-De não me borrar por estar perto de você - gargalhei vendo as veias arco-íris começando a desaparecer
-Gostei de você - sorriu e piscou um olho
-Obrigado... agora eu agradeceria se me deixassem terminar de fazer a minha comida, fico muito instável quando estou com fome, ainda mais por que não almocei por estar amarrado em uma cadeira, enquanto era acusado de assassinato – liguei o fogo
- Como quiser – se levantou com os olhos arregalados pela última parte e se virou para o Augustus, ele apenas estalou um dedo e o cachorrinho foi atrás dele
Agora que eles saíram da cozinha finalmente eu tive paz.
Em alguns minutos já havia acabado de fazer a comida, resolvi ser bonzinho e também fazer pra eles, já que eu iria ficar ali de graça, então deveria acrescentar em algo.
- tá cheirando – Frey entrou na cozinha com um sorriso no rosto
- é claro que está – achei graça no seu comentário
- já tá pronto? – o folgado do Augustus chegou depois se jogando em cima de mim com cara de fome
- sai – Frey encarava o homem mortalmente
- sim, senhor – saiu de perto de mim e foi pra fora da cozinha
- ok, não vou nem comentar – tirei a pressão da panela e à abri
- o que? – perguntou fazendo cara de inocente
- esse ataque seu... prova – entreguei um garfo pra ele
- delícia... Já pode casar – sorriu e me entregou o garfo
- obrigado... esperai, o que? Eu preciso saber cozinhar pra me casar? – fiquei indignado com aquilo
- força de expressão – usou a sua super velocidade e passou por trás de mim – onde eu coloquei a merda dos pratos? – bufou
- na parte de baixo, a esquerda, segunda porta – no tempo em que eu estava esperando a comida terminar de cozinhar acabei ficando com tedio, e resolvi vasculhar a cozinha... sem nada anormal aparentemente.
- vasculhou a cozinha, não foi? – deu uma risada nasalada, se levantou e começou a se aproximar mais de mim
- mais ou menos – me apoiei no fogão por que se não iria cair, mas nesse ato acabei colocando o peso de boa parte do meu corpo na minha mão que tocou a boca do fogão que estava acessa a alguns segundos – aaah – gemi de dor e tirei a minha mão dali rápido
- vem cá – me puxou até a pia – desculpa – ligou a água e colocou a minha mão debaixo dela – vou buscar um kit de primeiros socorros – sumiu em alta velocidade enquanto eu estava com a mão debaixo d’água
A cada segundo que passava a minha mão começava a se curar aos poucos, o que eu poderia fazer? Como eu iria explicar pra ele que eu me curei do nada? Merda, o que eu faço? Eu me odeio por ter que fazer isso.
Fui até o fogão, e naquela mesma boca que eu havia me queimado, coloquei a mão de volta pois aquela altura minha mão já havia se curado totalmente. Assim que ela entrou em contato com a boca, senti o ardor de novo e tive que morder os meus lábios para não gemer de dor, isso teve uma consequência e com tudo acabei mordendo com tanta força que perfurei a parte debaixo dos meus lábios .
Voltei para onde eu estava, já que senti que o Frey estava voltando pra cozinha.
- achei – chegou ao meu lado abrindo a caixa e tirando algumas coisas de lá – vai doer só um pouco – jogou álcool em cima da minha queimadura.
Depois de “esterilizar" ele passou uma pomada, e colocou algodão, gaze, um pedaço de uma faixa e uma atadura.
- acho que agora eu cuido da comida – sorriu e se virou para o fogão
- mas já tá tudo pronto
- eu sei, eu quis dizer que vou colocar comida pra você – abriu a gaveta dos talheres e colocou cada um em seu respectivo lugar – colher ou garfo? – me olhou por cima do ombro
- garfo
- se quiser uma colher não precisa ficar com vergonha – sorriu e se virou
- eu prefiro um garfo mesmo – sorri e me acomodam mais na cadeira
- tudo bem – sorriu e começou a servir um prato
- isso já tá bom – olhei para o tento que ele que ele colocava naquele prato
- só isso? Eu pensei que os humanos comessem mais – me encarou por alguns segundos e colocou o prato em cima da bancada enquanto servia outro
- eu estou de dieta – não gostava do meu corpo, desde novo era zuado por ser acima do peso, meu próprio cérebro grita que eu estou gordo e que ninguém gostaria de mim se eu continuasse gordo
- está de dieta? Por que? – parou de colocar comida com os olhos vidrados na panela
- é que eh...
- você tem problemas com o corpo – voltou a se servir e depois colocou o prato em cima da mesa, dirigindo a sua atenção a mim
- não é isso...
- não precisa tentar disfarçar, Novak tinha o mesmo problema...
- Novak ? – fiquei bastante curioso agora
- ninguém importante, devo aceitar o que aconteceu sem tentar me apegar ao passado – respirou fundo e andou até mim
- quer conversar?
- ainda não – sorriu e colocou o garfo dentro do meu prato
- por favor não fala...
- olha o aviãozinho... – gargalhou em meio a fala e estendeu o garfo carregado
- você não sabe a vontade que eu estou agora de enfiar esse garfo na sua perna – sorri abaixando a cabeça
- come logo antes que eu enfie isso pelo seu nariz – parecia minha tia falando comigo quando eu não queria mais comer, depois de botar um prato cheio
- hummm – debochei e abri a boca imitando ele
- tá debochando? – perguntou colocando o garfo de volta no meu prato
- imagina – retirei os olhos com um sorriso no rosto
- ae – começou a apertar a minha cintura, isso me fez sentir cócegas demais
- p-p-p-para por favor – repetia em meio a risadas
- só se pedir desculpas – continuava me apertando
- nunca – estava morrendo de rir com aquilo
- então tá – ele aumentou a velocidade, tinha esquecido que era capaz de fazer isso
- t-tá bom, m-me desculpa – estava ficando sem fôlego de tanto rir
- assim que eu gosto – me soltou e pegou o garfo de novo.
O ar parecia estar mais leve com ele ali... ele me trazia a mesma paz que focar perto dos meus amigos me trazia... era como se eu estivesse em casa junto de todos que eu amo.... enfim iludido
- acho que eu mesmo posso fazer isso – peguei o garfo da mão dele com firmeza fazendo o contato com as nossas peles
Era como se um choque percorresse o meu corpo
- ei – sorriu me puxando
- eu senti a sua falta – abracei ele apertado
- eu também senti a sua falta – me soltou e segurou a minha mão me puxando pelas escadas
- pra onde está me levando senhor Frey? – perguntei seguindo ele
- pra um lugar especial – falou sem se virar, chegamos até a torre – fecha os olhos – me puxou mais perto grudando o seu corpo com o meu e tampado os meus olhos com as suas mãos
- acho que é tarde demais – respirei fundo sentindo o agradável cheiro das rosas
- não vale – gargalhou apertando a minha cintura e me puxando mais perto, logo tirando as mãos dos meus olhos, me mostrando um lindo jardim cheio de flores.
- isso é tão lindo – me soltei e andei até uma das rosas no chão
- acho que ela morreu com o tempo que ficou aqui em cima – se abaixou ao meu lado
- é só cuidar dela direito – sorri e passei a mão por cima da Rosa que logo voltou a vida, com um vermelho intenso.
- só você mesmo – sorriu passando o braço pela minha cintura – aliás – me encarou por alguns segundos – eu não sei como falar isso mas... Samantha Novak, você quer se casar comigo?
- eu também tenho algo pra te falar – sorri olhando pra ele
- quem é Samantha? – fui jogado no chão mas aquela cena ainda estava acontecendo.
Aquela mulher tinha os traços parecidos com os meus, como se fosse uma cópia feminina minha. Eu diria que estava de frente à um espelho se não estivesse ali olhando ela de perto, a mesma boca, os mesmos olhos, o mesmo comprimento de cabelo... a única diferença eram os nossos estilos e a minha barba que começava a crescer
- nós vamos ter um filho – gargalhou com os olhos marejados
- não brinca – ele abraçou a mulher que passou as mãos pelos cabelos dele
- é...
