O clã

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Eu não sabia onde deixar o maldito carro. Eu já estava muito longe da estrada principal, mas senti que precisava prosseguir numa direção onde simplesmente não havia mais asfalto, então numa decisão brilhante o estacionei no acostamento e entrei na floresta. Esperta. Não é como se eu não tivesse feito isso antes e não tivesse terminado muito mal. 

Estava escuro, isso era óbvio, mas pelo menos não estava chovendo - por enquanto. Mas isso não me impediria de abrir caminho naquele amontoado de folhas espessas até chegar a... Bom, eu não tinha exatamente um destino em mente, mas eu tinha um conceito, uma sensação. Eu sabia que a resposta da minha insegurança e do meu problema estava refugiada ali entre Forks e La Push e eu a encontraria. 

Eu provavelmente caminhei por mais de uma hora no breu até sentir que não estava mais sozinha. Eu sabia que estava sendo observada e provavelmente aquela presença só se manifestou porque assim o quis, caso contrário poderia ter permanecido invisível por muito mais tempo. Mas foi a hora certa, eu também senti. Parei de andar quando a vi a alguns metros à minha frente, tão bela quanto aterrorizante. 

Estou acostumada com anomalias e manifestações mágicas da natureza. Era a primeira vez que eu via um os vampiros frios de Forks e fiquei muito surpresa. A memória de Sam era definitivamente distorcida pelo ódio e pelos instintos naturais de presa e predador, apesar de eu não entender muito bem quem desempenhava qual papel naquela cadeia alimentar, se é que havia uma. 

A vampira na minha frente era minúscula quanto uma criança, mas era uma mulher tão linda que não parecia de verdade. Não parecia estar viva, e realmente não estava. Era impossível não notar seus olhos como duas moedas de ouro reluzentes. Assim como Catherine, ela também poderia se passar por uma fada, com seu cabelo preto curto e as feições delicadas e minúsculas. Mas eu conhecia a natureza e aquilo fazia parte da luxúria do predador; tentei não me encantar tanto por algo que exalava a morte por mais que sorrisse amigavelmente. 

- Você é Blair. - ela disse dando o primeiro passo em minha direção e eu não me movi. - Eu sou a Alice. 

- Sabia que eu estava vindo? - perguntei desconfiada.

- É claro! - ela respondeu como se fosse óbvio e depois, para a minha surpresa, ela me estendeu a mão. - Não estamos longe e todos estão te esperando.

- Eu não deveria tocar em você. - recuei instintivamente.

- Não se preocupe. - Alice estava tranquila. - Não vai acontecer nada.

Balancei a cabeça negativamente e ela sorriu mesmo assim, recolhendo a mão e balançando os braços em volta de si. A minha caminhada era lenta, mas Alice não pareceu se incomodar. Andamos em silêncio por mais alguns minutos até finalmente o meu destino desconhecido apareceu no meio daquelas árvores estúpidas. 

Uma enorme e elegante casa iluminada pelo luar e pelas luzes acesas na extensa varanda nos esperava de portas abertas. O lugar parecia ter no mínimo três andares e grande parte da frente era apenas um único átrio de vidro que provavelmente recebia toda a luz solar durante o dia. Um lugar estranho para vampiros, devo admitir. Me distraí com a arquitetura e deixei de notar que Alice já estava parada na porta e eu ainda subia as escadas da entrada com dificuldade.

Três rostos me encaravam (e devo dizer julgavam) enquanto eu movia o meu corpo um tanto quanto humano entre eles. Havia um casal de vampiros que pareciam ser obras de arte esculpidas em arte que ganharam vida - a grande ironia. Eles eram com certeza mais velhos que eu, mas não tanto quanto meus pais. Seus rostos também estavam nas memórias de Sam. O outro par de olhos âmbar que me encarava estava do outro lado da grande sala era de uma garota loira que definitivamente era uma cópia perfeita de Catherine em beleza, mas ela parecia irritada e incomodada. Como se algo de inconveniente pudesse chegar aos ouvidos de um ser tão perfeito. 

Wolf Like MeOnde histórias criam vida. Descubra agora