Wolf Like Me

Modus Operandi

Aquilo era a definição perfeita da expressão "reuniões que poderiam ser um e-mail".

E se eu pudesse escolher outra explicação para como eu estava me sentindo eu diria que "desconfortável", com certeza. De repente senti saudades de casa, aquele lugar horroroso e que certamente tinha mofo em algum canto só esperando a oportunidade certa para infestar o imóvel inteiro. Assim que eu voltasse eu queimaria uma sálvia ou qualquer coisa que eu tivesse para limpar o ambiente e prepará-lo para as visitas e novas energias, porque tão cedo eu não sairia de lá novamente.

Voltar àquela casa me trouxe a sensação de que eu estava fazendo algo de muito errado, para variar, mas eu pensei que nessa altura da situação eu já teria me acostumado com isso. O fato de que eu estava longe de onde minha mãe havia me deixado e pronta para ignorar qualquer ligação que ela fizesse para mim também não ajudavam a melhorar o meu caráter ultimamente. Eu estava cada vez mais inclinada a mentir para sobreviver, e tinha que torcer para que, no final das contas, quem eu quisesse proteger acreditasse nas minhas boas intenções.

Todos os vampiros daquela família estavam presentes dessa vez, e uma convidada extra havia chegado. Eu já havia visto Bella através de algumas memórias de Jacob, mas tudo era tão confuso e rápido que parecia que ela pertencia a uma vida anterior que ele não se lembrava muito bem. O rosto dela era familiar, em formato de coração e tão pálido como se ela fosse mesmo uma vampira. O cabelo comprido e escuro não ajudava a dar uma cor viva e saudável a sua face, mas ela ainda assim era muito bonita de um jeito clássico. Ela não parecia surpresa de me ver ali (duvido muito que outros humanos além dela frequentassem aquela casa, apesar de que tecnicamente eu não contava como humana), então imaginei que o namorado vampiro a tivesse colocado a par de tudo. A única que não estava sabendo de nada era eu, é claro.

Não demorei tempo demais observando Bella porque me lembrei que o sujeito ao lado dela era telepata e que ficar analisando a cara de uma pessoa baseando-se nos flashes de terceiros que você obteve de forma indireta e sobrenatural era algo um pouco invasivo. 

Bom, ele fica lendo a mente de todo mundo sem permissão..., pensei e quase dei ombros instintivamente. 

- Blair, você provavelmente tem visto notícias sobre a situação em Seattle...  - uma voz masculina serena interrompeu os meus pensamentos e eu voltei a minha atenção para o que realmente importava.

Eu fazia uma vaga ideia do que Carlisle, o vampiro mais velho, estava falando apenas por ouvir tio Gabe e meu pai comentarem algo em algum jornal na TV, mas fingi concordar e apenas assenti em silêncio. Talvez eu não devesse ter feito isso.

- E é por isso que decidimos te consultar. - ele continuou. - Queremos saber se você tem algum insight a respeito do que está acontecendo ou sobre quem pode estar envolvido nos assassinatos.

- Quando você diz "quem" quer dizer... - perguntei sem saber exatamente o que ele estava sugerindo.

- Os vampiros que estão atrás de você - respondeu Edward, o telepata, do outro lado da sala. - Os três irmãos, Leon, Thalia e Finn. 

Meu coração pulou uma batida com o susto. Eu não me lembrava de ter mencionado os nomes deles em voz alta. Até onde eu sabia a existência dos "outros" vampiros era desconhecida para aquela família até pouco tempo atrás, então como era possível que de repente eles sabiam de um detalhe que eu não havia revelado?

- Como você ...? - encarei Edward descrente, mas a resposta era óbvia. Ele obteve aquela informação lendo algum pensamento distante ou memória que eu tive na minha breve visita anterior. - O que mais vocês sabem?

Alguns deles se entreolharam, não todos - a vampira loira não parecia muito interessada, apesar de estar presente em corpo. Provavelmente o telepata havia dado uma boa vasculhada na minha cabeça naquela última vez enquanto eu me lembrava rapidamente do motivo de eu estar ali pedindo ajuda.