A torre onde eles estavam começou a tremer muito, a ponto de ameaçar desmoronar.
- corre – ele se levantou e foi até o parapeito para ver o que acontecia
- Frey, o que está acontecendo – ela correu até o parapeito para ver o que acontecia também
Lá em baixo estava tendo algo parecido com uma guerra.
A imagem mudou, todas as flores haviam morrido, mais pessoas estavam naquele local com arcos e flechas, Samantha e Frey juntos atirando contra todos que invadiam seus domínios. Bruxas, lobisomens, wendigos, fadas, banshees, raposas, vampiros, demônios, seres psíquicos e telepatas lutando uns contra os outros, eu observava mas não entendia como aquilo começou ou por que estava acontecendo
- vai pra lá, você não pode ficar aqui – ele abaixou o arco e se virou para sua mulher que não estava com uma barriga grande, o que significava que a gravidez não havia seguido em frente
- eu não posso te deixar agora – ela baixou o arco e selou os lábios com Frey
- pelo nosso filho que um dia ira de vir... – parece que eles não abortaram e sim perderam o filho
- é pelo nosso filho que eu faço isso, para que ele não viva em um mundo onde todos nós vivemos separados, temos que nos unir e não brigar entre nós
- CUIDADO – gritou um dos homens ao lado
Frey se virou para ver o que acontecia... uma imensa bola de fogo estava a centímetros do local, mesmo com sua velocidade ele sabia que não conseguiria tirar a sua mulher dali, sua primeira reação foi usar o seu corpo para proteger Samantha.
- ei? – me cutucou, me trazendo de volta
- oi? – encarei ele por alguns segundos.
Desde a minha primeira visão sabia que aquilo era algo amais, eu sei que sou criativo mas meu cérebro não criaria nada assim sem motivo aparente. Aquelas visões parecem ser vislumbres do passado e talvez do futuro
- você estava boiando aí, a comida vai esfriar desse jeito – sorriu colocando uma garfada na sua boca
- foi mal – sorri e coloquei o meu garfo na boca
- uma delícia – saboreou a comida novamente
- eu sei – sorri
Conversamos muito e nos conhecemos bem mais que antes, só que mesmo assim havia algumas coisas que ele ainda não havia me cuidado. Assim que terminamos de comer ele fez questão de lavar os pratos.
- você não costuma fazer isso né? – perguntei olhando ele desengonçado com os pratos
- na verdade não, eu sou o chefe, só mando – sorriu sem se virar
- ótimo, hoje eu mando
- tá abusadinho senhor Marcos
- apenas aproveitando a liberdade a mim dada
- então saiba que aqui tudo bem, mas na frente dos meus subordinados por favor, dirija-se a mim apenas como mestre, ok? – secou as mãos com o pano de prato e fechou a mão pra que eu batesse
- tá legal – não queria comprar briga naquele momento.
Seus olhos brilhavam intensamente, sinal de felicidade, suas pupilas estavam dilatadas e o mesmo não tirava os olhos de mim
- me achou bonito? – chamei a atenção dele
- na verdade... – chegou mais perto, sendo a única coisa que nos separava era a bancada - ... você está com um pedaço de espinafre preso nos dentes – deu um peteleco na minha testa e jogou o pano em cima da mesa
- merda – me levantei e fui até a geladeira, lá deu pra ver o meu reflexo e onde estava a bendita – pronto – respirei aliviado
- recomendo escovar os dentes, vai ser mais eficaz – passou a mão pelos meus cabelos, bagunçando eles totalmente – você fica fofo assim – me encarou uma última vez e saiu de lá em super velocidade
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Celeste - Romance/fantasia GAY
Aventurequatro jovens que descobrem ter poderes incríveis, várias aventuras solos pra que no final se reencontre em suas formas finais, sendo perseguidos por inimigos com poderes além dos seus, terão de testar o limite que sua amizade suporta, descobrindo m...