mesa também
- por enquanto não – primeira pista de algo
  Deixei cair o livro no chão e ela abriu em uma parte onde faltavam algumas páginas.
- tem mais algum livro? – peguei ele do chão
- não aqui
- isso não pareceu por acaso – refleti um pouco
- como assim? – se sentou na cadeira da mesinha
- o livro cai no chão e de repente ele já nós mostra algo? Tem alguém se comunicando com a gente – não era comum aquilo
- você está ficando maluco – sorriu
- é sério – falei colocando o livro na mesa
- descansa um pouco, vou lá em baixo falar da festa e ajudar eles a preparar tudo
- tá bom – continuei parado no mesmo lugar enquanto ele se levantava e saia de lá – não estou ficando maluco – tirei o caderno de cima da mesa
 “ perigo" era o que estava escrito em letras grandes na mesa.

Celeste - Romance/fantasia GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora