Capítulo XVI - As Runas

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- vai ficar tudo bem – a mão de alguém estava tocando o meu rosto
- tira a mão da minha cara – dei um tapa forte na mão de alguém... de alguém? Quem estava ali?
- você acordou – ele me puxou pra um abraço forte
   Eu ainda nem tinha aberto os olhos e quando o fiz me arrependi, a luz do sol batendo nas minhas pupilas eram demais pra se aguentar... espera, luz do sol?
- quanto tempo eu dormi? – perguntei exaltado me virando para o Frey que estava péssimo, com a barba por fazer e com uma roupa horrível, quando eu havia desmaiado estava de noite, esse sol não é condizente.
- duas semanas, você estava custando se curar, então tive que optar por outros meios para atingir o resultado final. Você quase morreu – me soltou e se levantou
14:38, quarta-feira, 1 de abril de 2020
- uma semana? – passei a mão no meu rosto
- inacreditável, eu sei – sorriu trazendo um copo cheio de água e um comprimido na mão
- por favor me fala que isso é uma pegadinha... por que se você disse que foram duas semanas comigo apagado então, hoje é dia primeiro.... – passei a mão pelos meus cabelos
- eu queria que fosse mas não é... o seu estado era crítico, você sobreviveu tanto pelo que eu te dei, quanto pela sua própria força de vontade em viver... – sorriu olhando no fundo dos meus olhos
- onde estão os outros? – passei os olhos pelo local pra quebrar o contato visual em busca do Augustus, Luca ou até mesmo do Lincoln.
- não deixei eles ficarem – pegou o copo da minha mão quando eu bebi o líquido que estava dentro dele junto ao comprimido.
- por que? – me ajeitando na cama e sentindo uma ardência nas costas
- por causa disso aí? – apontou pra trás de mim.
   Me virei e no lugar da cabeceira da cama havia um espelho.
- o que é isso? – encarei aquelas runas, já havia visto elas em algum lugar só não me lembrava onde
- eu achei ontem – ele correu e voltou com um livro na mão, se sentou do meu lado, logo começando a ler – esses são os sete selos do destino provenientes dos sete objetos da alma, eles foram criados para conter fontes de poder, o único modo de desfazer e libertar a fonte é com os objetos da alma... – ele folheou mais algumas vezes e parou
- o que são os objetos da alma? – ergui uma das minhas sobrancelhas
- eu achei que nunca fosse precisar falar disso com ninguém – fechou o livro e me olhou no fundo dos olhos – os objetos da alma, são... como o próprio nome diz são objetos, nelas contém os poderes de um clã especifico interligados pelas suas almas. Só que uma vez que um clã possui a seu próprio anel em suas mãos, eles são tentados a libertar o poder total de seu povo ou apenas o seu próprio, sempre se acham no direito de tomar o mundo pra si. A séculos, os sete principais povos do mundo sobrenatural que possuíam seus próprios objetos da alma liberaram o poder total do seu povo, logo reivindicando uma guerra imensa contra os outros clãs, isso gerou vários mortos e nenhum vencedor. Quando perceberam o erro já estávamos quase ficando a beira da extinção, apenas desse modo chegamos ao acordo de que os objetos seriam trocados de Reino, fazendo com que ninguém tivesse o seu próprio objeto no seu Reino, trocamos todos, assim não ficaríamos tentados a usar, já que os objetos alheios não funcionam com outros povos de almas diferentes.
- uma guerra? Eu sinto que vi uma em algum lugar... não era na TV – desviei o meu olhar por alguns segundos, ele abriu o livro novamente
- o portão da mente, uma vez trancado o indivíduo não consegue lembrar de coisas ocultas que tal poder tenha mostrado pra ele... – mudou de página – isso também inclui que qualquer poder usado contra o amaldiçoado nessa área será absorvido da primeira vez e depois refratado, do mesmo jeito que não será possível utilizar nenhum desse poderes já que ele estará com um bloqueio de poderes telepáticos, como leitura, implantação de memórias, alteração de memórias, proteção psíquica, rajadas psíquicas, invisibilidade psíquica, entre outras habilidades – fechou o livro novamente – não sabia que era psíquico – ele passou a mão na barba que estava por fazer
- não? – cruzei os braços
- tem cheiro de humano... na verdade o seu cheiro está em constante mudança mas o cheiro humano é o que predomina – se aproximou mais e cheirou o meu pescoço, soltando uma risada – você fedendo- deu uma gargalhada descontraindo
- você também está, pelo menos eu tinha um motivo mas é você? Qual era o seu motivo pra não tomar banho? – cruzei os braços
- estava esperando o momento pra te ver acordar... – tá legal aquilo me pegou completamente de surpresa... acho que eu estou ficando vermelho
- onde eu acho esses objetos? – perguntei tentado me levantar mas não conseguindo e rapidamente sentindo um ardor nas costas
- acha mesmo que é só bater na porta dos castelos e falar: oi! Será que eu posso usar o anel da alma que você guarda pra que eu possa me libertar de um feitiço? – aquilo foi extremamente sarcástico... gostei – não é tão simples assim... – me ajudou a sentar na cama novamente.
- se eu pedir não, mas... e se um mestre do Reino dos vampiros pedir? – cruzei os braços novamente encarando ele
- isso não existe, não temos se quer autorização de ver os objetos, só os grandes anciões – se levantou e colocou o livro em cima da bancada
- isso é sério? – perguntei estupefato
- mais do que você possa imaginar – gargalhou e abriu uma das cortinas para o resto da luz do sol entrar
- só que... isso significa que vocês têm uma, certo? – cruzei as pernas
- tecnicamente sim – ligou a TV e colocou em um canal qualquer
