Duas verdades e dez mentiras

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- Blair, você não pode dormir!

Senti que alguém dava um tapa no meu rosto e eu arregalei os olhos com o susto. Vi várias cabeças flutuando em volta de mim, mas eu não estava consciente o suficiente para identificar qual voz pertencia a qual rosto. O meu corpo me mandava fechar os meus olhos e eu teria que obedecê-lo.

- Ela machucou a cabeça, isso pode ser uma concussão - a mesma voz feminina anunciou com preocupação e agora eu sabia que não estava falando comigo. Senti mais uma mão firme na minha face tentando me acordar. - Blair, você 'tá me ouvindo? Você tem que ficar acordada!

'Tá bom!, pensei sozinha. Me forcei a abrir os olhos. Eu estava no meio de um círculo quase claustrofóbico considerando o enorme número de pessoas que estavam ali impedindo a passagem de ar. Eu sabia que todos eles eram meus amigos, mas não consegui atribuir um nome a ninguém... Talvez a Eric, ele com certeza eu reconheceria de longe.

Aquele gosto horrível voltara. Eu estava engolindo a saliva grossa há vários minutos e eu sentia que estava com refluxo, mas não parecia que iria vomitar. Não me lembrava de ter nada no estômago que pudesse voltar ou que sequer causasse aquela reação. Era estranho.

- Eu não acho que estou passando bem - avisei, me curvando sobre as minhas pernas.

Aquelas várias pessoas abriram espaço quando eu afastei os meus joelhos. E eu estava enganada; minha boca se encheu de um líquido que eu não sabia de onde estava vindo e o sabor de ferro e sal ficou insuportável. Meu estômago se contraiu e eu acabei vomitando sangue e saliva no chão bem à minha frente, e talvez por pouco tivesse errado as pernas de alguém. A minha garganta ardia por seguir preenchida por aquela coisa espessa e quente, e eu estava longe de me sentir aliviada.

- Precisamos levá-la a um hospital - disse um deles, o que estava mais próximo de mim.

- E como é que isso vai ajudar? - gritou mais um. - Como vamos explicar o que aconteceu?

- E se isso for uma reação de alguma coisa mágica? - indagou uma voz masculina que parecia ser um pouco mais velha.

- Isso não é normal - disse Eric, agora segurando os meus cabelos enquanto eu forçava para vomitar sangue novamente. - Ela bateu a cabeça, Sam.

Cuspi mais sangue. Tentei levantar o meu tronco e encarei os rostos que me olhavam apreensivos, outros em pânico.

- Sam, Carlisle está no hospital - disse uma garota familiar e amedrontada atrás de mim.

- Você sabe que Forks está fora dos nossos limi...

- Eu tenho certeza que essa é uma situação em que o tratado pode ser relevado! - ela o interrompeu com bastante urgência na voz. Eu agradeci mentalmente.

Um silêncio tomou conta do nosso enorme grupo enquanto eu ainda era consumida em dor e repulsa por mim mesma. Eu estava sentada com os meus ombros retos, mas no segundo seguinte a vontade de fechar os olhos voltou e eu tive que ceder, por mais que a minha consciência estivesse ativa.

- SAM!!  - três vozes gritaram ao meu lado, uma delas era a mulher que estava me batendo no rosto. Só quando ela se manifestou novamente que houve uma mudança real na movimentação à minha volta.

Alguém disse que era melhor não me carregar, então eu fui andando - como? Com a pouca força que me restava e que só serviu para que eu quisesse cuspir mais sangue no chão enquanto me empurravam para o banco de trás de um carro desconhecido. As janelas estavam quebradas e haviam estilhaços nos assentos, mas ninguém deu um pio sobre esse mero detalhe. Percebi que eu estava deitada no banco com a cabeça apoiada no colo de Eric e as pernas seguradas por outra pessoa. Era como se eu mesma tivesse febre, e pensei que mais aquela preocupação médica era realmente uma grande inconveniência.

Wolf Like MeOnde histórias criam vida. Descubra agora