Ominous

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As respostas evasivas de Emily tinham me deixado alarmada o suficiente para que eu me sentisse curiosa e feita de boba, as duas coisas que eu mais odiava nessa vida. Eu tinha plena convicção que ainda havia muito mais naquela história e, pior ainda, eu estava morrendo de vontade de saber, mas com Sam aparecendo como se fosse um espectro eu não me sentia nem um pouco a fim de ficar pela casa como se eu fosse mais um membro permanente do esquadrão deles. 

Eu seguia sem entender pelos meus próprios olhos essa ligação que Emily tanto havia descrito. E eu a vi através da perspectiva dela, Sam e Kim - todos sem permissão, mas nenhum deles precisava saber disso - e nunca tinha parado para perceber que havia algo em comum: a manifestação mais sobrenatural de amor e comprometimento que eu já tinha visto. Nada nunca listado em nenhum livro que eu tenha memória (mas definitivamente algo que valia a pena ser escrito.)

E supostamente eu fazia parte disso agora e ninguém se deu ao trabalho de me contar? Nem mesmo Jacob, o outro lado dessa relação não-relação? Que par perfeito, a que belo início eu estava condenada. Como ele poderia ser tão covarde? O que estava impedindo-o de ter uma conversa honesta comigo todo esse tempo desde que nos conhecemos? Todos os papinhos engraçados na escola pareciam uma perda de tempo na minha cabeça agora que havia uma potencial ligação para a vida em jogo e aparentemente eu não tinha escolha nisso. Nas visões de Emily e Kim as duas pareciam muito contentes, obrigada, com os seus pares, então por que eu estava tão irritada e inconformada só de me imaginar numa situação parecida?

Sem ter com quem desabafar, sem poder ligar para Catherine ou Liv para poder explicar o que estava acontecendo (e como é que eu o faria eu gostaria de saber, oi Cat e Liv, parece que tem um cara que me ama e eu deveria amá-lo de volta mas ele não chegou a conversar muito sobre isso) e pior ainda, pensando que Eric provavelmente sabia mais desse assunto do que eu e ele não teve a decência de me contar, eu decidi que não queria passar nenhum segundo desnecessário em casa no sábado seguinte. Para a surpresa do mundo inteiro, minha mãe estava em casa naquele dia, mas ela não quis me emprestar o carro. A minha insistência para que ela me deixasse dirigir até Port Angeles deve ter levantado suspeitas sobre o meu estado de ansiedade, coisa que a deixou levemente preocupada - pela primeira vez em uma eternidade. Mas ela concordou em me levar até lá e me buscar mais tarde, o que já era um grande feito de bondade. 

O caminho felizmente foi preenchido por uma conversa que passou longe dos os meus afazeres; minha mãe contou animada sobre os alunos do doutorado com quem ela e meu pai estavam trabalhando, descreveu minuciosamente as dissertações mais interessantes que havia recebido até então e comentou sobre quem ela provavelmente daria bomba na banca final. O trabalho dos dois estava aumentando exponencialmente, e por isso meu pai estava considerando alugar um apartamento perto do campus. Eu quis dar um grito e rir daquele absurdo, mas me lembrei que precisava da carona na volta. Felizmente tio Gabe era consciente da presença dos três sobrinhos e que um de nós ainda era uma criança, e por isso trabalhava a maior parte do tempo em casa para ter certeza que ainda não havíamos morrido de inanição ou que nossas notas não estavam no vermelho - não sei se poderia dizer o mesmo das de Eric num futuro próximo. 

Mas não, eu não diria isso em voz alta. Eu ainda estava em período de penitência por ter colocado a minha família inteira naquele inferno. Aliás, se os meus pais estavam passando por esse período de ausência a culpa era toda minha. Era bom que eles passassem um tempo fora da área de La Push e Forks, onde vampiras ruivas circulavam livremente caçando sabe-se lá o que. Quanto menos andassem por  sem proteção e quanto mais longe estivessem, melhor para eles.  

Port Angeles não demorou para aparecer. A cidade portuária estava encoberta por nuvens finas, mas estranhamente havia uma porção de céu azul bem claro brilhando na vaga que minha mãe encontrou na avenida em frente ao píer movimentado. Eu senti a expectativa de algo diferente no ar e tentei não deixar a minha ansiedade e irritabilidade por causa de Jacob (e Eric, mas essa era uma constante ultimamente) à flor da pele falar alto demais. Talvez fosse só a vontade por vitamina D.

Wolf Like MeOnde histórias criam vida. Descubra agora