- por que você não me empresta? Eu devolvo depois – sorri imaginado que não iria devolver por nada
- não existe possibilidade
- por favor – fiz biquinho
- faça o que quiser mas aquele anel não pode ser entregue a você – deu um peteleco no meu nariz... É eu iria descontar.
- tudo bem – estendi as minhas mãos em sinal de rendição
  Alguém bateu na porta...
- Mestre Frey?
- já vou – se levantou indo até a porta e abrindo logo em seguida – o que?
- o Conselho está aqui para conversar com o senhor, parece que houve um problema...
- tudo bem, eu já estou indo – fechou a porta vindo na minha direção – vou ter que sair, não faça nada imprudente.
  Ele apenas piscou e desapareceu, o Houdini em pessoa, se bem que a essas horas, o Houdini que eu havia visto a essas horas deveria estar fazendo algum truque de mágica pra entreter as pessoas.
  Me levantei da cama e resolvi vasculhar o local, se eu fosse um grande ancião onde eu esconderia um anel da alma?
 - primeiramente que eu nunca seria eleito como um grande ancião mas vamos pensar positivo – dei uma risada histérica
  Reparei que aquele livro ainda estava ali, talvez ele me desse uma noção de onde o anel poderia estar.
  Quando eu me sentei na mesinha pra ler com atenção, alguém bateu na porta, me forçando a levantar e atender, mas antes peguei uma blusa dele que estava jogada na cama pra vestir, era confortável pelo menos
- que foi? – perguntei abrindo a porta, logo em seguida alguém pulou em cima de mim
   Com a força de impacto cai no chão junto do indivíduo, fazendo as minhas costas doerem novamente.
- que bom que está bem – Lincoln estava me abraçando apertado, ele parecia estar apertando pra machucar.
  Agora que eu estou sem poderes (mesmo que eu não soubesse controlar antes...) conseguia ver o quanto o Lincoln era forçado, seu jeito certinho, seu sorriso, até a sua voz era um pouco forçada; se bem que a minha mãe me ensinou a não julgar um livro pela capa, mas eu vou julgar mesmo assim.
-  sério? – me soltei do abraço e me levantei com um sorriso falso
- sim – ele sorria “animado" mas no fundo dos seus olhos dava pra ver ele contendo a vontade de revirar os mesmos
- como você está? – Luca me puxou mais perto dele e me abraçou também
- estou vivo, ainda posso reclamar por isso – sorri sem mostrar os dentes
- é você está mesmo bem – sorriu me soltando – só viemos ver como você está, temos que voltar para a reunião de emergência que vai começar daqui a pouco com os mestres dos reinos.
- e eu vou de penetra – Lincoln balançou o braço em animação e isso me fez revirar os olhos de tedio, não gostava mais dele daquele mesmo jeito.
- legal – coloquei a mão na porta mas eles ainda ficaram parado esperando – então tchau – ameacei fechar a porta e eles se entreolharam – vão se atrasar, tchau – empurrei Lincoln pra fora e com um sorriso fechei a porta na cara dele
   Respirei aliviado e fui andando até a mesa quando alguém bateu na porta novamente, praguejei com todos os nomes conhecidos e com todos que eu havia acabado de inventar naquele momento. Voltei até a porta e à abri
- oi? – esse oi saiu tão sem paciência que parecia que eu ia atacar a pessoa quando ela respondesse.
- você tá legal? – Augustus me puxou pra um abraço e eu fiquei sem graça
- acho que quem deveria perguntar isso sou eu – cocei a nuca desajeitadamente
- já me curei daquilo – sorriu e foi até a cama – você virou mesmo amigo do mestre – admirou o quarto de cima a baixo
- ele me ajudou muito – senti as minhas bochechas queimarem por já saber que ele estava pensando em besteira
- eu sei, ele não quis deixar nenhum de nós ver você de modo algum, todos os outros vampiros estão com inveja do garoto que conseguiu dobrar o mestre – gargalhou se sentando na cama
- sério? – gargalhei falsamente, morrendo de vontade de expulsar ele do quarto
- você vai querer voltar a dormir lá? – abriu as pernas dando a entender que estava se sentindo confortável – se bem que depois desse ataque não tem um lugar melhor pra você ficar, do que aqui... – analisou o quarto de cima a baixo, se  bem que isso bem parece um quarto, tá mais pra uma casa dentro de um castelo
- na verdade... – mesmo deitado ao lado dele fui parar no telhado sem que ele se quer percebesse, ou que eu percebesse – ...não existe um lugar seguro... agora tem por que acho que eles fizeram o que queriam
- como assim? – ele não havia entendido
- não conta pra ninguém – puxei a blusa pra cima e mostrei as runas pra ele
- são runas? Um feitiço de selamento... – ele estava forçando uma expressão, não parecia nada surpreso vendo aquilo – foi ele quem fez isso?
- foi
- por que? – ele passou a mão pelas minhas costas
- ele disse que eu estava no seu caminho, que a morte não poderia me deter e também que não conseguia roubar os meus poderes – cocei a cabeça tentando me lembrar de algo a mais – aaah, eu também senti duas conexões vindas de dentro do castelo serem quebradas com ele – a sua expressão forçada, novamente era visível, naquele momento eu estava começando a me arrepender de ter contado aquilo pra ele, se o Frey não queria que eles vissem tinha algum motivo.
 
- você contou isso pra alguém? – perguntou me virando de frente pra ele
- ainda não, estou esperando o Frey voltar pra falar isso pra ele – ele começou a rir estranhamente
- olha no fundo dos meus olhos... – olhei para os seus olhos de cor acastanhada – você vai se esquecer dessas informações que acabou de me falar – seus olhos estavam um vermelho claro

Celeste - Romance/fantasia GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora