Wolf Like Me

Fake news

Dan não havia sido apenas eternizado na juventude, ele simplesmente fora transformado em algo que estava há muito tempo contido por dentro de si e, por algum motivo, não se permitia sair. Ele sorria e eu também. Por vê-lo finalmente depois de mais de um ano, por saber que ele estava bem, por poder admirar aquela beleza tão inigualável por perto. Os meus olhos atentos a tudo que era sobrenatural jamais se acostumariam a ver um espécime tão diferente sem anotar todos os detalhes que me chamavam a atenção, mas havia qualquer coisa em Dan que era além do humano mas eu não conseguia saber exatamente o que.

- O que houve com você?! - eu praticamente gritei dentro do carro com as mãos cobrindo a minha boca que estava escancarada num sorriso, ao que Dan imitava o meu gesto. - Está parecendo o David Bowie!

A expressão no rosto de Dan se desmanchou e eu me perguntei o que eu havia dito de errado.

Ele parecia adulto, cheio de glamour e confiante. Seu rosto ainda era bondoso e exalava luz, um sinal de que não fora corrompido pelo meio em que ainda fingia fazer parte pelo nosso bem maior.

- Eu achei que estava mais para Madonna: Confessions Tour! - Dan bateu as mãos no próprio colo decepcionado. - Você não se lembra dos dançarinos?

Balancei o rosto confirmando imediatamente mesmo sem saber do que ele estava falando. Eu não conseguia conter a minha alegria ao vê-lo de verdade na minha frente, independente das circunstâncias. Meus instintos estavam certos: eu precisava sair da sala de aula por um bom motivo.

- Eu sabia que você conseguiria me encontrar, mesmo sem ter como falar com você - ele deu ombros. - Resolvi confiar nos seus poderes estranhos que sempre te levam aos lugares certos.

Eu precisei segurar as lágrimas. De repente as memórias mais recentes vieram à tona e eu teria de contê-las; os pais de Dan colocando os anúncios nos jornais de horário nobre, as coletivas de imprensa, a quantidade de vezes que tivemos de falar com a polícia e com investigadores particulares...

- B, eu vim te alertar sobre algumas coisas, mas preciso ser rápido - ele me avisou.

- Eu imaginei - apertei os lábios numa nova tentativa de conter o choro. - Leon por um acaso não está aqui... Está?

- Não, mas ele sabe me encontrar.

- Quer dizer com um feitiço? - eu estremeci. Se Leon tinha arrumado uma outra bruxa para performar encantamentos e rituais eu realmente não teria nenhuma chance contra ele.

- Não, com o GPS do meu celular e desse carro - Dan respondeu como se fosse óbvio, e por um segundo eu me senti um pouco ingênua. - Resolvi correr esse risco porque eu sei que vale a pena. Ele me mandou atrás de você para saber se e como vocês estão se protegendo. Porque ele está se preparando para voltar aqui... E com mais vampiros.

Engoli em seco porque eu sabia muito bem o que aquilo significava. Mas de forma alguma eu subestimaria a previsibilidade de Leon.

- Quantos ele transformou até agora? - perguntei sem exatamente querer saber a resposta.

- Por enquanto seis, e ele espera que esse número seja o suficiente - Dan fez uma expressão de desgosto. - É quase impossível manter a discrição tendo que alimentar e controlar todos eles. Sabe como Finn fica insuportável com a menor das inconveniências...

- Sei... - concordei. Eu era uma delas. - Então, ele espera que no total sejam dez vampiros, porque ele conta com você do lado deles, mas quando chegar a hora... Você não vai ficar com eles pelas aparências. Ou vai, Dan?

Aquela era uma pergunta necessária. Minha mãe estava certa ao afirmar que nunca se conheceria a natureza certa de um vampiro ou de nenhum ser que tenha uma vida tão longa e recursos infinitos. Se eles não tem nada a perder, nunca se sabe o que eles estão dispostos a fazer - mesmo quando são seus melhores amigos.